Opinião

Educação, emprego e competências: um olhar para o futuro.

Carlos Oliveira, presidente executivo da Fundação José Neves

O Estado da Nação da Educação, do Emprego e das Competências é um contributo da Fundação José Neves para Portugal e para os portugueses.

Promover a discussão pública sobre as debilidades e oportunidades do sistema de desenvolvimento de competências e fazer um ponto de situação da educação, do emprego e das competências em Portugal. É este o objetivo do “Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal 2022”, que será apresentado hoje pela Fundação José Neves (FJN) no seu evento anual. Um contributo à sociedade em geral e aos agentes relacionados com a educação em Portugal, em particular o Estado, as instituições de ensino e as empresas, para que possam tomar as melhores decisões para o desenvolvimento do país e dos portugueses.

O “Estado da Nação 2022” atualiza as tendências após dois anos de pandemia e foca-se em temas estruturais e centrais como o retorno financeiro da educação e a relação entre educação e produtividade. Conclui com um olhar para o futuro e com a atualização das metas para um Portugal do conhecimento em 2040.

Entre muitos indicadores, o Estado da Nação constata que, na última década, o salário médio dos portugueses apenas aumentou para os menos qualificados e que os trabalhadores com o ensino superior e com o secundário registaram, em média, perdas reais nos salários de 11% e de 3%, respetivamente.

Apesar disso, mais educação compensa sempre e permite garantir salários mais elevados e mais empregabilidade. E como exemplo, em 2019 uma licenciatura resultava, em média, num ganho salarial de 50% face ao ensino secundário. Já com o mestrado esse ganho ascende aos 59%.

No que se refere à produtividade é evidente que há um problema de competitividade face à média europeia (Portugal está muito abaixo dessa média). E esse problema reflete-se nos salários, sendo Portugal um dos países da UE com os rendimentos mais baixos.

O relatório mostra que só um aumento sustentado da produtividade dará margem para aumentos salariais. Está provado que as empresas com força de trabalho mais qualificada são mais produtivas, mas o ajustamento entre qualificações e profissões também é essencial. Além das qualificações de base, a aposta das empresas na formação dos seus trabalhadores também pode aumentar a produtividade em 5%. Mas atualmente apenas 16% das empresas portuguesas o faz.

Os jovens estão cada vez mais qualificados e podem ter um papel importante na produtividade. O “Estado da Nação 2022” revela que quando os jovens têm um peso superior a 40% no total de trabalhadores das empresas pode haver ganhos de produtividade. Mas atenção, quando esse número for menos, o impacto pode ser neutro ou mesmo negativo. Convido a uma consulta de todos estes dados.

Para além da apresentação do Estado da Nação em detalhe, o evento anual conta com oradores como Alanis Morissette, António Damásio, Durão Barroso, António Horta Osório, Nataly Kogan e muitos outros, e vai ser ainda o palco para a apresentação das novidades sobre a plataforma Brighter Future e fazer um ponto de situação do programa de bolsas reembolsáveis ISA FJN e da aplicação de desenvolvimento pessoal, bem-estar e saúde mental 29k FJN. A não perder, hoje a partir das 15h.

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