Especial coworking: um mundo de oportunidades e um conceito que veio para ficar

Os escritórios tradicionais convivem há alguns anos, lado a lado, com um novo modelo de espaço de trabalho: o cowork. As vantagens que oferece são inúmeras e a procura tem impulsionado a expansão acelerada do setor. A tendência de mercado deixa antever um futuro em que o coworking será um player fundamental.
A transformação a que temos assistido no mundo do trabalho nos últimos anos, com os modelos híbridos (trabalho no escritório e trabalho remoto) a ganharam terreno no mercado empresarial, tem dinamizado um setor de atividade que hoje já faz parte do dia a dia, o cowork. A designação começou a ser usada no final dos anos 90, mas nos últimos anos ganhou força e tornou-se uma tendência de mercado que se espalhou pelo mundo, acompanhando as novas dinâmicas de trabalho, bem como as necessidades dos profissionais modernos, que cada vez mais procuram flexibilidade laboral e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Mas afinal em que consiste esta palavra que definitivamente já faz parte do vocabulário empresarial? Designa locais em que os trabalhadores, sejam freelancers, empreendedores ou colaboradores de empresas, partilham um “escritório”, num conceito mais alargado. Ou seja, um espaço físico onde trabalham, lado a lado, com outros profissionais partilhando os recursos e as infraestruturas que o referido cowork disponibiliza.
E aqui os formatos fornecidos pelas empresas são muito diversificados já que podem ir desde a utilização, por horas ou dias, de salas de reuniões, a um espaço de escritório, entre muitos outros pacotes, com todos os serviços agregados, como é o caso da internet e dos próprios equipamentos, por exemplo, ou ainda da partilha de espaços comuns como auditórios, receção ou refeitórios. Quando se fala neste “novo” conceito de espaço de trabalho é frequente associar-lhe benefícios como flexibilidade, otimização de espaços ou redução de custos. Acrescem as inúmeras possibilidades de networking e a troca de experiências profissionais com os colegas de cowork. Sem esquecer a boa localização geográfica dos espaços.
Cada vez mais oferta
Portugal não foge à tendência mundial e por isso temos assistido ao aparecimento de inúmeros projetos, alguns criados localmente de raiz, outros integrados em redes internacionais. Lisboa, pela dinâmica empreendedora e capacidade de atrair talentos que tem caraterizado a cidade, têm sido palco privilegiado para a proliferação de inovadoras propostas de cowork. Mas não só, porque, devido à deslocação de talentos para zonas e cidades mais pequenas – que a digitalização e a flexibilidade do teletrabalho potenciam – são muitos os exemplos de espaços de cowork existentes de Norte a Sul do país, muitos deles impulsionados até pelas próprias Câmaras Municipais.
Além do notório crescimento do Porto, também cidades como Leiria, Aveiro, Coimbra ou Braga emergiram como hubs alternativos pelos custos operacionais mais reduzidos e pela maior procura dos profissionais. Um estudo da consultora JLL Research refere que, em algumas destas localidades, a taxa de ocupação dos espaços de coworking excede os 75%, comparativamente à média de 20 a 25% verificada nos escritórios.
Na Europa, e ainda de acordo com a JLL, os espaços de coworking representam já cerca de 12% do stock de escritórios comerciais das principais cidades. Aliás, a dinamização do mercado de coworking, que superou os espaços de escritório tradicionais, tem mobilizado o segmento do imobiliário comercial pela crescente procura de espaços proveniente de operadores nacionais e internacionais.
Os números globais desta indústria, segundo dados da Research and Markets, apontam para que o mercado de coworking atinja os 49,8 biliões de dólares até 2030, estimando-se uma taxa de crescimento anual composta na ordem dos 17,8% no período de 2023 até 2030.
Outra vertente que tem caraterizado este setor é a criação de hubs de coworking em locais com outras atividades empresariais como hotéis ou centros comerciais. São exemplos de aproveitamento de espaço e de aumento das receitas.
Fatores de dinamização
De acordo com os especialistas são várias as tendências que têm contribuindo para a expansão do mercado europeu de coworking. Uma delas é a adoção corporativa de espaços de trabalho flexíveis, ou seja, o movimento de grandes empresas que começaram a integrar o coworking nas suas estratégias imobiliárias, reduzindo os seus compromissos de arrendamento de longo prazo e optando por modelos flexíveis.
Junta-se a este movimento uma nova cultura de trabalho progressivamente híbrida. Relatórios internacionais estimam que 40% das empresas globais planeiam favorecer soluções de coworking em detrimento dos escritórios tradicionais.
