Executivos devem estar atentos a 4 cenários geopolíticos nos próximos anos
Na próxima década, há quatro cenários geopolíticos que a BCG prevê que poderão marcar a atividade dos líderes empresariais.
De acordo com o estudo “Geopolitical Risk Is Rising. Here’s How CEOs Can Prepare”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG), os líderes empresariais devem reforçar a monitorização do contexto geopolítico e incorporar potenciais desenvolvimentos na tomada de decisão podendo guiar-se através de vários cenários geopolíticos que a BCG prevê que poderão marcar a próxima década e afetar a economia global.
“As atuais tensões geopolíticas globais têm impactos sociais, e também económicos, afetando as empresas, o comércio e as cadeias de abastecimento, sendo importante acompanhar os desenvolvimentos dos conflitos em curso e aqueles que poderão vir a ser desencadeados”, afirma Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa. “Os líderes empresariais devem procurar preparar-se o máximo possível para diferentes cenários plausíveis, desenvolvendo planos de contingência, de mobilização rápida de recursos e gestão de riscos”, conclui.
Assim, para ajudar as empresas a lidar com potenciais desafios, a BCG desenvolveu quatro cenários possíveis para explorar a situação geopolítica global na década de 2030, com base num conjunto de sete variáveis – relações geopolíticas, a força das instituições, o comércio e as cadeias de abastecimento, a estabilidade financeira, os recursos e a sustentabilidade, a tecnologia e a produtividade e o ambiente político.
Estes cenários procuram ser quadros informativos para avaliar a direção das dinâmicas globais a médio prazo e ajudar os líderes empresariais, e respetivas equipas, a ganharem um sentido de orientação num mundo cada vez mais imprevisível, refere a BCG.
- “Regresso ao futuro”. Neste primeiro cenário, que é também o menos provável considerando o contexto atual, o comércio livre atinge novos patamares à medida que a cooperação internacional cresce, que os conflitos militares diminuem e que as restrições, como as taxas aduaneiras, baixam. O Sul global beneficia – com as nações africanas a aumentarem a sua quota nas rotas comerciais globais -, e as pressões sobre os preços regressam a níveis pré-pandémicos, enquanto as cadeias de abastecimento funcionam sem problemas, dando às empresas maior latitude para procurarem opções de produção mais baratas.
- Proliferação de conflitos regionais. Este cenário preditivo caracteriza-se pela disseminação de conflitos militares regionais específicos com um envolvimento limitado das grandes potências. As instituições mundiais lutam pela sua relevância neste contexto, as cadeias de abastecimento são afetadas pela instabilidade geopolítica em curso e há um risco acrescido de volatilidade dos preços dos bens de consumo.
- Rivalidade multipolar. Nesta conjuntura, que é a mais plausível tendo em conta o contexto atual, vários blocos e grupos de países coexistem numa dinâmica global reequilibrada em que as grandes potências evitam conflitos diretos, as normas diferem entre blocos, e as rotas comerciais se adaptam a novas estruturas políticas e económicas. A inflação é ligeiramente superior aos níveis pré-pandémicos, uma vez que a maior fragmentação introduz mais divergência no comércio mundial.
- Escalada global. Este quadro é marcado por confrontos económicos e militares em vários locais, com um envolvimento profundo das grandes potências mundiais. As instituições globais ficam paralisadas, o risco de ataques cibernéticos e de armamento assistido por Inteligência Artificial (IA) é substancial e as perturbações na economia são significativas. A inflação é muito mais elevada face aos níveis pré-pandémicos, uma vez que as barreiras comerciais e os conflitos perturbam as cadeias de abastecimento e os mercados energéticos, aumentando drasticamente os custos.
A BCG alerta ainda para a necessidade de as organizações reforçarem a preparação para futuras perturbações e faz algumas recomendações. A saber:
Em primeiro lugar, precisam de se adaptar à conjetura geopolítica, monitorizando alterações em curso que possam influenciar o seu setor e, a partir da análise de dados, desenvolver um conjunto de indicadores que sirvam como sistema de alerta precoce de alterações críticas para o negócio, adotando uma atitude proativa.
Segundo, devem planear respostas através da elaboração de planos detalhados sobre como reagir face aos riscos, bem como criar equipas especializadas em geopolítica para gerir estes planos, ou complementar os seus conhecimentos com especialistas externos especializados em temas ou regiões específicos, garantindo uma maior eficácia de resposta. As perceções e a experiência de uma equipa dedicada à geopolítica provavelmente determinarão a eficácia desses planos.
É também necessário que as organizações se mantenham alerta, analisando e atualizando possíveis cenários e os indicadores, mesmo que as alterações sejam residuais, de modo a garantir que as ferramentas desenvolvidas se mantêm adequadas à estratégia empresarial.
Finalmente, é fundamental que as organizações desenvolvam estruturas sólidas para agir prontamente e garantir que a informação flui rapidamente pela hierarquia da instituição, de modo a agilizar a resposta perante diferentes situações de risco.