Opinião

Bem-vindo 2020!

Conceição Zagalo, cofundadora do GRACE

Hoje é dia 1 de janeiro. É dia para saudar um novo ciclo de calendário em calorosos votos de harmonia, saúde, sucesso. Hoje é um dos raros dias em que todo o mundo celebra conjuntamente um feriado que marca o início de um novo ano. É dia para recuperar de festejos de folia, para reforçar desejos de paz e alegria, para felicitar os que nos são próximos e para eles pedir tudo o que de melhor o destino possa proporcionar.

Hoje é dia para acreditarmos que a felicidade é possível. É dia para louvarmos a nossa existência, pedirmos e desejarmos reforço de êxito, de prosperidade, de harmonia. Até porque hoje, dia de Ano-Novo, é Dia Mundial da Paz. E, assim, a par e passo com a nossa capacidade de motivação própria para nos batermos por um mundo melhor, também é o grande dia para nos questionarmos sobre o peso da marca que queremos imprimir na edificação de obra com impacto positivo no planeta e, sobretudo, no potencial dos oito mil milhões de pessoas que nele habitam.

Estamos nós conscientes do papel que nos cabe em matéria dos objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pela ONU com base nas necessidades identificadas por gente de quase duas centenas de nações? Se é sabido que nos restam dez anos para os cumprir, é também hora de nos questionarmos. Como contribuo eu para abolir limites de pobreza, para erradicar a fome, para assegurar educação de qualidade e promover a prosperidade e o bem-estar de todos, para lutar por equidade social, por cidades e comunidades sustentáveis, por proteger o ambiente e combater as alterações climáticas, por dar as mãos rumo à identificação de respostas para os desafios económicos, sociais e ambientais que nos assolam?

Em bom rigor quantos de nós olhamos com seriedade para os apelos formulados desde que há pouco mais de quatro décadas neste dia se evoca a paz em todo o mundo? Quantos  temos consciência de que respeito pelos migrantes e refugiados, pela não violência, pela diferença, pela fraternidade ou pelo exercício de boa política ao serviço da paz são oportunidades que nos são lançadas para podermos levar por diante a nossa responsabilidade enquanto cidadãos de plenos direitos e de plenos deveres?

Num dia que se destina à celebração universal da paz entre homens e mulheres de todos os credos importa refletir sobre a relação causa-efeito da máxima “Ano Novo Vida Nova”.

De pensarmos, mesmo à séria, sobre paz, alegria, serenidade, satisfação, bem-estar, humor, capacidade de rir, de sermos críticos, de aplaudir, de nos alegrarmos connosco pelos feitos dos outros. E de nos congratularmos com a nossa própria capacidade de fazer acontecer num exercício tão permanente quanto consequente de superação em matéria de empenho e de desempenho.

E que não nos deitemos a inventar sobre desculpas que abafem a displicência com que tantas vezes olhamos para as nossas responsabilidades face a nós próprios e face aos outros, nomeadamente no compromisso que de nós é esperado quanto ao contributo para o imperativo que é a grande instituição família.

Esta é a fase do ano em que nos cabe a capacidade de análise retrospetiva. De nos reservarmos um espaço para nós mesmos e de nos questionarmos sobre o que não queremos repetir na nossa vida e, sobretudo, no que queremos levar por diante no ciclo de 365 dias que temos pela frente. É a hora certa para percebermos que estarmos vivos é um privilégio que nos faculta a possibilidade de encaramos o futuro com doses de confiança, de sentido de entrega, de entusiamo, de vivacidade, de energia, de paixão, de amor, de tolerância, capazes de nos fazerem sermos grandes e obreiros de grandes feitos. Porque, afinal, não é essencialmente de ter que reza a história dos que mais marcam o mundo. Ser, isso sim, ser pessoa de bem, detentor de obra feita, de respeito por si próprio e pelos outros num ato de coragem para deixar de para eles olhar em função de critérios de julgamento nem sempre relativizados. Ser possuidor de todo um capital de integridade, de conhecimento, de sorte construída à base de altruísmo, de muito trabalho e de provas provadas de que a felicidade só atinge o expoente máximo quando sustentada na felicidade dos tantos que nos rodeiam.

Hoje, dia 1 de janeiro, dia mundial da paz, o primeiro dia de tantos que queremos encarar com otimismo, com alegria, com insaciedade de percorrer trilhos de sucesso, olhemos para toda a miríade de oportunidades que temos pela frente e sejamos saudavelmente ambiciosos no comando de uma existência que constitua leme para causas sempre maiores.

Hoje, Dia 1 de janeiro, Dia de Ano-Novo, Dia Mundial da Paz, dia de votos especiais, pensemos que é tempo de ter tempo para sermos felizes e, conscientes de que ano novo vida nova, brademos bem alto e de forma muito convicta… Bem-vindo 2020!

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Maria da Conceição Zagalo teve um percurso profissional de mais de 30 anos ligado à IBM, onde desempenhou  cargos de gestão, concretamente a direção da Divisão de Marketing, Comunicações e Cidadania da empresa e onde fundou o Portuguese Women Leadership Council. Mas a sua atividade estende-se por vários domínios de atuação, mesmo agora, depois de reformada daquela multinacional.

Desde sempre ligada a causas associativas, sociais e humanitárias foi membro fundador, e presidente da direção entre 2009 e 2012, do GRACE- Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial, esteve ligada à Associação CAIS, à Acredita Portugal e à AIESEC, entre outras instituições nas quais continua a intervir, sem esquecer o seu papel como vereadora da Câmara Municipal de Lisboa.

Em 2007 foi distinguida pela Amnistia Internacional, juntamente com 25 mulheres de todo o mundo, uma das muitas distinções com que tem sido agraciada ao longo da sua vida como, em 2011, o Prémio Carreira da APCE.

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