Opinião

Dominar a conversa de circunstância

Isabel Amaral, especialista em protocolo e comunicação intercultural

Tanto em eventos sociais como empresariais, há pessoas que têm toda a facilidade de iniciar e fazer fluir naturalmente uma conversa com alguém desconhecido ou que conhecem mal, e aquelas que, por serem mais tímidas ou terem sempre a sensação que ‘não têm nada para dizer’, se sentem angustiadas com isto.

Para melhorar a vida de quem enfrenta estas dificuldades, há várias sugestões, que podem tornar a vida mais simples e os eventos sociais mais agradáveis.

Para a maioria dos profissionais, num ambiente de negócios, é relativamente fácil fazer conversa de circunstância. No entanto, muitos empresários e dirigentes sentem-se bloqueados quando têm de fazer conversa com pessoas que não conhecem, sobretudo em ocasiões sociais. Num banquete aconteceu-me ficar sentada ao lado de um senhor muito tímido, a quem não consegui extrair mais do que monossílabos e sorrisos, apesar de ter tentado lançar vários temas de conversa enquanto estávamos sentados à mesa. No fim do jantar o anfitrião veio dizer-me que ele tinha gostado muito de falar comigo. Julgo que o que lhe agradou foi não se sentir excluído da conversa geral à mesa.

Nos coachings para executivos que querem comunicar melhor, os conselhos que dou são os seguintes:

  1. Se, ao chegar a um evento, descobrir que só conhece o anfitrião, peça sem cerimónias que ele o apresente a outras pessoas.
  2. Se não conhece mesmo ninguém, o melhor é abordar alguém que também esteja sozinho e com ar perdido. Apresente-se olhando para essa pessoa e sorria. Não diga apenas o seu nome, mas acrescente qualquer coisa que possa vir a transformar-se num tema de conversa: “Olá, como está? Chamo-me Isabel Amaral e sou especialista em comunicação intercultural.” Esteja atento à resposta e comente alguma coisa sobre o nome ou a profissão do seu interlocutor. “Que interessante. Mas o que é mesmo a comunicação intercultural?”. Se não ouviu bem o nome pode pedir para a pessoa confirmar: “Disse que se chamava Isabel Amaral?”. Usar na conversa o nome do seu interlocutor demonstra interesse por ele
  3. Se for um grupo maior, aproxime-se e aproveite uma pausa para se apresentar. Uma pergunta mágica depois de a pessoa se ter apresentado é dizer “como quer que eu a/o trate?”. Eu costumo responder: “Trate-me por Isabel”. Tratar pelo nome próprio facilita a comunicação, mas em Portugal ainda há quem prefira uma certa distância. Nesse caso adote um tratamento mais formal (Sr. Doutor, Sr. Engenheiro, Senhor) até que o seu interlocutor diga para não o fazer.
  4. Tente não se preocupar por não lhe ocorrer nada fascinante: ninguém está à espera que diga nada de memorável. Em conversas curtas, o conteúdo acaba por ter pouca importância. É mais importante a sua atitude. A impressão que deixa no outro é que conta. Se não se considerar uma pessoa interessante dificilmente conseguirá passar essa perceção para o exterior. Todos nós temos qualquer coisa que nos move e nos apaixona e é disso que deve falar.
  5. Interesse-se pelos outros. Todos gostamos que se interessem por nós e todos temos coisas em comum. Se conseguir descobrir quais são as paixões da pessoa que lhe calhou ao lado na mesa, o difícil vai ser fazê-la parar de falar. Se tiverem uma paixão comum, melhor ainda. Também ajuda se partilharem um ódio de estimação.
  6. Faça perguntas fáceis de responder para que a conversa arranque e flua naturalmente. Fazer perguntas não só demonstra interesse como ajuda a quebrar o gelo e a encontrar um tema de conversa. Comente o evento e faça elogios “já conhecia este restaurante? Estou a gostar muito deste ambiente, da decoração, da vista, etc.” Se for em casa de alguém, gabe os anfitriões, a comida, etc.

Saber conversar com toda a gente (praticando aquilo a que os ingleses chamam, muito acertadamente, small talk) faz parte do “saber estar” – em todos os lugares e em todas as ocasiões – projetando uma imagem positiva em todas as ocasiões.

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Isabel Amaral

Isabel Amaral

Isabel Amaral é Presidente Emérita da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo que fundou em 2005 e Investigadora do Instituto do Oriente (ISCSP-Universidade de Lisboa), desde 2013. É oradora internacional, empresária, coach executiva, docente em universidades portuguesas e estrangeiras, palestrante e conferencista, em temas como Imagem, Protocolo e Comunicação Multicultural. Como formadora de protocolo, imagem e comunicação intercultural, assegurou a organização e monitoria de diversos cursos em Portugal, Angola, Cabo Verde, Namíbia. Espanha, Bélgica, Países Baixos e República Popular da... Ler Mais..

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