Opinião

Cara e coroa do digital

Pedro Celeste, diretor-geral da PC&A

O mundo digital vem criando inúmeras oportunidades a muitas empresas e marcas de se projetarem aquém e além-fronteiras, por força da globalização da internet.

Muitas têm sido as empresas que, limitadas nos seus recursos financeiros, não podiam comunicar o seu negócio nos meios publicitários tradicionais, mas que agora encontram essa oportunidade pela facilidade de exposição aos olhos de quem procura produtos e serviços. Por exemplo, para inúmeras empresas que operam em mercado B2B, o marketing digital serviu de panaceia para resolver um problema de notoriedade.

A parte boa desta realidade é aquela que nos projeta para um incremento da visibilidade do nosso negócio e nos permite atingir mercados que antes estavam esquecidos ou longínquos. Aumentam as leads, os contributos de comentários de clientes, a interação com o mercado e a capacidade para estar mais apto a criar valor para os clientes. É a face da moeda que queremos transmitir, isto é, a cara com que nos pretendemos dar a conhecer.

Mas todas as moedas têm 2 faces: o seu lado obscuro ocorre quando a nossa empresa ou marca se vê confrontada com comentários destrutivos que dificilmente desaparecem se não obedecermos às regras principais da comunicação e nos desfocarmos do essencial. E mesmo assim, nada nos garante que consigamos impedir um passa-palavra negativo, muitas vezes propagado por “influencersanti”, isto é, pessoas cuja missão é ajudar destruir a imagem das marcas aos olhos do mundo. É triste, mas é uma realidade! É a face da coroa.

Todas as empresas e marcas estão sujeitas à crítica, sobretudo se estão cada vez mais expostas. Mas é aqui que se coloca o tema central dos dias de hoje no que concerne ao policiamento dos abusos na comunicação online e à necessidade premente de desenvolver algoritmos através da inteligência artificial que controlem o ódio na comunicação.

Uma das plataformas que enfrenta este desafio de forma constante é o Facebook, que tem ao seu serviço 35.000 moderadores (sempre há lado humano no digital), mas que são insuficientes para controlar toda a comunicação abusiva. Para além disso, a empresa tem investido como nunca em especialistas em inteligência artificial e desenvolvido algoritmos que visam controlar os mais de 2 mil milhões de incidentes com contas falsas.

Enquanto os algoritmos da inteligência artificial levarem meses a descortinarem as mensagens abusivas, o problema só tende a perdurar e aumentar de forma exponencial. E só no dia em que se conseguirem detectar as infrações num espaço de 5 a 10 segundos, é que se vai começar a resolver o problema.

O investimento contínuo em recursos humanos capazes de criar a inteligência artificial com a finalidade de tentar resolver o problema da informação contaminada será uma realidade. Vai levar algum tempo e muito investimento.

Não deixa de ser curioso pensar que são os recursos humanos, com o seu saber e ciência, aqueles a quem incumbe tornar reluzentes as 2 faces da moeda digital.

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Pedro Celeste

Pedro Celeste

Doutorado em Gestão pela Universidade Complutense de Madrid. Diplomado pelo INSEAD, London Business School, Wharton School, University of Virginia, MIT Management Sloan Management School, Harvard Business School, Imperial College of London, Kellogg School of Management de Chicago e IESE Business School. Na Católica Lisbon School of Business & Economics é Diretor Académico dos Executive Master in Management e coordenador do Programa Avançado de Marketing para Executivos, do Programa de Gestão Comercial e Vendas, do Programa de Gestão em Marketing Digital... Ler Mais..

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