Opinião

“Economics …”

Paulo Doce de Moura, Investment Advisor do Banco Carregosa

A escalada da inflação e a subida dos juros pelos bancos centrais estão a colocar pressão, assim como a indefinição da guerra da Rússia na Ucrânia, a instabilidade nos preços da energia e o fantasma de uma recessão, os próximos tempos não se avizinham tranquilos.

Os riscos para a estabilidade financeira aumentaram nos últimos meses, por conta do atual ambiente adverso. Dois elementos estruturais vão dificultar a tarefa: a falta de poupança e as consequências que daqui resultam e, em particular, a baixa literacia financeira que é especialmente importante quando conjugada com a crescente digitalização financeira e o aparecimento de novas ideias.

Importante, portanto, ter presentes alguns conceitos, como a inflação e o índice de preços do consumidor.

Na economia, a inflação refere-se a um aumento geral dos preços dos bens e serviços numa economia. Quando o nível geral de preços sobe, cada unidade de moeda compra menos bens e serviços, consequentemente, a inflação corresponde a uma redução do poder de compra do dinheiro. O oposto da inflação é a deflação, uma diminuição sustentada do nível geral dos preços dos bens e serviços. A medida comum da inflação é a taxa de inflação, a variação percentual anualizada num índice geral de preços.

O Índice de Preços do Consumidor, ou IPC, mede como o preço de um “cabaz” ponderado de bens geralmente comprados muda ao longo do tempo. O IPC é a medida mais utilizada para determinar os níveis de inflação mensal e anual (ou deflação).

O Índice de Preços do Consumidor é uma média ponderada utilizada para medir as variações de preços ao longo do tempo.

O Índice baseia-se no preço de um “cabaz” de bens e serviços comuns de consumo. Para calcular o índice, os preços são adicionados em conjunto, médios e, em seguida, ponderados de acordo com a sua importância nos orçamentos dos consumidores. Os bens e serviços utilizados no IPC são determinados com base nos dados fornecidos pelos consumidores e retalhistas.

O Índice de Preços no Consumidor é uma métrica económica essencial tanto para investidores como para consumidores.

A maioria dos economistas concorda que altos níveis de inflação, bem como a hiperinflação – que têm efeitos severamente disruptivos na economia real – são causados por um crescimento excessivo persistente na oferta monetária.

As opiniões sobre as taxas de inflação baixas a moderadas são mais variadas. Uma inflação baixa ou moderada pode ser atribuída a flutuações da procura real de bens e serviços ou a alterações nos fornecimentos disponíveis, tais como durante a escassez. A inflação moderada afeta as economias de forma positiva e negativa. Os efeitos negativos incluiriam um aumento do custo de oportunidade de detenção de dinheiro, incerteza sobre a inflação futura que pode desencorajar o investimento e a poupança, e se a inflação for suficientemente rápida, a escassez de bens à medida que os consumidores começam a acumular por preocupação de que os preços aumentem no futuro. Os efeitos positivos incluem a redução do desemprego devido à rigidez salarial nominal, permitindo ao banco central uma maior liberdade na execução da política monetária, incentivando os empréstimos e o investimento em vez de acumular dinheiro, e evitando as ineficiências associadas à deflação.

Hoje, a maioria dos economistas favorece uma taxa de inflação baixa e estável. A inflação baixa (ao contrário de zero ou negativa) reduz a gravidade das recessões económicas, permitindo ao mercado de trabalho ajustar-se mais rapidamente numa recessão e reduzir o risco de uma armadilha de liquidez impedir a política monetária de estabilizar a economia, evitando ao mesmo tempo os custos associados à elevada inflação.

A tarefa de manter a taxa de inflação baixa e estável é geralmente dada às autoridades monetárias. De um modo geral, estas autoridades monetárias são os bancos centrais que controlam a política monetária através da fixação das taxas de juro, através da realização de operações de mercado aberto e (mais raramente) alterando as exigências de reservas dos bancos comerciais.

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Paulo Doce Moura

Paulo Doce Moura

Paulo Doce de Moura exerce funções no Banco Carregosa e foi diretor do BNP Paribas Personal Finance. Estudou Relações Internacionais-Económicas e Políticas, na Universidade do Minho e Direção Geral de Empresas no Programa Avançado de Gestão para Executivos na Universidade Católica Portuguesa. Foi presidente de Direção da AIESEC (Association Internationale des Étudiants en Sciences Économiques et Commercialles) na Universidade do Minho, Coordenador Distrital Economia, Trabalho e Inovação no Conselho Estratégico Nacional e membro da Assembleia de Freguesia do Lumiar. Escreveu... Ler Mais..

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