Empregadores nacionais acusam efeitos da pandemia nos modelos de trabalho

Dois terços dos empregadores querem manter o teletrabalho no pós-pandemia, 44% dos empregadores tencionam oferecer horários flexíveis e 33% prometem mais oportunidades de desenvolvimento aos trabalhadores. As conclusões são do survey da ManpowerGroup.

O novo survey da ManpowerGroup revela alguns dos efeitos que a pandemia já está a ter nos modelos de trabalho dos empregadores portugueses. De acordo com o ManpowerGroup Employment Outlook Survey (que avalia as intenções de contratação dos empregadores), as respostas dos inquiridos apontam algumas tendências perante o impacto que a pandemia está a ter no tecido empresarial.

Vejamos: apenas 32% dos empregadores esperam voltar a níveis de contratação pré-Covid durante os próximos 12 meses, enquanto 28% referiu não pretender retomar os retomar os níveis pré-pandemia, e 20% acreditam que precisarão de mais de um ano para que os negócios recuperem.

Num universo de 368 inquiridos, sobe de 11 para 28% (face ao trimestre anterior) o número de empresas que não têm qualquer esperança de retomar os níveis de contração pré-Covid. Já o número de empregadores que acreditam poder recuperar os níveis de contratação anteriores, em menos de um ano, cai de 56% para 32%.

Vínculos laborais
Relativamente aos vínculos laborais, a maioria das empresas planeia manter os seus trabalhadores nos modelos atuais. No caso dos contratos “full-time”, 86% pretende manter esses trabalhadores e apenas 8% reduzir. No caso dos contratos de trabalho temporário e de “part-time” observa-se uma maior volatilidade. Embora 68% dos empregadores afirme querer manter estes trabalhadores, 18 e 19%, respetivamente, pretende reduzir o volume de colaboradores com este vínculo, enquanto que 14 e 13% planeia realizar um aumento nestas contratações.


Quanto ao modelo de trabalho, quase 2/3 dos empregadores inquiridos planeiam manter o teletrabalho no pós-pandemia e 31% tencionam mesmo implementar o trabalho remoto a 100%. Neste contexto Portugal vai à frente da região EMEA onde essa percentagem é de apenas 17%, com 39% dos empregadores a planear oferecer modelos híbridos.

Há também um número significativo de empresas que afirma estar a preparar-se para adaptar a sua proposta de valor para aumentar a sua capacidade de atrair e reter talento. 44% das planeia oferecer horários laborais flexíveis e 48% espera conceder mais benefícios em matéria de saúde e bem-estar. Ganham também mais relevância aspetos como formação e evolução profissional, com 33% das empresas a planear proporcionar mais oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento de novas competências.

Rui Teixeira, Chief Operations Officer da ManpowerGroup Portugal, explicou que “apesar os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, divulgado no passado dia 8, anteciparem uma ligeira subida nas intenções de contratação para o quarto trimestre, a evolução da conjuntura económica, social e de saúde, com a ameaça cada vez mais presente de uma segunda vaga da pandemia, leva os empregadores a revelarem-se agora mais pessimistas em relação ao tempo que irão demorar a retomar os níveis de contratação pré-Covid”.

Por outro lado, acrescenta ainda que “os efeitos transformadores no mundo do trabalho começam também a ser visíveis. Embora a evolução nas preferências dos candidatos já apontasse uma nova direção anteriormente, a pandemia veio fortalecer esta tendência. Nesse sentido, vemos hoje como cada vez mais empresas estão a rever a sua proposta de valor, apostando em opções de flexibilidade, modelos de trabalho híbridos, bem como benefícios de saúde e de formação para desenvolver uma proposta mais relevante e alinhada com as atuais necessidades e valores dos trabalhadores”.

O estudo trimestral da ManpowerGroup recolheu as intenções de contratação de mais de 38 mil empregadores em 43 países e territórios.

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