Outra das tendências que tem contribuído para o crescimento do setor é a procura dos chamados espaços Flex Premium, isto é, ambientes de escritório completamente equipados, com todas as infraestruturas e serviços necessários para responder às exigências das equipas ali instaladas.
A evolução tecnológica e a ascendente criação de start-ups também tem dado um impulso relevante ao desenvolvimento do cowork. Lisboa, tal como outras cidades europeias, é um exemplo disso, já que a sua classificação como cidade da inovação tem trazido para a capital portuguesa centenas de start-ups, investidores e outros players deste ecossistema empreendedor, o que tem reforçado a procura de ambientes de trabalho mais ágeis, ao invés dos clássicos e, mais formais, escritórios.
A este conjunto de fatores/tendências há que acrescentar ainda os incentivos estatais à instalação de start-ups, bem como os programas específicos para nómadas digitais o que acaba por contribuir para aumentar a procura de espaços de cowork e a inevitável dinamização da atividade. Um relatório da Mordor Intelligence projeta que a indústria de coworking na Europa registe uma taxa anual entre 5 a 6% e destaca alguns hotspots concretos no Sul, entre os quais Portugal.
Boa ou má opção
O que começou por ser um formato atrativo para trabalhadores remotos ou freelancers que, desta forma, partilhavam um espaço com outras pessoas em situações de trabalho semelhantes, diminuindo o isolamento social associado ao estar a “trabalhar em casa”, o cowork acabou por também despertar o interesse das empresas. Por isso, não é de estranhar que quando no mundo dos negócios a redução de custos é uma prioridade, sejam cada vez mais os casos de empresas que reduziram o espaço ocupado pelos seus escritórios (até devido à adoção do trabalho remoto) e optaram por recorrer a espaços de coworking.
A realidade é que a nova cultura de trabalho, em parte impulsionada pela pandemia de Covid19 que trouxe para a ribalta a experiência do teletrabalho, trouxe escritórios corporativos com menos trabalhadores presenciais e levou algumas empresas mais pequenas a optarem por transferir as suas equipas para espaços de coworking. Este tipo de configuração evita as despesas gerais de manutenção de um escritório.
As especificidades de cada negócio, e por vezes a vontade de juntar forças, têm levado a que, em alguns países, tenham surgindo coworkings centrados em setores profissionais específicos como, por exemplo, arquitetos, designers ou tecnologias de informação, entre outros. A partilha de recursos e experiências dentro de um mesmo ecossistema pode ter vantagens para o negócio. Seja como for cada caso é um caso e cada empresa, empreendedor ou freelancer tem de escolher o que melhor de adequa ao seu projeto. No mercado nacional não faltam ofertas de espaços de coworking modernos, acessíveis e com todas as infraestruturas e comodidades necessárias para ter um negócio bem sucedido.
“O coworking é cada vez mais uma solução de modelo híbrido para as empresas”

Carlos Gonçalves, CEO do Avila Spaces
A tecnologia que cria ligação nos espaços de cowork

Rui Jorge, diretor de IT no IDEA Spaces
Há um novo escritório flexível no Porto com 200 postos de trabalho
O Lionesa Business Hub e a Maleo Offices uniram-se para lançar um novo espaço de escritórios flexíveis no Porto com capacidade para cerca de 200 postos de trabalho. Chama-se Lionesa Flex by Maleo e tem mais de 1.100 metros quadrados (m2). O Lionesa Flex by Maleo disponibiliza “soluções personalizadas e adaptáveis”, complementando a oferta do Lionesa Business Hub, que agora passa a oferecer desde uma ‘workstation’ até escritórios corporativos com mais de 10.000 m2, explicam em comunicado enviado às redações.
Além dos cerca de 200 postos de trabalho, este novo espaço de escritórios flexíveis no Porto conta ainda com salas de reuniões de diferentes dimensões, desde salas pequenas para grupos de 6 a 8 pessoas até salas com capacidade até 49 participantes.
Braga recebe novo espaço de coworking
A cidade de Braga inaugurou recentemente um espaço de coworking, situado no centro comercial Nova Arcada. Os responsáveis desta superfície comercial explicaram em comunicado que o novo espaço, o Coworking Hub, resulta de uma parceria entre o Nova Arcada e o Grupo Casais e será gratuito até ao final do ano. Funciona entre as 8h às 22h, de domingo a quinta-feira, e até às 23h às sextas-feiras, sábados e vésperas de feriados.
