Opinião

A Era do Indivíduo – Parte V

Diogo Alarcão, CEO da Mercer Portugal

Como todas as séries de televisão, ou histórias em episódios, também esta viagem sobre a Era do Indivíduo chega hoje ao fim. Depois de falar sobre a “Velocidade da Mudança”, o “Trabalho com um Propósito”, a “Flexibilidade Permanente” e a “Plataforma de Talento”, concluo esta série de artigos com o último pilar do estudo Global Talent Trends da Mercer: a Digitalização.

As empresas não poderão prosperar na Era do Indivíduo se não investirem e tirarem vantagens dos melhores e mais recentes avanços tecnológicos, sendo que isso significa uma necessidade permanente de atualização. Tal não significa, necessariamente, elevadíssimos investimentos em ferramentas digitais.

Mais do que os investimentos em tecnologia, o desafio está em garantir que a aposta na digitalização das nossas empresas é acompanhada por um processo de desenvolvimento de uma cultura digital. Isto é, garantir que a tecnologia é colocada ao serviço do indivíduo cultivando o espírito de exploração e experimentação.

Regra geral, hoje em dia as pessoas estão muito mais interessadas em explorar novas formas de trabalhar e desenvolver experiências personalizadas, que lhes proporcionem “ofertas na hora” de bem-estar, e que estejam digitalmente acessíveis de forma intuitiva. Querem ferramentas digitais que lhes permitam desenvolver as suas tarefas de forma mais eficiente, rápida e eficaz. Na Era do Indivíduo as pessoas querem carreiras versáteis em que possam aprender e crescer de uma forma que lhes faça sentido e alinhadas com o propósito do seu trabalho.

No entanto, de acordo com o estudo da Mercer, apenas 42% das pessoas entrevistadas sentem que têm a oportunidade de desenvolver as suas carreiras com sucesso. É aqui que a digitalização pode ajudar a fazer face a estas novas realidades. Por exemplo, a disponibilização de ferramentas de gestão de carreira com acesso personalizado a caminhos de carreira e a oportunidades desenvolvimento pessoal serão uma excelente forma de dar resposta ao que as pessoas hoje procuram nas empresas. Para terem ainda maior impacto, essas plataformas de gestão de carreiras e de conhecimento devem ser desenhadas no sentido de promoverem novos comportamentos, como sejam mobilidade interna, assim como promoverem o desenvolvimento de novas competências, formas de colaboração e identificação de talento.

A digitalização tem, igualmente, um importante contributo na promoção da colaboração à distância (já vão longe os tempos em que as equipas tinham que estar todas no mesmo espaço físico) e na partilha de conhecimento, facilitando as interações entre departamentos e negócios e promovendo processos de decisão ágeis. A digitalização facilita enormemente a comunicação permitindo a construção de relações de confiança e camaradagem em equipas geograficamente dispersas.

No entanto, quanto maior for a digitalização, maiores serão as probabilidades de se perder algum controlo na gestão da informação com os impactos que isso pode ter em termos de gestão dos negócios e das pessoas. É, por isso, fundamental garantir que as organizações apostem numa digitalização focada nas pessoas; isto é, que invistam em soluções digitais centradas no compromisso dos colaboradores e desenvolvam ecossistemas que potenciem a saúde, o bem-estar e as carreiras.

As empresas que o conseguirem fazer irão prosperar na Era do Indivíduo e estarão a fazer “hoje, o amanhã” ou como dizemos na Mercer, “Make Tomorrow, Today”.

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Diogo Alarcão

Diogo Alarcão

Diogo Alarcão tem feito a sua carreira essencialmente na área da Gestão e Consultoria. Atualmente é Vogal do Conselho de Administração da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Foi Chairman da Marsh & McLennan Companies Portugal e CEO da Mercer Portugal. Foi Diretor da Direção de Investimento Internacional do ICEP, de 1996 a 2003. Foi assessor do Presidente da Agência Portuguesa para o Investimento de 2003 a 2006. Licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa, concluiu posteriormente... Ler Mais..

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