Finlândia: o ecossistema com 10% das saídas mundiais de start-ups

A Finlândia é um país nórdico com perto de 5,5 milhões de habitantes, o que equivale a quase metade da população portuguesa. No entanto, 10% das saídas de start-ups a nível mundial são feitas neste país do norte da Europa.

A falta de recursos naturais levou a Finlândia a adotar uma abordagem tecnológica. A Nokia, uma das mais prestigiadas e duradouras multinacionais da área da tecnologia e telecomunicações, é um bom exemplo desta abordagem.

Em 2016, a Finlândia contou com um produto interno bruto (PIB) de 202 mil milhões de euros e as receitas da Nokia, nesse mesmo ano, foram de 22,3 mil milhões. Isto significa que a Nokia, por si só, contribuiu para mais de 11% do PIB do país nórdico. Mas a empresa que criou o lendário telemóvel 3310 não é a única do setor tecnológico a contribuir desta maneira para o PIB. Nos últimos cinco anos, a Finlândia teve pelo menos uma start-up a tornar-se unicórnio (start-ups que superam a avaliação de mil milhões de dólares ou 853 milhões de euros).

Markus Suomi, antigo vice-presidente da Nokia e atual CEO da Finpro, disse em entrevista que as “start-ups finlandesas costumam ser compradas antes de se alistarem”. Contando com mais de 500 start-ups só na capital do país, a Finlândia tornou-se a capital da indústria dos videojogos para as start-ups, tendo gerado, só em 2015, mais de dois mil milhões de euros em receitas. Dois exemplos do sucesso da indústria são a Supercell e Seriously.

Para além do “gaming” e das telecomunicações, a Finlândia está a apostar fortemente, entre outras, nas indústrias de fintech, serviços de entrega de comida, nas tecnologias de informação e comunicação, educação e e-commerce.

Contribuindo em grande escala para o PIB nacional, seria de esperar que o governo finlandês fosse rígido e controlador no que diz respeito às metodologias e rumos que as start-ups e empresas tomam. Felizmente para os trabalhadores isto não acontece. O governo apoia, mas não sufoca as start-ups, mostrando confiança às aceleradoras, incubadoras e aos mentores para fazerem este trabalho.

A importância da Educação

Apesar da taxa de fertilidade estar em queda no país nórdico, as crianças finlandesas são, a nível mundial, das que mais usufruem de um sistema de educação inovador. Parte da receita para o sucesso das empresas do país nórdico começa na escola. Antes de começarem a aprender a ler, as crianças começam por aprender a brincar, a serem crianças e a sararem feridas emocionais.

Já em Portugal é comum haver a competição entre escolas – as listagens das 100 melhores escolas nacionais é algo que pode ser visto anualmente. Na Finlândia, a abordagem é diferente: em vez de competição há cooperação entre as instituições de ensino. O facto de todas as escolas serem públicas e financiadas por dinheiro do Estado pode ser uma das razões para esta abordagem.

Os funcionários mais importantes do sistema de educação da Finlândia são os professores. Esta é uma das profissões mais respeitadas no país, visto que há uma grande aposta na formação das crianças, acreditando que a mesma serve de base para um desenvolvimento contínuo enquanto adultos.

A predisposição para inovar e ouvir os estudos feitos ao setor e não haver medo de experimentar o que estes indicam também fazem parte dos “standards” do ensino finlandês.

A Finlândia é um país modelo no que diz respeito ao ensino e à abordagem tecnológica. Portugal, que tem praticamente o dobro dos habitantes do país do norte da Europa, conta com um PIB de 174,5 mil milhões, inferior em mais de 25 mil milhões ao finlandês. O segredo para a receita de sucesso pode muito bem estar no inovador sistema de educação finlandês.

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