Opinião

Do balanço à ação: porque a sustentabilidade não pode esperar

Isabel Barros, presidente do GRACE – Empresas Responsáveis*

Setembro foi, para muitos de nós, um ponto de viragem. Depois da pausa de verão, regressámos com energia renovada e uma sensação de recomeço — quase como um “segundo janeiro”.

Para as empresas, este é tradicionalmente um mês de balanço e de planeamento, um momento em que se redefinem prioridades e se realinham estratégias para o ciclo que se inicia. No GRACE acreditamos que essa reflexão só é completa se a sustentabilidade estiver no centro.

Vivemos hoje um paradoxo evidente. Por um lado, assistimos a sinais de desaceleração na atenção dedicada à agenda do desenvolvimento sustentável; por outro, multiplicam-se as provas da sua urgência. O planeta ultrapassa limites críticos, registam-se recordes históricos de temperatura e, como se não bastasse, este verão voltou a expor-nos à dureza dos incêndios florestais que devastaram várias regiões do país. Para além das perdas ambientais e humanas irreparáveis, estes episódios recordam-nos que as alterações climáticas não são uma abstração: são uma realidade concreta que afeta comunidades, empresas e a própria economia nacional.

O último trimestre do ano será também marcado pela COP30, que decorrerá em novembro, em Belém do Pará, Brasil. A conferência trará para o centro da discussão temas decisivos –  a necessidade de acelerar a concretização das metas do Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1,5°C; o financiamento climático para países em desenvolvimento; a transição para energias renováveis; a preservação da Amazónia e da biodiversidade; e a importância da justiça climática e dos direitos dos povos indígenas – deixando claro que — seja ao nível dos países ou das empresas — a sustentabilidade não pode ocupar um lugar secundário.

As empresas portuguesas têm dado passos relevantes, mas a escala e a velocidade das mudanças exigem mais. O horizonte de 2030 aproxima-se rapidamente e cada decisão adiada hoje representa custos acrescidos no futuro. É neste contexto que o GRACE – Empresas Responsáveis atua: apoiando organizações a integrar a sustentabilidade no coração da estratégia e da gestão. Não apenas como valor ético, mas como motor de inovação, e competitividade.

Para responder à amplitude de desafios que a agenda da sustentabilidade coloca, o GRACE criou um conjunto de clusters que funcionam como verdadeiras plataformas de conhecimento e ação em áreas críticas como: alterações climáticas, circularidade, água e natureza, colaborador do futuro, diversidade, equidade e inclusão, saúde mental e bem-estar, cadeia de valor e financiamento sustentável, bem como comunicação responsável. Cada cluster reúne conhecimento especializado e experiência prática de empresas pioneiras, traduzidos em ferramentas, políticas e planos de ação temáticos, conteúdos formativos e uma biblioteca de boas práticas que aceleram a ação das associadas e a concretização de impactos positivos.

O desafio que lançamos às empresas é o de encarar os próximos meses e anos como uma oportunidade para transformar intenção em ação mensurável, reforçando a resiliência e a capacidade de adaptação dos negócios. O futuro constrói-se no presente, com decisões e ações concretas que dependem de todos nós. No GRACE estaremos ao lado das empresas para apoiar cada passo dessa jornada.

*Em representação da Sonae SGPS

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Isabel Barros

Isabel Barros

Isabel Barros, licenciada em Psicologia, pela Universidade do Porto, e com um MBA Executivo, da EADA Business School Barcelona e da Nagoya International School Japan, é administradora executiva da MC Sonae com os pelouros de Transformation, People and Sustainability. Foi presidente da APED de 2019 a 2022 onde marcou a agenda do retalho nos temas da sustentabilidade com bandeiras como o combate ao desperdício alimentar e roteiro para a descarbonização do setor. Em igual período foi também vice-presidente da Comissão... Ler Mais..

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