Entrevista/ “As empresas têm de modernizar e melhorar a gestão da componente de TI”

Tiago Minchin, Country Manager da Avanade

A procura crescente por soluções baseadas em tecnologia Microsoft foi uma das motivações que levou a Avanade a instalar-se em Lisboa em meados do ano passado. Quase um ano depois, Tiago Minchin, country manager da empresa em Portugal, avalia o percurso feito e deixa algumas pistas quanto ao futuro.

Presente em Portugal desde 2019, naquele que é o seu 16.º escritório europeu, a multinacional Avanade  (uma parceria entre a Microsoft e a Accenture) é especialista em serviços digitais e na cloud, soluções empresariais e experiências personalizadas no ecossistema Microsoft. Internacionalmente, conta com mais 36 mil profissionais em 25 países, disponibilizado serviços de tecnologias da informação (TI) e de consultoria a clientes de diversos setores de atividade. Em Portugal, Tiago Minchin lidera a empresa e quer ajudar os clientes a tornarem-se em organizações mais preparadas para o futuro, através das mais recentes tecnologias digitais e da cloud.

A Avanade abriu no ano passado o seu primeiro escritório em Portugal. Porquê Portugal?
O maior fator que nos motivou a abrir o nosso primeiro escritório em Portugal foi a crescente procura por parte das organizações que se encontram em território nacional em encontrar soluções baseadas em tecnologia Microsoft, que proporcionem resultados efetivos nos seus negócios. Existe um movimento transversal aos diferentes setores de atividade, na transformação e evolução das organizações, impulsionado pela tecnologia, com o objetivo de melhorar o impacto e a experiência, tanto para os clientes como para os colaboradores. E é este o posicionamento que a Avanade tem no mercado.

Como estão a abordar o mercado português? E quais os clientes que já têm?
A aposta da Avanade em Portugal é transversal aos setores que lidam com tecnologias emergentes que estão a causar disrupção um pouco por todo o mercado. Estamos a partilhar a nossa visão e experiência global junto das organizações portuguesas do enorme potencial da tecnologia e o seu impacto positivo junto de colaboradores e clientes. Tudo para atingir, ou mesmo superar, as suas expetativas.
Queremos também assumir a nossa empresa como uma joint venture especializada em tecnologia Microsoft, e com isso demonstrarmos ter uma experiência e capacidades inigualáveis para fornecer soluções inovadoras.

Qual o setor em que a Avanade mais vai apostar em português?
A Avanade aposta, de forma transversal, em todos setores de atividade. Tal como nos restantes mercados, a Avanade Portugal trabalha com organizações globais e nacionais que estão em processo de transformação de negócio e evolução das suas capacidades tecnológicas. O foco imediato é nas áreas de banca, seguros, utilities, comunicações e retalho.

Quais são os objetivos para este ano no mercado português em termos de faturação?
Neste primeiro ano estamos focados na construção da estrutura base da nossa organização e do posicionamento da Avanade no mercado. Primeiro, construir uma equipa que alie fortes competências técnicas, com conhecimento de negócio e espírito inovador. Estamos a contratar pessoas cujo perfil encaixe nesta visão de transformação e inovação, promovendo também a sua formação contínua com o objetivo de oferecer ao mercado níveis elevados de especialização. A maior diversidade, abrangência e complexidade da tecnologia exige maiores níveis de especialização técnica das equipas, para que os resultados obtidos e o retorno do investimento sejam os desejados.

Segundo, numa perspetiva de geração de negócio, a nossa ambição imediata é assegurar o reconhecimento da Avanade em Portugal, oferecendo as melhores soluções de negócio com base em tecnologia Microsoft, potenciando a nossa experiência global e as capacidades da equipa local.

Como carateriza o tipo de cliente que vos procura?
São organizações de média e grande dimensão que estão a utilizar a tecnologia, sobretudo a que se suporta em soluções Microsoft, como instrumento de inovação e transformação do negócio. São igualmente organizações que estão focadas em otimizar os investimentos recentes e os que planeiam fazer, garantindo que estão a maximizar a adoção dessa tecnologia e a obter os resultados esperados.

Quais os serviços mais solicitados pelas empresas?
Oferecemos um conjunto de áreas de serviço que se complementam e permitem abordagens holísticas à transformação de uma organização, tanto internamente, impactando o colaborador, como externamente, impactando o cliente final.
Destacamos cinco áreas de serviço, a que estamos a dar prioridade no mercado português: a modernização de aplicações para novas arquiteturas, promovendo maior facilidade e flexibilidade de adoção e escala; a adoção e serviços de gestão de Cloud Azure; a modernização da experiência do colaborador; definição de novas arquiteturas de dados, analítica e inteligência artificial; e a implementação de soluções de negócio, nomeadamente para gestão da relação com o cliente CRM e processos de gestão financeira e operações (ERP).

“(…) em 2018 as receitas da Avanade rondaram os 2,5 mil milhões de dólares”.

A Avanade conta com 36 mil profissionais em 25 países. Qual o país que neste momento tem maior peso na faturação do grupo?
Temos como política apresentar os dados económicos sempre sobre uma matriz global, o que é natural, pois qualquer um dos nossos escritórios trabalha em rede e desenvolve o seu negócio com clientes dos quatro cantos do mundo. Por via desta nossa estratégia, preferimos não fazer quaisquer rankings de escritórios com maior ou menor peso financeiro no nosso negócio. Assim, e porque os números de 2019 ainda não estão devidamente estabilizados, posso referir que em 2018 as receitas da Avanade rondaram os 2,5 mil milhões de dólares.