Com um design moderno, integra diferentes áreas de trabalho adaptadas às necessidades de cada utilizador. Possui uma Quick Work Zone com três lugares individuais, uma Collaborative Desk Zone, ideal para quatro pessoas, e uma Meeting Booth para que as reuniões online possam ser feitas num espaço privado. Além disso, salienta o comunicado, possui uma Relax Area e um Outdoor Lounge para momentos de descontração.
Nisa: Câmara investe 700 mil euros em ginásio e espaço de coworking
A Câmara de Nisa, no distrito de Portalegre, inaugurou um ginásio municipal e um espaço de acolhimento empresarial e ‘coworking’, num investimento de cerca de 700 mil euros. De acordo com o município, estes equipamentos estão instalados no edifício da antiga Loja do Munícipe, que foi requalificado.
A autarquia indica que o ginásio municipal oferece equipamentos para ‘cardiofitness’, musculação e treino funcional, além de aulas coletivas. Já o espaço de ‘coworking’ visa estimular a criatividade e a produtividade, disponibilizando postos de trabalho ergonómicos, sala de reunião, entre outras vertentes.
Alcobaça tem um novo espaço de coworking aberto 24 horas por dia
O “Coworking Space Alcobaça” abriu no início deste ano com o objetivo de receber profissionais que queiram trabalhar fora de casa ou da empresa, oferecendo um ambiente calmo e com todas condições para quem quer ser produtivo.
Com seis gabinetes privados, o espaço foi criado por Tiago Jorge, natural de Oliveira do Hospital, que construiu a sua carreira adaptando-se às mudanças do mercado e à evolução do marketing digital, área a que dedicou os últimos anos, trabalhando tanto para empresas como para clientes pessoais.
Cada um dos seis gabinetes privados tem cerca de 20 metros quadrados. Há também uma copa, equipada com microondas, máquina de café e frigorífico. Conta ainda com cinco boxes de trabalho individuais, um terraço, duas casas de banho e estacionamento gratuito. Os clientes podem alugar os gabinetes por horas, dias ou meses, com todas as despesas já incluídas no preço“, revela o responsável. O acesso é de 24 horas, onde cada utilizador tem as suas próprias chaves.
Trabalhar e treinar. É assim o novo cowork do Holmes Place
FLOW é o nome do espaço em Algés, que junta secretárias e salas de trabalho a um ginásio e uma cozinha de alimentação saudável.
Inserido num edifício onde há também espaços para várias empresas, este local em específico é dedicado ao aluguer de mesas ou salas para pequenas equipas trabalharem. O conceito foi inaugurado em novembro no ano passado e funciona em regime esporádico ou com avenças de marcação mais prolongadas. No entanto, mais do que um local para colocar o portátil numa mesa ou ter uma sala para reuniões, o FLOW pretende ser um destino para onde todos querem voltar. Por aqui, o foco está totalmente no bem-estar, ou não fosse este projeto parte do grupo Holmes Place, uma das maiores cadeias de ginásios do País.
Ferreira do Zêzere lança Incubadora e espaço de coworking
Há uma nova incubadora de empresas em Ferreira do Zêzere que funciona como núcleo de apoio ao empreendedorismo de base local, e um espaço de coworking direcionado para profissionais independentes, pequenas empresas e trabalhadores remoto com interesse para o concelho.
A incubadora oferece espaços de trabalho, apoio técnico e ligação a redes de conhecimento e investimento, proporcionando um ambiente favorável ao desenvolvimento de ideias de negócio inovadoras, enquanto a área de cowworking disponibiliza a partilha de infraestruturas e serviços de apoio ao trabalho dos profissionais ali instalados. As candidaturas decorrem de forma contínua e estão sujeitas à aprovação da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere com base em critérios como o grau de inovação do projeto, a qualidade e viabilidade da proposta e o impacto social e ligação da mesma ao concelho.
Valença Cowork quer promover empreendedorismo local
Um espaço de trabalho partilhado concebido para estimular o empreendedorismo, fomentar a colaboração e apoiar o crescimento de negócios inovadores no concelho. É assim que o Município de Valença apresenta o Valença Cowork, um espaço para instalar empreendedores e profissionais. Este projeto, lançado no final de maio, resultou da ideia que venceu o Orçamento Participativo Jovem de Valença (da autoria de Edgar Almeida), e reflete o compromisso do Município com a inovação e o desenvolvimento económico local, proporcionando as ferramentas necessárias para o sucesso de ideias e negócios.
Está particularmente direcionado para start-ups, profissionais em teletrabalho e empreendedores em fase de desenvolvimento ou consolidação de projetos, com domicílio fiscal em Valença. Com infraestruturas modernas e serviços essenciais, o Valença Cowork visa reduzir custos operacionais e promover sinergias entre os utilizadores.