Entrevista/ “É crucial saber aprender, acertando e errando”

A FarmControl é uma start-up portuguesa da área da agropecuária que já está presente em vários mercados internacionais. Ao Link to Leaders, o CEO, António Correia, fala-nos sobre o projeto que está em clara expansão.
A start-up de António Correia é um exemplo de como a tecnologia tem o potencial de inovar setores geralmente tradicionais, como o da pecuária.
Com o poder da informação, a FarmControl aumenta o bem-estar animal e baixa os custos dos produtores. Isto é conseguido através de uma avaliação, em tempo real, das variáveis relevantes para a produção e conforto do animal, tal como a ração, a água e o ambiente.
Sendo o consumo de água um aspeto problemático dentro desta indústria, a FarmControl permite controlar esta componente e criar regras automáticas para poupança energética. Desta maneira, potencia a responsabilidade ambiental das empresas produtoras.
Em julho do ano passado, a start-up liderada por António Correia recebeu um investimento da Portugal Ventures. Na altura, Celso Guedes de Carvalho, líder desta entidade, explicou a aposta na FarmControl: “a experiência da equipa e a validação comercial que já conseguiram obter, com a integração em mais de 100 explorações de seis diferentes países, foram decisivos para a nossa decisão de investimento”.
Receberam um investimento da Portugal Ventures no ano passado e, segundo divulgaram na altura, o objetivo era desenvolver tecnologias novas como machine learning e big data. Que desenvolvimentos é que houve nestas áreas desde a ronda de investimento?
O primeiro passo para iniciar qualquer processo de machine learning é a seleção e preparação correta dos dados. Neste momento estamos já a desenvolver a área de controlo da produção com diversos inputs e uma organização por lotes que irá ser fundamental para juntar dados dos sensores na exploração a dados de input humano potencialmente correlacionáveis.
O que é que este tipo de soluções vai trazer de diferente para o projeto?
A produção agropecuária assiste atualmente a uma enorme integração de tecnologia. Não obstante, a grande quantidade de informação permanece dispersa e sem um tratamento adequado e global de todos os dados recolhidos. Garantir a eficiência produtiva, o bem-estar animal, a rastreabilidade e uma menor pegada ambiental são, sem dúvida, objetivos dos produtores e consumidores. Assim, é necessário criar este tipo de ferramentas que ajudam a cumprir estes objectivos.
Em julho já estavam presentes em Espanha, Croácia, Bélgica e Angola. Desde então, acrescentaram mais algum país ao vosso portfólio?
Neste momento estamos já a negociar com outros países. Até ao final do primeiro semestre esperamos poder revelar os novos mercados em funcionamento.
Quais são agora os vossos maiores mercados internacionais?
O nosso maior mercado é Espanha que é, neste momento, o maior produtor de suínos europeu, sendo, portanto, um mercado fundamental. Não obstante, estamos a trabalhar noutros mercados com grande potencial tanto em suinicultura como em avicultura.
O Brasil e os Estados Unidos são os maiores produtores de gado do mundo. Faz parte dos vossos planos entrarem nestes países?
Claro. O Brasil e os Estados Unidos são bastante importantes nos mercados pecuários. Iremos no final do mês de abril participar na Agrishow em Ribeirão Preto – Brasil.
Quais são os maiores desafios que a FarmControl está a enfrentar atualmente?
O maior desafio quando se implementam novos produtos é consolidar soluções técnicas para problemas concretos dos nossos clientes. É crucial saber aprender, acertando e errando, confiando sempre na visão que temos para o projeto. A penetração de mercado de produtos disruptivos é sempre difícil ao início, mas temos conseguido conquistar novos clientes todos os anos.
Tendo em conta as start-ups do ecossistema português, que ideia é que consideram original e gostariam de ter oportunidade de trabalhar?
Pensamos que uma das áreas de negócio com mais potencial será a chamada economia do mar.
Que soluções é que acham interessantes e gostariam de trabalhar nesta dita economia do mar?
Existem conceitos comuns, sobretudo, na produção intensiva de peixe pelo que poderíamos aplicá-los nesse negócio.
Consideram – a longo prazo – incluir soluções no campo da aquacultura?
Não queremos perder o foco nas áreas estratégicas da empresa, teríamos sempre de ter um parceiro com conhecimentos técnicos e de mercado complementares nesta área.
Quais são os objetivos da FarmControl até ao final de 2018?
Entrar em dois novos mercados internacionais e desenvolver o novo módulo de produção.
Que mercados são estes?
Brasil e mais um país europeu.
O que é que este novo módulo de produção vai trazer de diferente para o vosso projeto?
Fundamentalmente, garantir uma recolha simples de dados da produção pelos utilizadores de forma a ter toda a informação crítica de uma exploração em tempo real. Os produtores têm neste momento boas ferramentas de diagnóstico, mas muito desfasadas temporalmente dos acontecimentos críticos. Queremos aumentar a eficácia das ações corretivas que têm de ser tomadas diariamente nas explorações agropecuárias.