“A parceria entre a Microsoft e Accenture, através da Avanade, tem sido um enorme sucesso global”.

De que forma o trabalhar em conjunto com a Accenture e a Microsoft tem contribuído para o sucesso do grupo? Como será esta relação em Portugal?
A parceria entre a Microsoft e Accenture, através da Avanade, tem sido um enorme sucesso global. É uma história de sucesso que faz 20 anos este ano! Com a nossa presença, desejamos capacitar ainda mais os clientes a transformarem-se digitalmente, impactando a maneira como trabalham, e a melhorar as experiências que proporcionam aos seus clientes. A oferta de serviços integrada entre a Accenture, Microsoft e Avanade é única no mercado e tem registado elevadas taxas de crescimento nos últimos anos. É também este o posicionamento que pretendemos para a Avanade em Portugal.

Um estudo da Avanade revela que adotar uma abordagem holística na experiência no local de trabalho poderá gerar receitas de até 2 mil milhões de dólares. Quais os desafios que as empresas enfrentam hoje em dia para melhorar a experiência no local de trabalho?
Desde logo, as empresas têm, impreterivelmente, de modernizar e melhorar a gestão da componente de TI. Mas também devem assumir especial atenção para a requalificação dos colaboradores, bem como para a melhoria da capacidade de recrutar o melhor talento e incrementar a gestão mais adequada. Sem esquecer a segurança e os riscos dos cada vez mais frequentes e complexos ciberataques, aspetos que importa mitigar antes de se aplicar uma estratégia que tenha em consideração uma verdadeira experiência no local de trabalho. Daí a referência à abordagem holística, pois é a base da receita para a maior adoção da tecnologia e para gerar os lucros que daí poderão decorrer.

Desafio comum aos principais decisores empresariais, esta transformação exige uma modernização das plataformas e serviços no local de trabalho. Mas este não é um desafio cuja resposta está apenas na tecnologia. É crucial repensar a cultura empresarial, cujo paradigma dos colaboradores sofreu uma alteração significativa nos últimos anos. Os colaboradores procuram no local de trabalho o mesmo tipo de experiências que já têm no seu dia a dia, incluindo acesso a mais informação e mais atualizada; formas flexíveis de comunicação e de colaboração e adoção de automação em atividades de menor valor acrescentado.

Considera que a modernização do local de trabalho é um elemento fulcral como impulsionador de valor de negócio?
Sem dúvida. E verificamos que os executivos antecipam que a transformação das experiências nos locais de trabalho trará claros benefícios para os resultados das corporações, que incluem aumentos de produtividade, eficiência de custos e crescimento. Estes também preveem benefícios ao nível do bem-estar e compromisso por parte dos colaboradores. Verificamos, também, que há uma clara perceção quanto ao contributo de uma variedade de fatores, como a cultura da empresa, a experiência dos colaboradores, as operações e a tecnologia, para o sucesso das organizações e criação de valor comercial.

“As empresas portuguesas estão cada vez mais atentas à importância da experiência no local de trabalho”.

As empresas portuguesas estão atentas aos benefícios que a melhoria da experiência no local de trabalho lhes pode trazer? O que é que ainda falta fazer?
As empresas portuguesas estão cada vez mais atentas à importância da experiência no local de trabalho. A globalização da economia nacional e o reconhecimento dos benefícios financeiros e não financeiros que se produzem com a modernização da experiência do colaborador têm acelerado esta transformação. Os ganhos em termos de produtividade, segurança, comunicação e motivação são muito relevantes para as organizações e, naturalmente, para o nosso país. Este é um caminho que ainda está numa fase inicial, nomeadamente ao nível da maior flexibilização da localização do colaborador (trabalho remoto), que depende, não só da tecnologia, mas dos modelos operativos de cada organização.

Qual é a empresa que na sua opinião tem trabalhado melhor a este nível?
Há muitas empresas portuguesas em processos de melhoria da experiência do colaborador, com a adoção de tecnologia que permite flexibilizar a localização, horários e as formas de comunicar e colaborar. Também já há muito trabalho realizado na automatização de processos internos, de reduzido valor acrescentado, que na prática são pouco motivantes para os colaboradores. As empresas ao percorrerem este caminho estão a reconhecer os resultados e os benefícios e têm partilhado com o mercado os sucessos que vão obtendo. A Avanade é um excelente exemplo na adoção de tecnologia Microsoft para permitir melhorar continuamente a experiência de trabalho dos seus colaboradores. Atualmente, todo o modelo de comunicação e colaboração entre pessoas e equipas é suportado em soluções Microsoft, permitindo trabalhar e comunicar de forma ágil e segura a partir de qualquer localização física.

Qual a melhor decisão de carreira que já tomou?
Ter uma experiência internacional. Trabalhei durante três anos em São Paulo, onde tive a oportunidade de conhecer uma nova realidade em termos de mercado.

E qual é que foi a decisão mais difícil?
Aceitar o convite para ter a experiência internacional que comentei anteriormente. Sobretudo pelo impacto pessoal e familiar que tem associado.

Respostas rápidas:
O maior risco: Não nos adaptarmos
O maior erro: Não ouvir
A maior lição: Se não estivermos a aprender, deixamos de crescer.
A maior conquista: Ser pai de três filhas

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