Opinião

Explosão de Inteligência – Parte 3/3. A “destruição” da humanidade!

Henrique Jorge, fundador e CEO da ETER9

No mundo actual, em que a Inteligência Artificial (IA) está a evoluir a um ritmo exponencial, é natural que surjam preocupações e interrogações sobre o futuro da humanidade.

No entanto, é importante abordar essas questões de forma ponderada e evitar um discurso apocalíptico ou de tragédia iminente. Em vez disso, podemos explorar as possibilidades intrigantes e desafiadoras que surgem com a “explosão silenciosa” da inteligência.

Para começar, é importante reconhecer que a coexistência entre máquinas e humanos já está a acontecer há algum tempo. A IA tem sido utilizada em diversos campos e aplicações, desde sistemas de recomendação até assistentes pessoais, demonstrando a sua capacidade de melhorar e facilitar as nossas vidas. Portanto, não há razão para temer a interacção entre humanos e máquinas (por enquanto!).

O medo pode ser comparado à insegurança de alguém que se sente inferiorizado pelo conhecimento superior de um colega de trabalho. Devemos encarar essa evolução com curiosidade e disposição para aprender. No entanto, à medida que a tecnologia avança, é necessário repensar a infraestrutura existente para lidar com a revolução ocasionada pela IA.

Os Centros de Dados (Data Centers) responsáveis pelo processamento e armazenamento de grandes quantidades de informação, precisam transformar-se, reinventar-se, para acompanhar essa nova era tecnológica. É essencial que todas as áreas de negócio estejam envolvidas nesta corrida pela democratização da inteligência, garantindo assim uma sociedade mais inclusiva e diversificada.

A proposta da OpenAI de criar um órgão internacional dedicado à regulamentação das Inteligências Artificiais surge como uma medida sensata e necessária (assim esperamos, para bem da humanidade). A previsão de que sistemas de IA podem ultrapassar a habilidade de especialistas em diversos domínios nos próximos dez anos levanta a questão da governança dessas tecnologias.

Uma Superinteligência é considerada a tecnologia mais poderosa já desenvolvida pela humanidade, e é importante estudar e definir directrizes éticas e responsáveis para o seu uso.

Portanto, a criação desse órgão internacional visa lidar com os desafios éticos e garantir que as IAs sejam utilizadas de forma responsável, com o objectivo de beneficiar toda a sociedade. Essa proposta é uma resposta pró-activa e consciente aos avanços tecnológicos, assegurando que os seres humanos continuem a ter controlo sobre a IA e assim evitar riscos desnecessários.

É também válido destacar que a ascensão da Inteligência Artificial é um fenómeno (muito) significativo, não só da era digital, mas particularmente da humanidade. A rápida evolução, que antes parecia adormecida, agora impacta o mundo de forma impressionante. A aceitação generalizada destas tecnologias demonstra a compreensão crescente dos seus benefícios, ainda que haja alguma resistência natural face ao desconhecido.

As chamadas “explosões por simpatia” (terei inventado este termo para esta era tecnológica tão desafiante?), que surgem como efeitos secundários desses avanços, ampliam ainda mais a energia e a velocidade dessa transformação. No entanto, é crucial assegurar que esse crescimento acelerado seja acompanhado por medidas de segurança, regulamentação e ética adequadas.

À medida que a IA continua a evoluir, é importante estabelecer salvaguardas para garantir que o seu desenvolvimento e implementação ocorram de forma responsável. Isso inclui a criação de políticas e regulamentações que promovam a transparência, a privacidade e a segurança dos dados. Também é fundamental considerar os impactos sociais e éticos da IA, garantindo que ela seja utilizada para promover o bem comum e evitar danos ou discriminação injusta.

Com o crescente nível de autonomia da IA e a sua capacidade de tomar decisões independentes, é necessário desenvolver mecanismos de supervisão e controlo para garantir que as acções das máquinas estejam alinhadas com os valores humanos e os objectivos desejados. Isso requer estabelecer normas e mecanismos de responsabilização para os sistemas de IA, bem como a implementação de estruturas de governança que permitam a revisão e a correcção de comportamentos indesejados.

Também é fundamental promover a educação e a consciencialização sobre a IA, tanto para os profissionais que a desenvolvem, como para o público em geral. Isso inclui a formação de especialistas em ética da IA e a promoção de discussões amplas e inclusivas sobre os impactos da IA na sociedade.

Em suma, é crucial que o crescimento acelerado da IA seja acompanhado por medidas de segurança, regulamentação, ética, responsabilidade e consciencialização. Assim, quero acreditar que a IA seja uma força positiva e benéfica para a humanidade, evitando riscos e maximizando o seu potencial para melhorar as nossas vidas.

Enquanto contemplamos a intersecção iminente entre a Inteligência Artificial e a humanidade, somos desafiados a reflectir sobre o equilíbrio delicado entre o progresso tecnológico e a preservação da essência humana.

Será que estamos a moldar o futuro ou a ser moldados por ele? A resposta, talvez, esteja na nossa capacidade de explorar as fronteiras do conhecimento e abraçar a sabedoria que transcende os algoritmos.

Nota: Este artigo não obedece, propositadamente, ao Novo Acordo Ortográfico.


Empreendedor, Programador e Analista de Sistemas, Henrique Jorge é o fundador e CEO da ETER9 Corporation, uma rede social que conta com a Inteligência Artificial como elemento central, e que atualmente está em fase BETA.

Desde sempre ligado ao mundo da tecnologia, esteve presente no início da revolução da Internet e ficou conhecido pela introdução da Internet e das tecnologias que lhe estão associadas em Portugal, sendo um dos pioneiros nessa área.

Passando por vários episódios de desconstrução e exploração das linguagens dos computadores, chegou à criação da rede social ETER9, um projeto que tem conhecido projeção internacional, e que ambiciona ser muito mais que uma simples rede social. Através de Inteligência Artificial (IA) pretende construir a ponte entre o digital e o orgânico, permitindo a todos deixar um legado digital ativo no ciberespaço, inclusive pela eternidade. Fora do espaço virtual, é casado, pai de duas filhas, e “devora” livros.

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