Entrevista/ “Estamos a apostar forte em IA aplicada à gestão, liderança ética, ESG e mercados emergentes”

O contexto de disrupção tecnológica e mudança constante exige programas flexíveis, digitais, atualizados e orientados para o impacto e a progressão da aprendizagem à velocidade de cada um, explica José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education.
Recentemente, esta business school voltou a ver o seu trabalho reconhecido pelo Financial Times, uma distinção que reforça cada vez mais a sua credibilidade internacional, atraindo talentos e abrindo portas a parcerias, como refere o seu presidente. Centrado numa abordagem Real Life Learning e na forte ligação às empresas, o Iscte Executive Education destaca sua dimensão global e diversidade geográfica com a forte presença de alunos da África lusófona, Brasil e América Latina, Ásia, Médio Oriente e Estados Unidos. A escola está a apostar fortemente em IA aplicada à gestão, liderança ética, ESG e mercados emergentes. “Queremos formar líderes preparados para contextos complexos e globais”, afirma José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education.
O Iscte Executive Education voltou a ser distinguido no ranking do Financial Times Executive Education 2025. O que representa estar entre as melhores escolas de formação de executivos do mundo?
É o reconhecimento da nossa qualidade, impacto e consistência. Eu diria, talvez por ser muito focado nesta dimensão e que resume as demais, consistência, consistência, consistência. Estar no Financial Times significa que jogamos na liga das melhores escolas do mundo. E isso, naturalmente, é motivo de orgulho — mas também de responsabilidade. Repare que ficar no Top 50 mundial, por entre 13.000 escolas de gestão no mundo e em Top 40 da Europa, por entre 4.000 escolas de gestão na Europa não é despiciente.
O que destaca na estratégia da escola que pode justificar esta presença consistente no ranking?
Destaco três pilares: internacionalização, inovação pedagógica também através da criação de catálogo, soluções para empresas. Tudo isto sempre com uma ligação muito forte às empresas. E assente no nosso motto: Real Life Learning. Os níveis de satisfação com programas estão em 9,5 em 10 e somos destacadamente o número 1 em Portugal na dimensão internacional: programas, origens e diversidade geográfica.
Como é que este tipo de reconhecimento influencia a atratividade internacional da instituição, tanto em termos de parcerias como de captação de alunos?
Aumenta de forma clara a credibilidade internacional. Abre portas a novas parcerias, atrai talento global e reforça a confiança de quem investe na sua formação connosco. Para além de tornar o ecossistema multicultural.
“(…) promovido formação de executivos com impacto direto na liderança de todos os países de língua portuguesa”.
Um dos vetores fortes da atividade do Iscte Executive Education tem sido a relação com os países de língua oficial portuguesa. Que trabalho tem vindo a ser feito nestes mercados?
Temos desenvolvido programas ajustados às necessidades locais, estabelecido parcerias com instituições de ensino e empresas e promovido formação de executivos com impacto direto na liderança de todos os países de língua portuguesa. Afinal, a língua é (também) a nossa pátria.
Que impacto têm estes programas nos líderes e quadros dirigentes dos PALOP? Há casos ou exemplos que queira destacar?
O impacto é evidente: há alumni nossos que hoje lideram instituições de referência. Temos, por exemplo, gestores angolanos que passaram pelos nossos programas e assumiram cargos em multinacionais africanas. Temos uma diáspora de anos que domina os principais lugares em Cabo Verde. Temos uma reputação em Moçambique muito notória. Penetramos no Brasil como poucos.
“Temos forte presença de África lusófona, Brasil e América Latina, Ásia, Médio Oriente, Europa e mesmo Estados Unidos”.
Como tem evoluído o número de estudantes estrangeiros no ISCTE Executive Education? E de que geografias são maioritariamente?
O número tem crescido de forma sustentada. Temos forte presença de África lusófona, Brasil e América Latina, Ásia, Médio Oriente, Europa e mesmo Estados Unidos. O número mágico é chegarmos a 50% de participantes internacionais. No ano transato chegámos aos 40%.
Que perfil têm os alunos internacionais que escolhem o ISCTE Executive Education? São maioritariamente executivos em atividade, jovens profissionais ou estudantes em transição de carreira?
A maioria são executivos em atividade, com carreiras consolidadas, mas também temos jovens em transição que procuram aceleração e reorientação profissional. Há de tudo o que é muito bom para efeitos de diversidade, de multiculturalidade e de encontro geracional.
Que tipo de programas mais procuram os alunos internacionais?
Procuram MBAs, pós-graduações e programas executivos customizados, sobretudo em gestão, liderança, transformação digital e áreas emergentes como ESG e IA.
Que competências ou experiências procuram desenvolver quando escolhem esta escola?
Querem ganhar visão estratégica, dominar ferramentas digitais e reforçar redes internacionais. Procuram o equilíbrio entre profundidade académica e aplicabilidade imediata. E querem tornar-se melhores decisores e mais autónomos, providos de instrumentos e ferramentas que lhes permitam gerir melhor e com impacto.
Como é feita a integração destes alunos na comunidade académica?
A integração é natural. Trabalhamos com turmas mistas, temos metodologias colaborativas e proporcionamos acompanhamento próximo.
Que medidas são implementadas para garantir uma boa experiência de acolhimento e aprendizagem?
Desde o primeiro contacto, o apoio é personalizado. Os conteúdos são atuais, a componente digital está integrada e existe acompanhamento constante — do início ao fim.
“A diversidade eleva o nível. O ecossistema torna-se muitíssimo mais rico”.
Que impacto tem a diversidade cultural e geográfica dos alunos na dinâmica das aulas e nos projetos desenvolvidos?
Enriquece tudo. O debate é mais plural, as soluções mais criativas e a aprendizagem mais profunda. A diversidade eleva o nível. O ecossistema torna-se muitíssimo mais rico.
Considera que esta multiculturalidade é um fator diferenciador no processo de aprendizagem?
Sem dúvida. É uma mais-valia pedagógica e humana. Aprende-se tanto com os colegas como com os professores. E os professores aprendem imensamente mais e ficam muitíssimo mais bem preparados.
Existem programas de intercâmbio ou parcerias com outras instituições que potenciem esta presença internacional?
Sim. Temos acordos com escolas e universidades da Europa, América Latina, Estados Unidos e Ásia. E estamos a expandir.
Como é que os alunos estrangeiros beneficiam das redes empresariais do Iscte Executive Education, tanto durante como após a formação?
Através de projetos reais, visitas a empresas, masterclasses e uma rede alumni internacional muito ativa.
Pode partilhar algum caso concreto de um aluno estrangeiro cujo percurso profissional tenha sido significativamente impactado por um programa no Iscte Executive Education?
Sim, por exemplo, um gestor angolano que, após a formação connosco, assumiu a direção de uma multinacional no setor energético.
Que desafios se colocam atualmente à formação de executivos e de que forma o Iscte Executive Education está a responder a esses desafios?
Vivemos num contexto de disrupção tecnológica e mudança constante. A resposta passa por programas flexíveis, digitais, atualizados e orientados para o impacto e a progressão da aprendizagem à velocidade de cada qual.
“Estamos a apostar forte em IA aplicada à gestão, liderança ética, ESG e mercados emergentes”.
Pode levantar um pouco o véu sobre projetos futuros ou novas áreas de aposta estratégica da escola?
Estamos a apostar forte em IA aplicada à gestão, liderança ética, ESG e mercados emergentes. Queremos formar líderes preparados para contextos complexos e globais. E, como digo muito frequentemente, queremos ajudar a colocar o coração do lado certo. A gestão é também o produto do lado humano que temos em cada um de nós.