Opinião
Desafios da liderança no mundo digital
Partilho convosco o último encontro dos “Novos Líderes”, iniciativa promovida pelo GRACE e que pretende estimular uma reflexão crítica sobre os desafios que se colocam aos líderes das empresas do presente e do futuro.
A sessão que ocorreu no início de maio, foi sobre liderança no mundo digital e todos os intervenientes reconheceram a pertinência e complexidade da questão. A desmaterialização dos processos e a virtualização das relações funcionais exigem uma enorme capacidade de adaptação dos gestores e uma versatilidade permanente.
Em cima da mesa estiveram os tópicos da gestão dos recursos humanos à distância, da avaliação de desempenho das equipas virtuais, do teletrabalho, da comunicação e do fim do emprego, tal como o conhecemos.
Sem alarmes ou dramas, é fundamental encararmos de frente estes temas e perspetivar uma sociedade, onde os direitos laborais devem ser reafirmados e a representação dos trabalhadores ajustada aos novos perfis, motivações e modos de estar e ser.
Não podendo fugir da evolução e procurando tirar partido de todas as vantagens que daí advêm, urge perceber como podemos manter uma perspetiva ética e humanizada das organizações e como podemos encontrar o melhor dos dois mundos: o desenvolvimento e coesão social e a inevitável redução de postos de trabalho.
Tempo de invocar Agostinho da Silva e o seu direito ao ócio, e tempo de reformular todo o sistema de segurança social e a própria sociedade, excessivamente dependentes do trabalho e do salário.
Se soubermos equilibrar estes fatores e encontrar outras formas de financiamento da proteção social, podemos encarar sem angústia a irreversível caminhada para a robotização das funções e assumir que não se trata da desvalorização do ser humano, mas, ao contrário, a sua libertação para funções mais criativas e nobres.
Utopia? Talvez, mas foi sempre a utopia que fez avançar o mundo!