Diversidade contribui para a competitividade na comunidade de software developers

Segundo um estudo publicado pelo Wall Street Journal, as empresas com maior diversidade de colaboradores tiveram margens de lucro operacional médias mais altas que as empresas com menos diversidade e inclusão.

Culturas diversificadas e inclusivas oferecem às empresas uma vantagem competitiva sobre os seus pares e garantem melhores resultados. Esta constatação está patente num estudo recentemente publicado pelo de Wall Street Journal que dá conta de que as empresas com maior diversificação de colaboradores tiveram margens de lucro operacional médias de 12% versus os 8% de empresas menos inclusivas. Além disso, o desempenho acionista dessas empresas também foi melhor.

Também um estudo do Boston Consulting Group, e no qual estiveram envolvidas mais de 1.700 empresas, revela que a diversidade incrementa a inovação ao expandir a gama de ideias e opções de uma empresa, levando a um melhor desempenho financeiro.

Em qualquer uma destas análises, citadas pelo site Fast Company, conclui-se ainda que a diversidade também pode fortalecer a resiliência, uma vez que esta implica uma maior amplitude de pontos de vista, experiências e conjugação de valências e aptidões.

A comunidade de software developers é uma das que se tem debatido com a pouca diversidade de profissionais  – 70% são brancos e 92% homens, de acordo com os dados avançados pela Fast Company – uma realidade que estes profissionais querem alterar, como refere àquela publicação o responsável da Cloud Native Computing Foundation, para quem a inclusão torna a tecnologia mais inovadora e resiliente, e com melhores resultados nos negócios.

O mundo do desenvolvimento de software de open source acolhe a diversidade porque qualquer pessoa pode contribuir para o código do software a partir de qualquer ponto do mundo. As equipas são frequentemente distribuídas geograficamente, o que obriga a mais diversidade, e os resultados são, como tal, positivos para a produção da equipa, mostra a referida pesquisa.

São alguns os exemplos citados pelo referido site e que representam a resiliência impulsionada pela diversidade como é o caso da GitHub, uma plataforma de desenvolvimento de código aberto com mais de 50 milhões de programadores.  Ainda que a pandemia tenha reduzido mais a atividade dos programadores em algumas regiões, em algum momento a diversidade geográfica da comunidade mitigou o impacto dessa situação na vida da plataforma. Aliás, é uma realidade que já acontece em certas alturas do ano, como no Natal, no mundo ocidental, e no Ano Novo Lunar, na China, em que algumas regiões do mundo ficam a diferentes velocidades e umas colmatam as falhas de outras.

O nosso dia a dia é impactado por open source de inúmeras maneiras –  Netflix, Mac OS, Nintendo Switch, televisores Panasonic ou WhatsApp são apenas alguns dos produtos construídos com código aberto –  e por isso, com a crescente importância do código nas inovações tecnológicas, a diversidade, a igualdade e a inclusão adotadas pelas empresas deste setor de atividade terão um impacto positivo em toda a indústria de tecnologia.

Mas existem desafios que podem ser ameaças reais à diversidade em tecnologia e ao seu poder inovador, como lembra a Fast Company, já que a comunidade de desenvolvimento de software ainda é maioritariamente branca  deixando as pessoas de cor sub-representadas. Quase 92% dos programadores profissionais são homens, de acordo com o estudo global 2020 StackOverflow.

Os mesmos investigadores que descobriram que a diversidade no universo do código aberto melhora a produção da equipa, também observaram que a sua “cultura hacker tende a ser hostil às mulheres” e que a “discriminação ativa” em relação às mulheres leva-as a duvidar das suas capacidades profissionais. O desenvolvimento de software, que impacta empresas e organizações em todo o mundo, só será mais forte se incluir mais expertise, mais pontos de vista e mais experiências de vida, vaticina a análise divulgada pela Fast Company.

Os eventos do ano passado com o início da pandemia evidenciaram que todas as mentes e soluções inovadoras eram necessárias para ajudar a levar a tecnologia adiante. A comunidade de programadores revelou-se fundamental ao lançar inúmeras iniciativas de combate a pandemia através de funcionalidades como a notificação de exposição a vírus, o design de ventiladores e melhores ferramentas de diagnóstico.

Também no ano passado, os protestos pela justiça social expuseram deficiências sociais e a já referida Cloud Native Computing Foundation (CNCF) em conjunto com a Inclusive Naming Initiative (INI), uniram forças para ajudar a remover linguagem prejudicial, racista e pouco clara no desenvolvimento de software, o que incluiu termos como whitelist (lista branca), blacklist (lista negra), master (amo, mestre), slave (escravo) e outros.

Por sua vez, a Linux Foundation, organização sem fins lucrativos da CNCF, anunciou o projeto Software Developer Diversity and Inclusion (SDDI), que irá explorar, avaliar e promover as melhores práticas para aumentar a diversidade e a inclusão em todos os processos da engenharia de software.

Numa primeira fase, começou por deixar algumas sugestões aos criadores individuais de software: façam formação de preconceitos inconscientes. A maioria não sabe quando está a ser acidentalmente exclusiva. Estar informado é o primeiro passo; torne-se um aliado, ou seja, apoie colegas que são minorias sub-representadas ou voluntarie-se junto de organizações que trazem as minorias para a tecnologia; Estudos mostram que ter mentores ajuda a melhorar a diversidade de uma organização e a catapultar o sucesso individual; Escreva código inclusivo e remova do vocabulário termos que promovem o preconceito.

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