BEI avalia atitude dos portugueses face às alterações climáticas
O inquérito anual do Banco Europeu de Investimento (BEI) sobre o clima revela que dois terços dos portugueses consideram que a adaptação às alterações climáticas é uma prioridade.
99 % dos portugueses afirmam que é importante que o país se adapte às alterações climáticas, destes, 66 % dizem que é necessário dar prioridade a esta questão, enquanto 95 % concordam que é necessário investir de imediato nessa adaptação para evitar custos ainda mais elevados no futuro.
Estes são alguns dos dados em destaque no inquérito sobre clima, promovido pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), a que se junta ainda o facto de três quartos dos portugueses inquiridos reconhecerem a necessidade de mudar e adaptar o seu estilo de vida aos efeitos das alterações climáticas.
Nesta que é a sexta edição, o Inquérito sobre o Clima, fornece informações sobre a opinião de mais de 24 mil cidadãos da União Europeia e dos Estados Unidos no que respeita às alterações climáticas. Foi realizado pela BVA XSight, de 6 a 23 de agosto de 2024, nos 27 países da União Europeia e nos Estados Unidos.
No cenário nacional, os inquiridos colocaram as alterações climáticas entre os cinco maiores desafios que o país enfrenta, a par da instabilidade política e a seguir ao aumento do custo de vida, ao acesso aos cuidados de saúde, à migração em grande escala e ao desemprego.
A adaptação às alterações climáticas é também encarada como uma oportunidade económica e um investimento a longo prazo para o país, com 95 % dos inquiridos a afirmar que o investimento na adaptação às alterações climáticas pode ajudar a criar emprego e a estimular a economia local (em comparação com 86 % na UE). Já 95 % consideram que essa adaptação exige investimentos no presente para evitar custos mais elevados no futuro (comparativamente a 85 % na UE).
Por outro lado, e embora os inquiridos portugueses reconheçam as oportunidades económicas das medidas de adaptação aos impactos das alterações climáticas, a sua experiência pessoal relativamente a fenómenos meteorológicos extremos aumenta o sentimento de que é urgente agir. Vejamos, 86 % dos portugueses (6% acima da média da UE) foram afetados por, pelo menos, um fenómeno meteorológico extremo nos últimos cinco anos. Mais especificamente, 63 % (8% acima da média da UE) foram atingidos por calor extremo e ondas de calor, 48 % (27% mais do que média da UE) enfrentaram incêndios florestais e 43 % (8% acima da média da UE) foram afetados por secas.
As consequências dos fenómenos meteorológicos extremos são simultaneamente tangíveis e variadas. 71 % dos portugueses inquiridos mencionaram ter sofrido, pelo menos, uma consequência direta de fenómenos meteorológicos extremos, 28 % tiveram florestas ou espaços naturais destruídos perto das suas habitações, 24 % sofreram problemas de saúde (como insolação ou problemas respiratórios) e 19 % enfrentaram perturbações dos transportes.
Neste contexto, os portugueses estão cientes da necessidade de se adaptarem: 77 % dos inquiridos (72 % na UE) reconhecem que terão de mudar e adaptar o seu estilo de vida devido às alterações climáticas; 37 % pensam que terão de mudar-se para um local menos vulnerável ao clima, mesmo que seja na mesma região (para evitar inundações, incêndios florestais ou outros fenómenos meteorológicos extremos); e 30 % afirmam que terão de mudar-se para uma região ou para um país mais fresco.
A maioria dos portugueses (77 %) afirma estar informada sobre as medidas que pode adotar para adaptar eficazmente os seus lares e estilos de vida. No entanto, 53 % continua a desconhecer a existência de subvenções públicas ou incentivos financeiros para apoiar esses esforços.
Os inquiridos portugueses identificaram como prioridades essenciais para a adaptação às alterações climáticas a nível local: educar os cidadãos no sentido de adotarem comportamentos para prevenir e enfrentar fenómenos meteorológicos extremos (52 %); arrefecimento das cidades (38 %); e melhoria das infraestruturas (37 %).