Burnout na liderança: cuide-se para liderar bem

Ninguém me contou isto no início da minha jornada profissional: liderar consome. Se não aprendermos a gerir a nossa energia, o corpo e a mente acabarão por cobrar o preço. E um preço bem caro!

Durante anos, glorificou-se a imagem do CEO incansável, sempre ligado, que sacrifica tudo pela dedicação ao trabalho. Eu fui essa CEO. E paguei o preço. Esse preço chama-se burnout, e ele não afeta apenas os líderes. O burnout desfaz relações, bloqueia equipas e enfraquece empresas. Uma mente exausta não decide com clareza, não inova e não inspira. Líderes exaustos isolam-se, perdem o discernimento necessário para tomar decisões. Confundem esforço contínuo com empenho e esgotamento com dedicação.

Ao longo de três décadas, aprendi da forma mais difícil que o corpo não é um detalhe. Cuidar da saúde física, mental e emocional não é um luxo, mas sim um investimento essencial. O líder que não se cuida está a arriscar não só a sua saúde, mas também a saúde da sua organização.

Já vi empresas enfraquecidas porque os seus líderes simplesmente não tinham energia. Estratégias adiadas, decisões falhadas e equipas desmotivadas são reflexos de uma cultura onde a exaustão é vista como mérito. Um líder que vive no limite conduz a organização a um estado crónico de desequilíbrio.

Liderança e bem-estar andam de mãos dadas

O burnout nos líderes é sistémico e impacta toda a cultura organizacional. Se os líderes não param, ninguém mais se sente autorizado a fazê-lo. Por isso, quero deixar uma mensagem clara para jovens CEOs e aspirantes à liderança: liderar é uma maratona, não um sprint sem fim. E nenhum líder pode oferecer o seu melhor sem energia, equilíbrio e presença.

• Dormir bem é uma competência de gestão.
• Estabelecer limites é inteligência emocional.
• Desligar e reservar tempo para hobbies ou família não é um luxo, mas sim um requisito para longevidade no cargo.

Nunca é tarde para reaprender a cuidar de si. Reconhecer que não somos invencíveis não é fraqueza – é maturidade. Pedir ajuda, descansar e delegar mostram mais força emocional do que viver em exaustão.

O custo do sacrifício não cria valor

Quando olho para trás, sei que poderia ter liderado com mais criatividade e ponderação se tivesse priorizado o meu próprio bem-estar antes. Por isso, quero partilhar esta lição com quem se encontra nos desafios e prazeres da liderança de hoje.

O seu sacrifício pessoal não gera valor. O que realmente importa é a sua energia renovada, o seu discernimento e a sua presença. A empresa reflete a saúde do seu líder. E um líder exausto conduz a organização para o abismo. Cuide-se. Não só por si, mas pelo impacto positivo que isso terá nos outros e no legado que deixará.

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