Opinião
As lições de liderança que gostava de ter aprendido quando comecei a liderar

Numa pesquisa rápida que fiz no Google com a palavra liderança apareceram-me em 0.38 segundos 68.100.000 resultados. Muito se escreve e publica sobre este tema.
Os jovens gestores sabem que para crescer na carreira o seu nível de liderança necessita crescer. Os já não tão jovens gestores, sabemos que para ter melhores resultados hoje e amanhã também precisamos de ser cada vez melhores líderes.
Mas afinal o que é isto de liderança? O que é preciso para sermos bons líderes?
Não pretendo neste artigo ser uma expert nesta matéria. Uma estudiosa académica com definições milimetricamente pensadas, estudadas e validadas por pesquisas.
Irei sobretudo partilhar as minhas aprendizagens fruto da minha experiência de mais de 15 anos a liderar equipas e organizações. Com muitos erros cometidos e também com alguns acertos. Sempre pautada pela vontade de crescer, de ser melhor hoje do que fui ontem. Com alguns livros lidos pelo meio, sim, alguns cursos ou workshops e com a sorte de ter tido mentores e exemplos que me apoiaram e apoiam no caminho.
Liderança é a capacidade de influenciar pessoas. Liderar não vem com um titulo ou posição. Conquista-se e é um processo contínuo que não acaba nunca. Não cria legiões de “yes, men or women!”. Cria equipas de pessoas que pensam, que expandem as suas competências, e que de forma autónoma e independente entregam uma missão e propósito. Indo por vezes além do que o líder poderia imaginar.
Para mim, pessoalmente, o crescimento na minha liderança não tem sido uma linha reta. Foi e ainda é, por vezes, um caminho difícil. Às vezes fui mais chefe que líder. E aprendi e aprendo com os meus fracassos. Com tudo se faz caminho e avança.
Aqui fica a partilha do que teria gostado que tivessem partilhado comigo quando ainda era uma jovem líder.
Em primeiro lugar, a importância de ser exemplo. Mary Kay Ash, fundadora da Mary Kay, onde trabalho, disse que só havia três formas de liderar: Pelo exemplo! Pelo exemplo! E… pelo exemplo! Exemplo de atitude, de trabalho, de ética e valores!
Não podemos pedir nada às nossas equipas que não sejamos nós os primeiros a fazê-lo. Sempre. Por exemplo, se queremos promover uma cultura de pontualidade, temos que ser nós os primeiros a ser pontuais. É simples e poderoso. E é assim em tudo. Das pequenas às grandes coisas que queiramos implementar. Na cultura que queremos criar. É o chamado walk the talk tão conhecido na gestão, mas que tenho visto, vezes e vezes sem conta não acontecer, muitas vezes com pretextos pomposos e bem elaborados das lideranças. Mas, se o líder pode explicar e justificar, porque não haveria o liderado poder fazê-lo também?
Ser exemplo é fundamental, mas não é suficiente.
É necessário conhecer as pessoas que trabalham connosco. Cuidar delas. Confiar nelas. Acreditar nelas.
As pessoas não querem saber o que um líder sabe e qual a sua visão até que sentem que verdadeiramente importam.
O que gostam? O que não gostam? O que querem alcançar? E não só a parte profissional. Também a parte pessoal. Quando vamos para o trabalho não deixamos metade de nós em casa. Há que investir na relação com cada pessoa. Um a um. É a única forma de, através de uma relação de confiança e próxima cumprir a missão de todo o líder. Levar as pessoas nas empresas a alcançar o seu máximo potencial. Para isso precisamos de criar um clima de confiança e apoio sem julgamentos. No papel parece fácil. Na realidade é bem difícil porque cada pessoa é uma pessoa, com diferentes histórias e sensibilidades. Exige um trabalho intencional e constante.
E por último, mas talvez devesse ter começado por aqui.
Um líder tem que estar permanentemente apaixonado pela visão e acreditar sempre. Nos bons e não tão bons momentos.
Como é que um líder pode inspirar sem estar inspirado? Motivar sem estar motivado? Apaixonar pela visão sem estar apaixonado? É simples. Não pode.
A força da paixão sente-se e contagia na forma como comunicamos. E a equipa responde com energia, entrega e co construção. Performance. Por isso recomendo que monitorize como se sente. O que o motiva neste momento a querer ir mais longe, a dar o melhor de si? Se não sabe, pare um pouco e volte a alinhar-se com a sua paixão e visão.
E a derradeira lição que aprendi depois de algumas quedas e frustrações: errar é humano e não nos torna piores líderes. Apenas humanos. Faz parte do processo de crescimento. O importante é manter o foco nos princípios fundamentais da liderança – ser exemplo, cuidar das pessoas e estar todos os dias apaixonada pela visão! Este é o caminho! Um caminho nunca acabado, apenas possível de ser trilhado por cada um. Porque por mais livros, workshops e artigos lidos, cada pessoa é uma pessoa e cada líder é um líder!
Seja autêntico! Boa Jornada! E boa liderança! É preciso!