Entrevista/ “É muito bom devolver às pessoas a boa energia e autoestima”

Valéria de Oliveira, fundadora e CEO da Clínica Maria Bonita

Na Clínica Maria Bonita, no Lumiar, são atendidos diariamente cerca de 33 clientes por uma equipa multidisciplinar de esteticistas certificadas, massoterapeutas e formadoras com CAP, conta Valéria de Oliveira, que deixou para trás uma carreira na banca, para se dedicar a ajudar os outros a sentirem-se bem consigo próprios.

A Clínica Maria Bonita existe desde 2012 e nasceu do sonho de unir os tratamentos mais inovadores do mercado a um atendimento personalizado. Com quatro anos de existência, soma mais de 2000 clientes atendidos nas suas instalações com 145m2 e divididas em cinco gabinetes médico-estéticos climatizados e com sonorização, marquesas elétricas e materiais totalmente descartáveis, no Lumiar.

Valéria de Oliveira, fundadora e CEO da Maria Bonita, está há 15 anos em Portugal, tendo deixado para trás uma carreira na banca e em empresas de serviços. Depois de passar por uma empresa de estética, a luso-brasileira de 48 anos decidiu criar o seu próprio negócio, sem recorrer a empréstimos bancários ou créditos e, hoje em dia, oferece tratamentos que considera inovadores e que são ajustados a cada cliente. No entanto, o seu objetivo é sempre o mesmo: ajudar mulheres e homens a sentirem-se bem “sem jogos e manipulação”.

O que leva uma gestora luso-brasileira, com uma vasta carreira de direção, desde bancos a empresas de serviços, no Brasil, a largar tudo e a vir para Portugal para criar a sua própria empresa?
Na parte pessoal, a necessidade de estar num país com a liberdade de andar sem o stress do excesso de violência e de criminalidade. Na parte profissional, a paixão de proporcionar resultados em tratamentos de estética, sem jogos, sem manipulação de resultados, com o objetivo de desenvolver um espaço com serviços de estética e bem-estar, não só para mulheres magras, mas também para a “Mulher” ou o “Homem” com toda a sua realidade e necessidade individual de ser.

O que a inspirou?
A vontade de mudar o mercado da estética. Quando trabalhamos com paixão e transparência, tornamo-nos um forte aliado das mulheres e homens em todo o mundo. O pragmatismo em fazer um sonho de vida valer a pena, dentro deste mercado. O desafio de acreditar que um diagnóstico estético não é o destino de nenhum cliente.

Porquê a estética, já que é uma área tão explorada e com grandes cadeias a operar no mercado?
Uma área mal explorada neste caso. Numa grande fatia deste mercado, o cliente é um número e não há o objetivo de atingir um resultado que vá ao encontro das suas necessidades. Por isso, não considero que tenhamos concorrência. Podemos ter concorrência noutros aspetos, mas, no que toca à nossa vontade, ao desenvolvimento de trabalho em gabinete, ao acompanhamento e resultados na área, somos únicos, no meu ponto de vista.

Como se consegue distinguir e competir com os grandes players do mercado?
Sendo sempre a mesma, independentemente de opiniões e críticas da concorrência. O segredo é nunca perder o foco e jamais deixar de olhar o cliente como se fossemos nós.

Quais os maiores entraves que encontrou na criação da empresa ao longo destes anos de atividade e como os contornou?
Investimento financeiro. Sempre procurei a qualidade, pois só acredito no resultado com qualidade, seja na contratação do melhor profissional, seja na aplicação dos melhores produtos no corpo/rosto do cliente, seja na utilização das aparatologias. Deparei-me com muitas dificuldades, pois temos de fazer muito investimento em materiais.

Todo o material descartável, higienizado, marcas de primeira linha para trabalhar em gabinete, técnicas com formação contínua, aparatologia de 1ª geração, revisão e manutenção de máquinas… enfim temos de criar todo o contexto, para que os resultados sejam possíveis e reais.  Contorno tudo sempre com muito boa disposição. Procuro permanentemente sempre as melhores aparatologias, com os melhores resultados, custos mais reduzidos e com boas parcerias neste mercado.

Há diferenças entre gerir um negócio em Portugal e no Brasil?
Muitas diferenças. Perfis muito distintos e uma forte necessidade de adaptação ao mercado, seja o brasileiro, angolano ou português.

Quem mais a procura e o que pretendem os portugueses na área da estética?
É um misto. O público feminino ainda tem uma maior procura do que o masculino, mas esta tendência tem vindo a ser alterada nos últimos anos, o que é ótimo! O público feminino está sempre em busca do melhor resultado no corpo e principalmente nos glúteos (grande preocupação das portuguesas). O rosto muitas vezes fica esquecido, infelizmente. Já o público masculino tem como foco a redução de peso e volume abdominal e, de seguida, a eliminação dos pelos. Já se começa a conquistar o rosto dos homens.

Tem parcerias com estéticas no Brasil e em Angola. O que difere em termos de negócio e de cliente nesses mercados?
Não tenho muitas parcerias, tenho algumas. São mercados distintos de atuação e captação. Por isso, tenho muito cuidado e alguns critérios no que diz respeito a “parcerias de trabalho”. O ponto alto de diferencial está no volume de negócios que representa cada um destes países. Nem sempre podemos alinhar em parcerias, quando percebemos que a qualidade, o resultado e a forma de olhar individualmente para cada cliente não acompanha o nosso objetivo de missão, principalmente o que definimos para a Clínica Maria Bonita.

Com uma média de 30 clientes por dia, qual o maior caso de sucesso e o de insucesso que lhe passou pelas mãos até hoje?
Os nossos casos de sucesso são atualizados semanalmente na nossa página em www.mariabonita.pt . É muito bom devolver às pessoas a boa energia e autoestima e, mais do que isso, ajudá-las a perceber o quanto são capazes de estar lindas todos os dias. Insucesso? Só quando o cliente acredita e sonha com milagres que caem do céu e não se esforça para alcançar os seus objetivos.

Qual o maior desafio que enfrentou enquanto empresária?
O desafio da gestão financeira. Sendo uma start-up há 5 anos atrás, unipessoal e sem sócios ou investidor, acreditei que a estética poderia ser real e que o nosso cliente estava pouco esclarecido sobre o assunto, já que acreditava em tudo o que lhe diziam sobre os tratamentos e resultados milagrosos, e tinha necessidade de serviços de estética.

No início, vivi momentos angustiantes, sem poder contar com dinheiro em caixa. Mas sobrevivi e hoje orgulho-me desta difícil caminhada, pois trabalhei decididamente e todos os dias consigo constatar que este é o caminho. Também assumi uma postura de negação, ao não envolver a empresa em empréstimos bancários, crédito e afins. Decidi seguir o caminho das pedras, com o apoio da minha fé e a aposta no meu sonho profissional de fazer uma nova referência neste segmento.

E qual o maior erro e lição aprendida?
O meu maior erro foi fazer, inicialmente, a gestão dos colaboradores com emoção. Dentro deste mercado competitivo, trabalhei com técnicas com muitos maus vícios. Foi, e por vezes ainda é, fazê-las entender que comigo ou trabalham com amor e dedicação ou não trabalham. A vertente humana para a Clínica Maria Bonita tem que “brilhar”, assim como a vertente profissional, caso contrário a sintonia e a missão desta clínica estará comprometida e os seus resultados não irão acontecer da mesma forma. Não abro mão disso. É uma luta que tenho ainda hoje. Todos os dias enfrento o desafio de abrir e fechar as portas com qualidade, resultado e paixão pelo que faço.

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