Opinião
Estudante-Empreendedor: papel das mini-incubadoras no ensino profissional
O empreendedorismo não tem idade. A sua estimulação, deve iniciar-se desde a nossa tenra idade, com ferramentas como o “design thinking” promovendo a criação de ideias inovadoras, a criatividade ou a resolução de um problema. As escolas nórdicas já o fazem desde algum tempo.
Este artigo foca-se essencialmente, no papel do ensino secundário e profissional na estimulação do empreendedorismo e na criação de pequenos negócios, durante o período desta aprendizagem escolar.
A criação de mini-incubadoras em escolas de ensino secundário e profissional é uma poderosa ferramenta de dinamização de territórios de baixa densidade como o interior, estimulando desde cedo a criação de ideias que resolvem problemas quotidianos em mercados locais, com potencial de globalização.
Como efeito colateral incrível, teremos a retenção de alunos nessas cidades (os futuros empreendedores/empresários da região), a constituição das suas famílias localmente e inclusivamente, a contribuição dessas instituições para a inclusão social. Muitos dos seus alunos são provenientes de famílias com menos recursos e, por isso, com poucas ou escassas possibilidade sequer de pensar em criar o seu negócio. Estas dinâmicas dentro destas instituições, podem claramente criar estas oportunidades para todos: diversidade, inclusão e igualdade.
Estas instituições podem ter assim um papel fulcral na dinâmica local e enriquecimento da região, criando comunidades de start-ups e ecossistemas dinâmicos propulsores de inclusão, diversidade, igualdade, assim como coesão territorial, com impacto direto nas economias locais, criação de emprego e retenção da população na região.
A estratégia destas instituições de que o seu papel é apenas “produzir” potenciais recursos humanos para as necessidades das empresas locais, tem de mudar para um paradigma muito maior do que esse. Muitos desses alunos nem sequer são da região, pelo que, assim que terminam o seu curso, vão embora, pois nada os fará fixar-se aqui e por isso a escassez de recursos vai manter-se.
É preciso claramente, uma visão de futuro, com instrumentos e iniciativas, que promovam a fixação local destes estudantes-empreendedores e estimulem a sua criatividade e inovação no território.
A criação destas mini-incubadores requer massa crítica, altamente colaborativa e cooperativa, dentro e fora da instituição, ou seja, é preciso professores/instituição, comunidade local, investidores, empreendedores e empresários locais, unirem-se para que todos possam dar o seu contributo e estimular estes jovens a lançar uma ideia e transformá-la numa oportunidade de negócio e fazer evoluir.
Estas dinâmicas cooperativas e colaborativas enriquecem a inteligência coletiva da região, tornando-a “musculada” e aos “olhos” do exterior passam a ser um local a considerar para empreender. O efeito é de contágio positivo e acelerador de outras dinâmicas complementares.
O ótimo de lançar um negócio enquanto são estudantes é que há um grupo de foco integrado com os seus pares, ou seja, um mercado pronto – e toda aquela comunidade de apoio à incubadora pode ajudar a guiar o estudante-empreendedor ao longo do caminho.
A região onde atualmente decidi fixar-me e empreender, na Serra da Estrela, tem incrivelmente estas condições. Possui duas escolas profissionais, com muitos anos de experiência e um coletivo de professores excelentes e ainda uma escola superior de turismo. Tem uma comunidade de empresários e empreendedores com experiência, podendo fomentar esta dinâmica localmente.
A estimulação e “criação” de estudantes-empreendedores, dando-lhes dentro da instituição todo o apoio necessário, através de um mini-incubadora, não só da aprendizagem inerente, mas sobretudo a ligação genuína e de compromisso a vários stakeholders da região, são fundamentais para o sucesso destas iniciativas. A região ganha como um todo.
*E Ambassador na Fábric@ Empreendedorismo Município de Seia