A atividade empreendedora é menos atrativa em países desenvolvidos

A forma como as sociedades olham para os empreendedores e para a competitividade poderá ter influência nestes resultados. A conclusão é de um estudo global que analisou a atividade empreendedora em 48 países.

Há 20 anos que o Global Entrepreneurship Monitor (GEM) estuda mais de uma centena de economias com o objetivo de analisar a atividade dos empreendedores. A edição deste ano, lançada recentemente, não fugiu à regra.

A figura do empreendedor

O empreendedorismo assume várias formas e significados dependendo de onde nos encontramos. Se estivermos em Silicon Valley, os empreendedores são vistos como os veículos de inovação tecnológica do mundo. Mas, se por outro lado, estivermos em economias menos desenvolvidas, como é o caso de Angola, esta prática é vista como uma necessidade.

Seguindo esta ideia, se em certos países a figura de um empreendedor se traduz na pessoa comum do dia a dia, noutros locais estes profissionais são caracterizados através do conteúdo que sai nas entrevistas, artigos e notícias dos órgãos de comunicação e onde o sucesso é, por norma, o principal foco. Nestes últimos, a figura que as pessoas concebem dos fundadores pode ser desvirtuada e a narrativa que gira em torno desta prática pode tornar este caminho menos acessível a uma população mais diversificada.

Por estes motivos, os analistas do GEM defendem que a entrada no universo do empreendedorismo é maior se as pessoas virem os empreendedores como seus pares – pessoas iguais com as mesmas oportunidades.

Padrões na atividade empreendedora

O caminho do empreendedorismo é mais atrativo em países menos desenvolvidos. Os números apresentados este ano não fogem à regra dos apresentados em edições anteriores. O GEM explica que, normalmente, a penetração da atividade empreendedora é menor nos países mais desenvolvidos. Parte da culpa vem da presença das opções alternativas de emprego e dos níveis mais altos de competitividade empresarial – algo que torna a criação de um novo projeto em algo menos atrativo. É por isto que, à exceção de alguns países, esta atividade não é posta em prática tão frequentemente quanto desejado.

Em oposição às regiões mais desenvolvidas, países como Angola, Líbano, Sudão, Guatemala e Tailândia apresentam taxas de penetração da atividade empreendedora substancialmente mais altas. Os EUA, Canadá e Chile são dos poucos países desenvolvidos que fogem à regra e onde esta atividade abrange mais profissionais.

A necessidade cria o empreendedor

As pessoas presentes em países que apresentam menos oportunidades têm uma motivação maior do que as que fazem parte de economias mais desenvolvidas. Entre as nações mais pobres, uma média de 35% dos inquiridos diz ter começado os seus negócios por não ter opções de emprego melhores. Dada a falta de oportunidades, o empreendedorismo apresenta-se como uma forma das pessoas gerarem receitas – algo que acontece com menos frequência em países com rendimentos médios (28%) ou altos (18%). O estudo indica ainda que Angola é o país onde o empreendedorismo por necessidade é mais alto.

Na ponta oposta encontram-se os países da América do Norte e Europa, onde os níveis de necessidade são reduzidos. A Holanda e a Suíça apresentam taxas quase nulas neste campo.

Porém, há países que fogem a estas regras. Numa economia cotada como média como a da Rússia, por exemplo, 40% dos empreendedores inquiridos dizem ter optado por esta via profissional por necessidade. Já na Croácia, uma economia com rendimentos altos, 32% apresentam os mesmos motivos.

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