Brasil: 60% dos negócios nas favelas são liderados por mulheres

40% dos empreendedores das favelas empreendem por necessidade seja para manter a casa ou a família, conclui estudo do Investe Favela.
60% dos negócios nas favelas são liderados por mulheres, 44% dos donos de empreendimentos têm entre 18 e 34 anos – pertencem às gerações Y e Z – e a maioria são pessoas de cor. A conclusão é de um estudo realizado pelo Novo Outdoor Social (NÓS) que entrevistou mais de 870 empreendedores das favelas no passado mês de agosto.
“O empreendedorismo tem um potencial de transformação grande para a vida dos moradores das comunidades periféricas brasileiras e os dados da pesquisa traduzem esse cenário. As marcas, ações governamentais e órgãos precisam de adaptar a sua comunicação para este público, de jovens empreendedores, e que podem movimentar ainda mais a economia do país se tiverem acesso a investimentos e ações que conversem com as suas realidades”, explica Emilia Rabello, fundadora e CEO do NÓS.
Segundo o estudo Persona Favela, que foi encomendado pela empresa de filantropia Investe Favela, a maioria dos negócios é relativamente recente – visto que, na pesquisa, 50% dos entrevistados afirmaram que os seus negócios têm, no máximo, três anos, enquanto 28% estão em atividade há mais de 5 anos.
Entre as maiores dificuldades que enfrentam, os empreendedores referem a ausência de capital para iniciar ou manter o negócio (55%). Por esse motivo, 18% dos entrevistados dizem já ter recorrido ao crédito de instituições financeiras para financiar a atividade, abrir ou expandir negócios.
40% dos empreendedores das favelas empreendem por necessidade seja para manter a casa ou a família. 35% dos empresários das favelas contam apenas com um funcionário.
Já 34% afirmam que empreendem para obter independência financeira, enquanto 32% empreende para ser o seu próprio chefe. Em relação à faturação média, 48% dizem faturar entre 2 a 4 mil reais (0,38 e 0,75 euros) por mês. 10% dos empreendedores têm negócios no setor alimentar como bares e restaurantes, 8% vendem bolos, doces ou salgados e 7% têm lojas de roupas e acessórios. 28% dos empreendedores contam com outra fonte de rendimento.
Ainda segundo a pesquisa, 57% das empresas das favelas não têm Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) – o que em Portugal é o equivalente ao Registo Nacional de Pessoas Coletivas. O índice melhora entre os homens, visto que 52% das empresas entre o público masculino são negócios com CNPJ. Porém, o número mais baixo está entre os negócios de indústrias e produção própria, onde apenas 25% dos negócios contam com CNPJ.
62% dos entrevistados são de cor, 46% contam com o ensino médio completo, 38% são homens, 37% vivem na região sudeste, 35% são solteiros e 29% têm entre 25 a 42 anos.