Há uma plataforma de “crowdsaving” para a preservação dos oceanos e é portuguesa
A SeaTheFuture, spin-off do Oceanário de Lisboa, procura projetos e desafia interessados de qualquer parte do mundo a candidatarem-se diretamente na plataforma de “crowdsaving”. O objetivo é acelerar a conservação dos oceanos.
Uma plataforma que permite às pessoas apoiar projetos de conservação dos oceanos em todo o mundo. É este o objetivo da SeaTheFuture, que se apresenta como a primeira solução global de “crowdsaving” para a preservação dos oceanos e que quer criar um movimento à escala mundial.
Como spin-off do Oceanário de Lisboa, a “SeaTheFuture surge da consciência de que é tempo de agir e com o propósito de impulsionar ações concretas por parte da sociedade civil capazes de reverter a tendência atual e contribuir para um oceano mais saudável, desafiando o paradigma tradicional da conservação ambiental”, explica em comunicado.
Ao agregar e ligar iniciativas de todo o mundo à sociedade civil, entidades e empresas, a plataforma, lançada oficialmente ontem, mobiliza todos os interessados para a viabilização financeira de cada projeto, “com transparência, rastreabilidade e eficácia na gestão dos montantes angariados”.
Segundo a SeaThe Future, a aceleração das alterações climáticas de forma galopante está a comprometer a sustentabilidade do Planeta e da vida tal como a conhecemos. O oceano, como maior sequestrador de carbono da atmosfera, é o nosso maior aliado nesta batalha. Apesar de ser o maior ecossistema do mundo, acolhendo, segundo a UNESCO Ocean Literacy, 94% das espécies existentes no Planeta, o desconhecimento sobre o oceano prejudica a preservação da sua biodiversidade, alvo contínuo de inúmeras ameaças maioritariamente de origem humana”.
“A ambição deste projeto é ser o maior movimento e fonte de financiamento de conservação do oceano de particulares e iniciativa privada, ligando dois extremos até agora desconectados: os entusiastas do oceano, e aqueles que no terreno tudo fazem pelas espécies e ecossistemas ameaçados, muitas vezes sob condições extremas e enfrentando enormes desafios, incluindo financeiros. Ao alavancar a tecnologia, a colaboração, a transparência e a partilha de conhecimento, acreditamos que este movimento pode inspirar ações em cadeia, fomentar a inovação e impulsionar resultados tangíveis na conservação do Oceano”, explica Assunção Loureiro, managing director da SeaTheFuture.
A start-up revela ainda que quer capacitar indivíduos, organizações e empresas para apoiarem campanhas e iniciativas específicas, através de doações ou da aquisição de produtos sustentáveis. A plataforma irá promover o rastreio de todos os fundos angariados até ao seu destino final, garantindo, assim, a sua canalização para o propósito inicial.
A integração de projetos na plataforma é feita depois de um processo de curadoria com base numa seleção certificada. A conceção do processo contou com a participação de um membro da Comissão para a Sobrevivência das Espécies (SSC), da União Internacional para a Conservação da Natureza, e é composto por oito critérios, tais como capacitação das comunidades locais, melhoria das políticas, a eficiência operacional.
O seu modelo de negócio tem por base duas formas de angariação de fundos: os donativos diretos, em que 85% do montante é diretamente transferido para o projeto de conservação escolhido, e o vestuário ecológico que cumpre uma rigorosa avaliação do seu ciclo de vida, através de critérios que incluem a certificação, escala reduzida, comércio justo, entre outros. Cerca de 10% do PVP dos produtos sustentáveis é enviado diretamente para os projetos de conservação escolhidos por quem compra o produto.
“Acreditamos que este modelo único funciona e que a conservação pode gerar recursos e autossustentar-se, em vez de apenas os consumir, como se de uma economia linear se tratasse. Como proposta global que somos, após Portugal, a aposta será em mercados europeus onde há maior predisposição e maturidade em matéria de sustentabilidade, onde há comportamentos de consumo mais responsáveis, uma cultura de filantropia mais transversal e também maior disponibilidade para agir. O nosso objetivo é atingirmos o “break-even” antes de chegarmos aos 4 anos de operação”, reforça Assunção Loureiro.
A fase piloto já permitiu a integração de oito projetos espalhados por África, Ásia e América. Um dos três primeiros projetos a integrar a SeaTheFuture foi o Programa Tatô, em S. Tomé e Príncipe.
A SeaTheFuture está agora a procurar projetos e desafia todos os interessados de qualquer parte do mundo a juntarem-se, submetendo a sua candidatura espontânea na plataforma.