Há um guia para promover a vigilância da saúde mental dos trabalhadores
Os problemas de saúde mental nos trabalhadores estão muitas vezes camuflados e acabam por passar despercebidos nas consultas de medicina ocupacional. Para ajudar médicos e enfermeiros a detetar e a prevenir os seus riscos, a Direção-Geral da Saúde lançou um guia que contou com o contributo de várias entidades.
A Direção-Geral da Saúde (DGS), através do Programa Nacional de Saúde Ocupacional, lançou um guia técnico sobre a “vigilância da saúde dos trabalhadores expostos a fatores de risco psicossocial no local de trabalho”. O objetivo deste documento é melhorar a intervenção preventiva nesses fatores em contexto laboral.
“Este guia, de características inovadoras, pretende identificar e promover boas práticas, não só ao nível da prevenção, mas também na promoção da saúde dos trabalhadores. Desta forma, são identificados os principais fatores de risco e os instrumentos a contemplar na avaliação de risco, as metodologias de avaliação e identificação de situações prioritárias e de emergência, bem como os processos de referenciação no caso de trabalhadores com potenciais perturbações mentais moderadas ou graves”, detalha a DGS, em comunicado.
O documento — no qual são ainda estabelecidas medidas de prevenção — integra questionários validados para a população portuguesa, a serem utilizados pelos Serviços de Saúde do Trabalho/Saúde Ocupacional (SST/SO), que permitem fazer a avaliação desses fatores de risco. “Pretende-se que seja um referencial de orientação à sua atuação, no âmbito dos riscos psicossociais”, continua.
Situações de stress, de depressão, de ansiedade ou de burnout são identificadas como “comuns” nos trabalhadores, em grande parte devido à pressão para responder às exigências do trabalho moderno e à atual situação pandémica. “O ambiente de trabalho pode ser agravado pela definição de objetivos pouco realistas, pela urgência em alcançar resultados, pelas longas horas de trabalho, e ainda por contratos precários”, explica a DGS.
São ainda identificadas outras situações, tais como conflitos laborais, assédio, violência física e mobbing. Estes problemas poderão refletir-se na perda de capital humano, aumento do absentismo e presentismo laboral e baixos níveis de desempenho ou motivação dos trabalhadores.
Para a elaboração deste documento, foi constituído um grupo de trabalho técnico-científico que integrou peritos de diversas áreas e entidades. O guia, na versão síntese e na versão completa, está publicado no site da DGS.