Como 3 pequenas empresas norte-americanas enfrentam a Covid-19

O que podem ter em comum a dona de uma loja de tacos (a famosa comida mexicana), um fisioterapeuta e uma especialista em eventos? São todos proprietários de pequenas empresas nos Estados Unidos e lutam por preservar o negócio em plena pandemia da Covid-19.

Os três empreendedores, Bettina Stern, Fred Gilbert e Charlotte Reid são, segundo a Forbes, exemplos inspiradores de como os negócios de pequena dimensão estão a usar a criatividade, as ligações e a comunidade para sobreviver perante as adversidades que se vivem nos EUA. À Forbes, partilharam as suas experiências e a forma como estão a lutar para manter as portas abertas.
Bettina Stern, coproprietária da Chaia Taco, por exemplo, tem dois restaurantes em Washington, onde se esforça por proporcionar uma experiência de comida requintada com a conveniência do serviço rápido. Já Fred Gilbert, coproprietário e chief people officer da MovementX, disponibiliza fisioterapia ao domicílio, o que ajuda os clientes a receber atendimento de qualidade no local que escolherem – sem filas, sem tempos de espera, sem idas a uma clínica.

Por sua vez, Charlotte Reid, cofundadora e chief visionary officer da Reid-Rodell, uma empresa de eventos com serviço completo, é especializada na criação de experiências únicas e memoráveis. Produz eventos de todos os tipos e tamanhos, incluindo captação de fundos para partidos políticos, receções sociais e de negócios, conferências, lançamentos de marcas, grandes galas sem fins lucrativos, ou reuniões sociais.

São três casos, de setores de atividade distintos, mas com problemas comuns. Bettina Stern lembra que este foi sem dúvida o momento mais difícil que já enfrentou com as vendas da Chaia a caíram mais de 80%. A 15 de março encerraram o serviço regular de refeições para proteger a equipa, os clientes e a comunidade.

Como seria previsível, também para Fred Gilberto o impacto inicial da pandemia e do confinamento “foi uma queda drástica no negócio, em termos de clientes e de fornecedores”. À medida que as pessoas entraram em confinamento, tornou-se evidente que o distanciamento físico teria um enorme impacto na maneira como a sua empresa de fisioterapia  lidava com os pacientes. Para sobreviver, teria de encontrar formas alternativas de prestar um atendimento seguro e de qualidade neste novo ambiente.

No caso de Charlotte Reid com um negócio baseado em reuniões/ajuntamentos de pessoa, perdeu logo, no início da pandemia, 95% dos eventos programados para o segundo trimestre. Também ela percebeu que tinha de ajustar rapidamente o seu modelo de negócio.

A mudança necessária

Tal como muitos na restauração, a Chaia da empreendedora Bettina Stern tentou adaptar-se o melhor possível ao ambiente Covid-19. Passou a ter opção de take-out e de entrega, limitou o horário de atendimento e adotou um menu simplificado. Isto ajudou a minimizar a exposição dos funcionários e a reduzir os custos. Agora em cada loja opera com uma equipa de duas pessoas: os proprietários e um colaborador de cozinha.

A grande mudança  na MovementX de Fred Gilbert deu-se na maneira como passaram a lidar com os clientes: de 100% de atendimento pessoal para telessaúde, e algumas sessões em pessoa com distanciamento social em que paciente e terapeuta mantêm 2 a 3 metros de distância. Também lançámos uma série de exercícios virtuais projetados para a população mais afetada pela pandemia – os idosos – porque muitos tornaram-se sedentários de um dia para o outro, com os movimentos quotidianos restringidos de forma dramática. “A fisioterapia tem um papel importante para manter a sociedade em movimento e a viver da melhor forma possível, para que continuemos a avançar e a inovar durante esta crise”, lembra aquele empreendedor.

A atuar num setor que vive da presença de pessoas, a fundadora da Reid-Rodell acredita que casamentos, batizados e aniversários ainda precisam e merecem ser comemorados; que funerais e ocasiões que alteram a vida devem ser honrados; que as angariações de fundos e eventos filantrópicos são críticos para o funcionamento de organizações sem fins lucrativos.

Portanto, Charlotte Reid transformou o seu modelo de negócio para produzir eventos virtuais em parceria com empresas que fornecem o suporte técnico para executar serviços inovadores. Devido aos aspetos técnicos dos eventos virtuais, dedicaram algum tempo a “educar” os clientes sobre a importância do uso de serviços virtuais especializados. O objetivo é tornar a experiência perfeita, com uma abordagem personalizada.

Planear o futuro

Esta pandemia global tem sido um desafio para Fred Gilbert, confidenciou à Forbes. No entanto, diz, vê muitos sinais de resiliência que lhe dão esperança, até porque os pacientes da sua empresa de fisioterapia estão mais dispostos do que nunca a explorar as opções digitais. “No futuro, vamos apoiar-nos na força da nossa comunidade para continuar a inovar e a cuidar uns dos outros. Os pacientes vão continuar a ter maiores medidas de segurança para garantir que se sentem tão seguros e inspirados como sempre.Os fornecedores vão ter mais recursos à sua disposição e uma comunicação mais forte com a nossa equipa. A fisioterapia tem um papel importante a desempenhar para manter a sociedade em movimento e a viver da melhor forma possível, para que continuemos a avançar e inovar durante esta crise”, justificou.

Também Charlotte Reid pensa no futuro e está constantemente à procura de novas formas de fornecer qualidade aos clientes, desde a adoção de soluções tecnológicas inovadoras e contínuas até às parcerias com outras empresas. “Esta pandemia tem implicações de saúde, sociais e económicas a longo prazo para todos. Como tal, estamos a trabalhar para a adoção permanente de novos processos internos e ajustar o nosso modelo de negócio para incluir soluções ideais para eventos virtuais. Estamos a enfrentar este golpe como um coletivo, por isso estamos a consultar parceiros e clientes para os ajudar a agir de maneira criativa para manter os seus negócios e organizações a funcionar. Não é altura de nos focarmos apenas nos resultados financeiros”, citou-a a Forbes.

Um processo de aprendizagem
“Mantenha-se essencial e relevante. Vá mais além e cuide da sua equipa. Lidere com coração. Lidere pelo exemplo, de cima. Trabalhamos ao lado dos nossos colaboradores todos os dias para manter o ânimo e conservar os seus empregos, para que possam sustentar as famílias. Olhe para o futuro e ajude os membros da equipa a enfrentar esta tempestade”, aconselha empreendedora Bettina Stern.

De olhos posto no futuro, Fred Gilbert recorda que ninguém planeia fases como esta. “Pensávamos que este setor era à prova de recessão: que, independentemente das circunstâncias, as pessoas precisariam de fisioterapia. Como a nossa profissão encabeça as listas de empregos com procura nos próximos dez anos, nunca imaginámos este cenário. Desde o início que optámos por ser proativos e criar o nosso futuro; escolhemos ser os autores da nossa história”.

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