Brasil mobiliza start-ups e investidores para melhorar as condições de vida nas favelas

O projeto brasileiro junta o Instituto Gerando Falcões e a Accenture. O programa “Favela Beta” quer acelerar start-ups que desenvolvam soluções para as favelas em domínios como o saneamento básico e a saúde.

O Brasil continua a gerar uma série de iniciativas para tentar melhorar a qualidade de vida dos habitantes das suas favelas. A mais recente, divulgada no final de maio, é promovida com a ajuda de empresas e investidores que vão ajudar a escalar as inovações criadas pelas start-ups.

Chama-se “Favela Beta” resulta de uma parceria entre a ONG Gerando Falcões e a consultora Accenture e tem como meta imediata resolver problemas de habitação, saneamento básico e saúde, entre outros, que afetam aquelas comunidades.

Edu Lyra, fundador e CEO da ONG, explicou à imprensa brasileira que o propósito do projeto é “desenvolver o Brasil a partir das favelas”. O programa “Favela Beta” vai apoiar quer as inovações criadas por start-ups, quer as desenvolvidas dentro das próprias favelas quer as que surjam fora daquelas comunidades, mas que apresentem propostas de valor para as favelas.

Os promotores da iniciativa explicaram que as áreas de atuação deste programa foram definidas com base num outro, o Favela 3D, igualmente implementado pela Gerando Falcões. Os pilares base deste trabalho, que têm uma abordagem prática e sustentável, são: moradia digna, criação de rendimento, acesso à saúde, cidadania e cultura de paz, cultura, desporto e lazer, direito à educação, primeira infância e autonomia da mulher.

O diretor da Accenture Ventures para a América Latina, esclareceu também que a lógica adotada é semelhante à de uma incubadora, mas com o movimento de criação “de dentro para fora, e não de fora para dentro”.

A partir das ideias propostas, o programa selecionará as prioridades e vai testar protótipos e ajustá-los de acordo com as necessidades das comunidades, até que possam ser produzidos comercialmente e escalados.

Já estão em desenvolvimento alguns projetos concretamente no domínio do saneamento básico. Um deles, da autoria de voluntários e moradores do bairro de Vergel do Lago, um dos mais antigos de Maceió, em Alagoas, envolve o uso de fossas ecológicas e biodigestores para coleta e tratamento de água e esgoto e conta com o apoio da BRK Ambiental, um dos primeiros parceiros do “Favela Beta”.

O fundador e CEO da ONG acredita que das favelas podem sair novos modelos económicos, tecnologias de comunicação, aplicações de sistemas de transformação de resíduos sólidos em energia renovável e outras soluções verdes que possam ser replicadas em todo o Brasil. “O mundo vive uma grande encruzilhada do ponto de vista ambiental e social e a favela pode se transformar numa fábrica de soluções para esses desafios”, afirmou publicamente Edu Lyra.

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