Entrevista/ “Hoje é notícia, em economia e finanças …”

Paulo Doce de Moura, Investment Advisor do Banco Carregosa

Atingiu mínimos devido à Covid-19, em março de 2020 e desde essa altura o índice norte-americano S&P 500, assim como o índice Stoxx 600, registam valorizações a 2 dígitos.

O grande impulsionador destas valorizações foi a resposta dada pelos bancos centrais e governos em todo o mundo, para diminuir o impacto económico causado pelo novo coronavírus.

O balanço da Reserva Federal dos EUA subiu ainda no ano transato de 4,17 biliões de dólares para 6,72 biliões, o que representa um aumento de 61% em cinco meses e o Banco Central Europeu aumentou a sua carteira de ativos de 4,61 biliões de euros para 5,45 biliões de euros.

Um programa de compras que suporta os preços das obrigações diminui a rentabilidade destes ativos e incentiva a procura de títulos de maior risco como as ações! Se o investidor quiser manter a rentabilidade do investimento tem de subir na escala de risco.

Na crise de 2008, os bancos centrais tinham, por regra, de responder à fraca atividade económica e à derrocada nas bolsas com a redução das taxas de juro diretoras ou de depósitos. Depois disso, ampliaram o leque de programas pouco convencionais até então, como apoios direcionados a segmentos de mercado, como o papel comercial – títulos emitidos por empresas para captar financiamento rápido, aos quais se seguiram os programas de compra de ativos de larga escala, mais dirigidos a lidar com os difíceis momentos vividos nos mercados financeiros.

Entre 2008 e 2016, o Banco de Inglaterra, a Fed e o BCE implementaram oito programas cada.

Este aumento de apoios dados pelos bancos centrais coincidiu com o maior período de valorização da história do S&P 500, entre 2009 e fevereiro de 2020. Nesse período temporal, o Stoxx 600 e o S&P 500 valorizaram 27% e 146%, respetivamente.

No entanto, os resultados das empresas só melhorarão com procura considerável e apenas a multiplicação do dinheiro pelos bancos centrais poderá ser insuficiente, pois existem várias preocupações e riscos.

Tanto Jerome Powell, Chair da Reserva Federal norte-americana como Christine Lagarde, Presidente do Banco Central Europeu, mostram-se disponíveis para intervir até onde seja necessário!

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Paulo Doce Moura

Paulo Doce Moura

Paulo Doce de Moura exerce funções no Banco Carregosa e foi diretor do BNP Paribas Personal Finance. Estudou Relações Internacionais-Económicas e Políticas, na Universidade do Minho e Direção Geral de Empresas no Programa Avançado de Gestão para Executivos na Universidade Católica Portuguesa. Foi presidente de Direção da AIESEC (Association Internationale des Étudiants en Sciences Économiques et Commercialles) na Universidade do Minho, Coordenador Distrital Economia, Trabalho e Inovação no Conselho Estratégico Nacional e membro da Assembleia de Freguesia do Lumiar. Escreveu... Ler Mais..

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