Opinião
Caminhos Futuros

Nos últimos tempos, os acontecimentos políticos têm evidenciado, de forma cada vez mais clara, a crescente interdependência entre a geopolítica e a agenda do desenvolvimento sustentável.
A polarização política internacional tem dificultado o avanço de acordos globais, como o Acordo de Paris, enquanto o apoio ao Green Deal dá agora lugar a debates sobre a forma e o calendário de implementação dos principais pacotes legislativos. Ao mesmo tempo, sanções económicas e conflitos regionais impactam diretamente as estratégias e os planos de países e empresas.
Paralelamente, torna-se incontornável a necessidade de uma ação concertada para reverter os impactos na saúde do planeta. Segundo a mais recente publicação do Centre for Nature and Climate – State of Nature and Climate –, a estabilidade do planeta encontra-se seriamente comprometida, com seis dos nove limites planetários já ultrapassados. Em 2024, o aquecimento global atingiu 1,54°C acima dos níveis pré-industriais, intensificando eventos climáticos extremos e comprometendo a capacidade da natureza de absorver carbono.
O panorama da ação corporativa também é desafiador: de acordo com a mesma publicação, apenas 10% das empresas a nível global demonstram progresso tangível nos seus objetivos climáticos e ambientais, e apenas 1% atinge os mais altos padrões de desempenho. Apesar dos avanços, persistem lacunas significativas na integração da sustentabilidade nas cadeias de valor, na gestão e na proposta de valor das empresas.
No entanto, a mesma publicação do Centre for Nature and Climate demonstra que desempenho financeiro e objetivos sustentáveis não são mutuamente exclusivos. Empresas líderes que integram a sustentabilidade nas suas estratégias corporativas, organizações com metas ambientais robustas e alinhadas com a ciência apresentam um desempenho financeiro comparável ao das demais, provando que sustentabilidade e lucro podem coexistir.
Diante de riscos crescentes, mas também de oportunidades emergentes, o compromisso e a ação do setor corporativo serão determinantes para garantir um futuro resiliente, onde desenvolvimento económico e sustentabilidade caminhem lado a lado.
A ambição, a inovação e a motivação que testemunhei nos CSO Awards Europe 2025 renovaram o meu otimismo em relação a um futuro promissor, que beneficie as pessoas, o planeta e, claro, as empresas.
É com este compromisso que, no GRACE, continuaremos a promover a colaboração e a ação, acelerando o desenvolvimento sustentável. Afinal, ESG é bom para o negócio!
*Isabel Barros, em representação da Sonae SGPS