Brad Smith: “Quanto mais potente a ferramenta, mais potente a arma”
Na Web Summit, o presidente da Microsoft falou das mudanças grandes que estão a acontecer e deixou o alerta sobre o que diz poder ser uma arma. Há ferramentas que se podem tornar armas, defendeu ontem Brad Smith, no palco principal.
Brad Smith acredita que todas as ferramentas se podem tornar numa arma e que este é o maior risco da inteligência artificial. “Quanto mais potente a ferramenta, mais potente a arma”, referiu, acrescentando que acredita que as empresas de tecnologia devem trabalhar ao máximo para que o avanço tecnológico não se torne num risco para a sociedade.
O responsável da Microsoft comparou o papel da inteligência artificial ao motor de combustão que mudou toda a economia há três décadas. “Cabe-nos a nós pensar o que isto significa e no impacto na sociedade e refletir num facto fundamental, as questões são tão velhas como a tecnologia”.
Na sua visão, é essencial que empresas como a Microsoft se debrucem sobre os princípios éticos no que à inteligência artificial diz respeito. “É necessário dar um passo para trás. Isso não quer dizer que devemos deixar de avançar. Mas temos de o fazer da maneira correta, sem esquecer das pessoas. Precisamos dar prioridade às pessoas. O avanço tecnológico não pode deixar a sociedade para trás”, frisou.
Smith sublinhou ainda a importância de as tecnológicas trabalharem em cooperação com os governos, nomeadamente na questão da proteção da privacidade, “um direito humano fundamental, numa era em que tudo se tornou digital”.
Referindo-se ao filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick, lançado em 1968, o presidente da Microsoft defendeu que as pessoas foram educadas para encarar a Inteligência Artificial (IA) como uma ameaça, devido ao seguinte argumento várias vezes repetido: os seres humanos criam as máquinas, ensinam-nas a pensar e elas começam a escravizar os criadores.
“Nós [na Microsoft] estamos focados nas questões éticas inerentes ao avanço da IA”, afirmou, defendendo que as máquinas vão de facto “tomar decisões que anteriormente eram tomadas por pessoas”.
O presidente da Microsoft aproveitou ainda para enumerar as tendências tecnológicas da próxima década que passam pela computação quântica, 5G e inteligência artificial generalista (AGI).