Opinião
O papel do desenvolvimento individual na formação corporativa

No mercado de trabalho atual, a maioria das empresas vê-se perante uma escolha: contratar por cultura ou contratar por competências – e a cultura parece estar a ganhar.
Faz algum sentido, na medida em que a cultura não se treina e as competências podem ser adquiridas e aprimoradas com o tempo. A formação e a capacitação das pessoas são aspetos atemporais e imprescindíveis a qualquer organização bem-sucedida, mais ainda num mundo que se transforma e evolui a um ritmo vertiginoso. A pandemia, as mudanças geopolíticas, a desaceleração económica e os avanços tecnológicos, entre outros aspetos, vieram reafirmar o seu valor intrínseco e mostrar como é transversal a todo o tipo de setores, funções e atividades.
É dos livros que a formação corporativa ajuda a criar uma força de trabalho mais qualificada e motivada. Investir no desenvolvimento dos colaboradores promove a inovação, melhora o desempenho e aumenta a produtividade. Contudo, a aposta contínua na evolução de cada um, como caminho para a sustentabilidade do todo, ainda é, em muitos casos, uma miragem, ao invés de uma realidade.
Formar não é um custo – é um investimento a longo prazo, que deve contemplar tanto as valências técnicas, como as comportamentais e emocionais. Aprovar um plano de negócio que não prevê objetivos formativos consistentes e adequados (porque investir tempo e recursos nas pessoas pode significar perdê-las logo de seguida) é, mais ou menos, o mesmo que questionarmos as alterações climáticas no planeta. Vão sempre existir descrentes, mas as consequências disso estão à vista de todos.
O desenvolvimento dos colaboradores ajuda a atrair, a reter e a motivar o talento. É manifestamente mais provável que as pessoas se sintam valorizadas e incentivadas a permanecer numa empresa na qual percebem que há investimento no seu plano de crescimento profissional e pessoal. Por outro lado, esta é também a forma de as empresas garantirem que têm o conhecimento e as competências necessárias para se debaterem num ambiente ferozmente competitivo e exigente.
Melhor do que investir no upskilling dos colaboradores, por via do levantamento de necessidades formativas, é convidá-los a fazer parte do plano de formação, com sugestões proativas enquadradas nos objetivos estratégicos da empresa. Aspetos como liderança, gestão de tempo, metodologias ágeis, saúde mental e até áreas de suporte (não técnicas) podem ser endereçadas internamente ou com o recurso a empresas externas, dependendo da capacidade da estrutura.
Um programa de desenvolvimento de excelência é um instrumento poderoso, que poupa horas na pesquisa, recrutamento e contratação de novos elementos. Formação adequada estabelece uma base sólida para colaboradores eficientes, moral elevada e sustentabilidade, cujo horizonte está nas necessidades do futuro. Num cenário ideal, o alinhamento entre as metas pessoais e os objetivos corporativos resulta em progressão e inovação contínuos, de forma equitativa e que se autoalimenta.