Está sempre atrasado? Então estas dicas são para si.

É daquelas pessoas que, por mais que se esforce, nunca consegue chegar a horas a lado nenhum e está sempre atrasado? Fique a saber que este comportamento não é sinónimo de má educação.

Chegar sempre atrasado a uma reunião ou nunca entregar os trabalhos no prazo estabelecido pode ter raízes mais profundas do que um mero desleixo. Quem o diz é Laura Clarke num artigo publicado na BBC e onde ela própria assume ser uma pessoa atrasada, mas em fase de recuperação.

A verdade é que ter de esperar por alguém muito atrasado pode tirar qualquer um do sério, contudo apesar do que possamos pensar enquanto esperamos, é pouco provável que a pessoa por quem esperamos seja apenas egoísta. Um olhar mais detalhado sobre a “psicologia do atraso” revela que pode haver alguma coisa a funcionar de forma diferente na mente de alguém que está constantemente “fora de hora”.

Pessoas atrasadas não são grosseiras nem preguiçosas
“É fácil julgá-las como desorganizadas, caóticas, mal-criadas ou sem consideração pelos outros,” diz Harriet Mellotte, uma terapeuta cognitivo-comportamental e psicóloga clínica em Londres. “Fora da minha prática clínica, fico mesmo irritada quando alguém se atrasa!” Mas, em muitos destes casos as pessoas são um bocadinho organizadas. Aqueles para quem a pontualidade é um desafio estão, muitas vezes, totalmente conscientes e envergonhados com os seus atrasos e das consequências para as suas relações, para a sua reputação, carreira e até finanças.
“Embora haja quem retire algum proveito por se atrasar, o verdadeiro ‘atrasado crónico’ não gosta dessa sua característica,” escreve a autora Diana DeLonzor no livro “Never be late again”.

Desculpas e mais desculpas
Algumas desculpas para atrasos são universalmente aceites enquanto outras são mais difíceis de aceitar. Mas, na verdade, estar sempre atrasado pode mesmo não ser culpa sua, mas sim uma característica particular. Aqueles que chegam sistematicamente atrasados, normalmente partilham algumas características de personalidade como otimismo, níveis baixos de auto-controlo, ansiedade ou uma tendência para sentir emoções fortes, segundo alguns especialistas. As diferentes personalidades também podem determinar a forma como cada um perceciona a passagem do tempo, que não é igual para todos.

Você é o seu maior inimigo
As pessoas que se atrasam têm uma “propensão bizarra para se derrotarem a si mesmas,” escreveu Tim Urban, orador de uma TED Talk e, também ele, propenso a atrasos. Embora existam outras razões para os atrasos, a maioria é, realmente, provocada pelo próprio. Por exemplo, há uma certa antecipação do atraso ou até mesmo, demasiada atenção prestada aos detalhes.

“Para alguns também pode ser consequência de uma saúde mental ameaçada por grande stress ou outras condições neurológicas,” explica Harriet Mellotte, a terapeuta cognitivo-comportamental e psicóloga clínica. Por exemplo, “as pessoas com diagnósticos de ansiedade tendem a evitar algumas situações. Ou indivíduos com baixa auto-estima tendem a ser muito auto-críticos o que os leva a verificar várias vezes a qualidade do seu trabalho e, consequentemente, falharem o prazo”. A própria depressão traz muitas vezes níveis altos de cansaço, dificultando a motivação para a pessoa se mexer.

Mudar o cérebro
A autora do livro “Never be late again”, Diana DeLonzor, começou o seu caminho de conquista da pontualidade por identificar e adaptar aquilo que parecia ser o detalhe que a levava sempre a atrasar-se. Isto só aconteceu depois de falhar vezes sem conta na sua determinação em tornar-se pontual. Então percebeu que era aquela sensação de ter pressa que a entusiasmava. Mudar aquilo que lhe dava entusiasmo foi a solução para começar a melhorar. “Enquanto me esforçava por ser mais pontual, percebi também a importância de me tornar uma pessoa mais confiável e isto também me ajudou a fazer desta tentativa de mudança de comportamento, uma prioridade”, explicou.

Para aqueles que são deixados à espera, também há esperança. Podem definir os seus limites. “Em vez de ficar zangado, pode estabelecer limites”, diz Delonzor.  “Esclareça que atitude tomará da próxima vez que alguém se atrasar.” Por exemplo, diga ao colega que nunca entrega a sua parte do projeto a horas que, da próxima vez, será excluído.

Como diz o ditado: “os velhos hábitos custam a morrer”. Mas da próxima vez que deixar alguém à espera, olhe para a sua mente e tente mudar a tendência. Mesmo que sejam apenas alguns minutos de cada vez.

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