Como transformar uma ideia maluca num negócio rentável?

Esqueça o que os outros pensam e lance o seu negócio. O conselho é de Markos Kern, fundador da Fun With Balls, que partilha quatro teorias para fazer com que ideias “estapafúrdias” possam ser uma porta de entrada para o mundo do empreendedorismo.
Markos Kern começou com 20 anos a criar instalações artísticas em discotecas. Depois lançou-se em projetos “mais estranhos e mais maravilhosos”, como a criação da primeira escola de surf na Coreia do Norte. Atualmente, está a tentar resolver um dos maiores problemas do mundo desenvolvido: a inatividade juvenil. Para tal, juntou a tecnologia, o desporto e os negócios ao mesmo tempo que tenta reverter a diminuição dos níveis de participação e melhorar o desempenho profissional em desportos com bola.
Apesar de o seu percurso se pautar mais pelo instinto do que pelo planeamento prévio, Markos Kern, hoje fundador da Fun With Balls (FWB), desenvolveu algumas teorias que podem ser aplicadas por qualquer pessoa na sua viagem pelo mundo do empreendedorismo, segundo o Entrepreneur. Ora veja.
1. Lançar-se sozinho não é o mesmo que estar sozinho
Quando, aos 21 anos, Kern lançou o seu primeiro negócio não tinha experiência, nem recursos, nem mesmo uma rede de contactos para se apoiar. No seu negócio atual, a Fun WIth Balls, foi a primeira vez que teve de lidar com investidores e reportar a uma administração. “É uma curva de aprendizagem bastante íngreme! Em alguns casos, caminhar sozinho tem as suas vantagens, já que nos torna mais cuidadosos e ponderados nas nossas decisões, uma vez que não há chão onde cair. Mas estar sozinho não significa isolamento”, conta. 90% dos seus primeiros negócios foram lançados em ambientes como os das festas e o das discotecas. O importante é aprender como integrar pessoas no momento certo, conquistá-las com a nossa visão e convencê-las a embarcar na aventura connosco, aconselha.
2. Desenvolver uma mentalidade verdadeiramente internacional
Se queremos ser empreendedores, precisamos de perceber como funciona o mundo. A melhor forma de o fazer é participar ativamente nele. “Mantenho-me em movimento constante à volta do mundo, como orador em conferências ou apenas a conhecer pessoas interessantes. Tenho a mesma atitude seja num voo para Hong Kong para jantar com alguém ou em ir buscar uma sanduíche no café da esquina. Vou para onde o vento me leva”, frisa o fundador da Fun With Balls.
“Gosto de fazer amigos em qualquer país e vindos de qualquer cultura. Viajar para a Coreia do Norte foi uma decisão de última hora apenas para ver como aquilo era, o que me deu possibilidade de criar a primeira escola de surf do país. Da mesma forma que foi um convite para jogar squash e me fazer pensar: isto seria dez vezes mais fixe se houvesse um ecrã onde bater a bola. A partir daí, tive de perceber como fazê-lo e como vender a ideia”, acrescentou.
3. A única maneira de mudar alguma coisa é criar um negócio à sua volta
Um negócio torna-se tão mais interessante e gratificante quando tem autenticidade e propósito. No início da sua carreira, Kern ganhou uma boa quantidade de dinheiro, viajou pelo mundo em classe executiva, criou instalações artísticas, trabalhou em publicidade e artes visuais e divertiu.se imenso.
Mesmo assim, nunca tinha tido um verdadeiro propósito nos seus negócios até criar a FWB, que ambiciona combater um dos maiores problemas da atualidade: pouca atividade física, sobretudo entre os mais jovens. Contudo, não chega a ter um propósito nobre. É preciso motivar outras pessoas a alinhar na ideia. Construir um ecossistema à volta de um conceito só funciona se for rentável para todos os envolvidos. E, claro, assim que alguém é “seduzido” fica automaticamente interessado em ajudar-nos a ser bem sucedidos. Temos também de estar preparados para mudar à medida que vamos evoluindo de forma a aproveitarmos as oportunidades, seguir o impulso do momento e aumentar a velocidade. Só assim conseguimos criar verdadeira mudança, explica Kern.
4. Cace o mamute com uma pedra
“Durante toda a minha vida, tive pessoas inteligentes a abanar a cabeça, incrédulas perante as minhas ideias malucas. Contudo, acredito piamente que fazer as coisas acontecer, mesmo quando os outros pensam que é uma ideia estúpida, é o princípio fundamental do empreendedorismo. A nossa mentalidade tem de mudar do `porquê´ para o `porque não´ e depois rapidamente para o `como´. Todas as grandes conquistas da Humanidade começaram com estas simples mas importantes perguntas”, conta Kern.
Com a FWB, Kern e a equipa passaram a analisar o impacto económico da inatividade física, avaliado em cerca de 2,4 trilhões de dólares (cerca de 2,1 biliões euros), isto é, inúmeras vezes o tamanho das maiores empresas do planeta. Imagine conseguir mover a direção deste valor através de um negócio? A mudança que pode ser feita e, sim, o dinheiro que pode ser ganho. Mesmo que haja apenas uma pequena hipótese, tentar “atingir um mamute com uma pedra” é a única forma de começar uma viagem pelo mundo do empreendedorismo, conclui Kern.