Opinião
Ainda se fazem líderes como antigamente? “Sigam esta marcha”.

Em dezembro de 2018 escrevia sobre liderança, empreendedorismo e empresariado, em que mencionava três caraterísticas de três líderes empresariais que nos marcaram desde os tempos de estudante de Gestão até aos dias de hoje: relacionamento interpessoal; visão estratégica do negócio e capacidade de influenciação indireta.
Na altura um dos líderes já estava no descanso eterno. Mas hoje o que me leva a voltar ao assunto é a partida do último dos três lideres/empresários que me referia na altura.
Tive oportunidade de me cruzar com o Comendador Rui Nabeiro em tempos de estudante quando ele visitou uma instituição de apoio a estudantes do ensino superior que ele, na altura, apoiava. Nesse breve encontro tive a oportunidade de constatar as caraterísticas da sua humanidade e humildade e de todas as restantes caraterísticas que as pessoas expressaram relativamente à sua pessoa. Isso mostra, efetivamente, o que eu concluía na altura; um líder cujas ideias extravasam o perímetro da sua organização, tem a sociedade do seu lado e pode contribuir para o tal mundo melhor.
Aproveitando este contexto, completo o artigo de 2018 com uma quarta caraterística que um líder deve ter, que é a sua capacidade de preparar a nova geração de líderes. Trata-se de uma caraterística que eu considero nobre, porque envolve não só ter uma visão de longo prazo, mas também uma visão de continuidade e aceitar que um dia o próprio líder deve deixar o lugar para outros.
E às vezes não é fácil interiorizar esta realidade de que temos um tempo determinado para tudo e que um dia, pela lei natural, teremos de ser substituídos e, por isso, é responsabilidade do líder preparar a sucessão.
“Sigam esta marcha”
E sobre os três lideres que mencionei em 2018, eu acredito que tiveram também esta caraterística e visão de preparar a geração futura (atual). A revista Forbes, numa publicação em outubro de 2022, mencionava quais as empresas e CEO´s com mais reputação em Portugal, num total de 100 empresas, e não é difícil concluir quem esteve nos primeiros três lugares. Efetivamente, os atuais líderes que ocupam os três primeiros lugares da lista dos CEO´s e empresas com melhor reputação em Portugal em 2022 são exatamente seguidores dos três líderes mencionados em 2018. Os três lideres atuais estão nos três primeiros lugares, enquanto que as suas empresas estão nos quatro primeiros lugares, mas se consideramos apenas empresas com forte pendor familiar, elas estão entre os três primeiros lugares. E a mesma posição se repete no que toca à sustentabilidade ou ESG (ambiente, social e governance).
Trata-se de um bom legado e numa altura em que se protege, e muito bem, o que está em vias de extinção, é preciso também proteger o que é bom do legado dos líderes empresariais. E os atuais líderes terão uma dupla responsabilidade, de preservar o legado dos antigos líderes e preparar a nova geração, numa espécie de corrida de estafetas. É claro que o contexto é diferente, as exigências e os riscos são diferentes, mas também os recursos (tecnológicos, por exemplo) disponíveis estão a um patamar superior. Aos líderes atuais, resta seguir o conselho do Comendador: “Sigam esta marcha”.
*O artigo reflete apenas a opinião do autor e não envolve nenhuma instituição.