Opinião

E agora digital? A vacina está aí… Voltamos ao “velho normal”?

Rui Ribeiro, diretor-geral da IPTelecom

2020 será um ano certamente marcante para todas as gerações e para todo o mercado mundial. Aparentemente (e felizmente) avizinha-se o controlo da pandemia no próximo ano. O fim desta agonia estará perto de ser alcançada.

Mas e então? Vamos todos voltar a trabalhar nos nossos escritórios? Voltaremos às salas para reuniões presenciais? Voltaremos a fazer compras na rua ou no centro comercial, evitando o uso dos cartões de crédito nas compras online? Iremos a correr para almoçar com amigos em restaurantes ou organizar festas em bares?Será que vamos deixar o “novo normal” e voltaremos ao “velho normal”?

Obviamente que não! Quem pensar que tudo vai ficar como antes, desengane-se.

O mundo mudou muito rapidamente num ano e o digital veio para ficar e acelerar ainda mais. Quem esteja nostálgico com os modelos de trabalho e de consumo de 2019, lamento informar, mas já não voltará.

A transformação digital deixou de acontecer “apenas” no mercado empresarial e entrou diretamente em casa e na palma das mãos das pessoas. Isto é, ultrapassou-se uma última barreira de adoção digital, que foi o facto de estarmos perante um mercado de consumidores e trabalhadores que se habituou e entendeu que era possível ter o seu próprio dia a dia mais eficiente e mais produtivo. Nunca como antes estivemos tão perto do equilíbrio entre a vida pessoal e familiar com a vida profissional.

Quantos não estiveram até 30 segundos antes do início de uma reunião a brincar com os seus filhos? Quantos não estiveram a trabalhar mais concentrados numa esplanada, num lounge de hotel ou mesmo à beira da piscina?

Não substituindo a operação de uma máquina fabril, nem o abraço a um amigo, o digital trouxe esta melhoria da otimização da vida pessoal com a profissional.

Mas também trouxe maior sentido de responsabilidade individual e coletiva, pois os modelos digitais criam maior visibilidade e exigência de quem faz e de quem não faz as tarefas, no tempo planeado e com a qualidade desejada. A definição de tarefas estará cada vez mais clara, uma vez que a distância de quem pede e de quem executa é maior, pelo que os modelos de comunicação e gestão terão a vantagem de serem mais explícitos, mais precisos e mais formais.

O mundo mudou muito rapidamente e tornou-se muito mais digital. O consumidor, o trabalhador, o parceiro, o gestor, o processo ou a tarefa tornaram-se mais digitais. Todos os stakeholders de mercado passaram a entender o potencial de benefícios que têm, se incluírem a tecnologia em muito das suas rotinas.

E, ainda agora começámos a acelerar neste mundo digital. E cada um tem a sua velocidade…

Não haverá vacina nem contra o digital, nem vacina que nos dê a transformação digital! Garanta já para si e para a sua empresa uma estratégia digital clara, estruturada e definida, caso contrário sairá muito provavelmente do circuito de amigos ou do mercado competitivo.

Saber fazer essa estratégia digital … isso já é outra conversa. Fica para um próximo artigo…

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Rui Ribeiro

Rui Ribeiro

Atualmente é professor da Universidade Lusófona e consultor de Transformação Digital, tendo tido várias atividades profissionais, entre as quais Head of Consulting & Technology na Auren Portugal, diretor-geral da IPTelecom, diretor comercial da Infraestruturas de Portugal S.A., diretor de Sistemas de Informação na EP - Estradas de Portugal S.A. e Professional Services Manager da Sybase Inc. em Portugal. Na academia é diretor executivo da LISS – Lusofona Information Systems School, e docente da ULHT. Rui Ribeiro é doutorado em Gestão... Ler Mais..

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