Opinião
Como será o empreendedorismo em 2025?
Quando olhamos para o futuro e traçamos metas para o ano 2025, parece-nos uma realidade distante, que na verdade não é. Portugal é um país com uma longa história de conquistas e descobertas, e o foco empreendedor do país nestes últimos anos mostra que o ADN conquistador dos portugueses se mantém, adaptado à evolução e à realidade dos dias de hoje.
O país (e o mundo, em geral) atravessa hoje um processo de destruição criativa, onde novos negócios substituem os mais obsoletos. É o que acontece com start-ups em todo o mundo, que de forma disruptiva surgem e colocam em causa negócios enraizados. Vemos isso com a Uber, que com a sua forma ágil e cómoda de chamar um motorista coloca em causa a forma de negócio mais antiquada dos taxistas. Vemos isso com a Netflix, que nos proporciona um cómodo acesso a séries e filmes, algo que no passado passava pelo processo de nos deslocarmos até ao Blockbuster mais próximo da nossa casa para alugar um filme. Como estes dois exemplos existem tantos outros de start-ups disruptivas que surgem no mercado para transformar por completo a forma como utilizamos um determinado serviço, proporcionando a máxima comodidade e facilidade de utilização.
E Portugal é um rico exemplo de empreendedorismo, com start-ups que vão certamente dominar indústrias locais e globais. Falo de áreas como o Turismo e o Mercado Imobiliário, mas não só. A Delta Q inovou no mercado da robótica ao desenvolver um robot autónomo e autodirigido para servir café aos consumidores. Foi algo inédito no país, algo que possivelmente há 10 anos muitos não acreditavam ser possível: a robótica integrada na sociedade, com robots a servirem cafés a humanos. Ao longo da minha jornada tenho tido a oportunidade de trabalhar de perto com a área da robótica e da inteligência artificial e os desenvolvimentos feitos são realmente incríveis. Robots autónomos, robots com os quais se pode conversar, robots que demonstram emoções… esta evolução é incrível e só é possível graças ao espírito disruptivo de pessoas com espírito empreendedor, que quebram barreiras e inovam.
Lisboa e São Francisco mais semelhantes do que pode parecer
Quando olho para Portugal, e mais concretamente para a cidade de Lisboa, vejo muitas semelhanças com uma cidade que conta com uma das mais empreendedoras comunidades de empreendedorismo em todo o mundo – São Francisco, e falo de semelhanças que vão para além da ponte e dos elétricos. A comunidade de empreendedorismo em Portugal tem crescido a olhos vistos, com empresas de origem portuguesa que estão a revolucionar indústrias – falo de fintechs, moda, mercado imobiliário, entre outros, um pouco por todo o mundo.
Estas empresas estão a revolucionar a forma como será, em breve, a nossa sociedade, com acontecimentos tecnológicos fabulosos a acontecer mais cedo do que se acreditaria ser possível. De acordo com o estudo WEH 2015: Average Year Each Tipping Point Is Expected to Occur, que teve como objetivo compreender qual a tecnologia que se espera que aconteça em 2025, 91,2% dos participantes respondeu que acredita ser possível que, em 2025, 10% das pessoas vistam roupas conectadas com a internet.
A indústria da saúde é também uma das que mais poderá beneficiar com o desenvolvimento da robótica e da inteligência artificial. Neste mesmo estudo, 76,4% dos participantes acredita que em 2025 será possível contarmos com o primeiro transplante de um fígado impresso a três dimensões. 86,5% dos inquiridos acredita que em 2025 contaremos com o primeiro robot farmacêutico nos Estados Unidos. Há pouco tempo, na Universidade de Stanford, tive a oportunidade de “conhecer” um robot que foi concebido para aconselhar pacientes com cancro.
Esta e outras realidades marcadamente assentes pela robótica e pela inteligência artificial estão cada vez mais perto de se tornarem comuns, creio que algumas delas talvez até antes de chegarmos a 2025. Parte desta realidade deve-se ao espírito empreendedor dos jovens, em todo o mundo. E é neste sentido que o nosso programa de empreendedorismo existe, criando as condições necessárias para que os estudantes universitários possam testar as suas ideias, através da metodologia única desenvolvida por representantes da Universidade de Berkeley, Universidade de Stanford e da Google. Estão assim reunidas as condições para os próximos “conquistadores”, de Portugal e do mundo.
Esta é a minha visão para Portugal, que foi recentemente partilhada com mais de 200 estudantes num evento de apresentação da edição deste ano do programa da European Innovation Academy.








