Entrevista/ “A Vogue Capital atuará como uma boutique de investimento de real estate”

Joaquim Lico, CEO da Vogue Homes

A Vogue Homes aproveitou os primeiros meses de 2022 para reforçar a sua estratégia e reposicionar a área de atuação. Agora, a par da promoção imobiliária, também atua no setor dos fundos de investimento, com criação da Vogue Capital com um montante de 35 milhões de euros. Em entrevista ao Link To Leaders Joaquim Lico, CEO da empresa, explica o porquê desta opção e os objetivos da nova área de negócio.

A Vogue Homes surgiu oficialmente em 2013 como resultado da reestruturação do negócio imobiliário do seu fundador, Joaquim Silva Lico, iniciado em 2001 na área da reabilitação urbana. Uma reestruturação simultaneamente aproveitada para introduzir algumas alterações ao modelo de negócio de forma a responder às novas tendências e à evolução do mercado, criada pela entrada dos players internacionais no setor imobiliário. Este ano dá-se a uma nova reorganização, com a criação de unidades de negócio distintas, anteriormente todas concentradas na Vogue Homes, como explicou Joaquim Lico, CEO da Vogue Homes.

Qual é então a estrutura da empresa atualmente?
O universo Vogue Homes é composto pela Vogue Fine Living (promoção imobiliária), a Vogue Capital (fund raising), a Vogue4you (comercialização de imóveis) e a Vogue Project (project management). O modelo de negócio está centrado na gestão de investimentos exclusivamente indexada ao mercado imobiliário, através das várias divisões que compõem a Vogue Homes, quer em investimentos próprios quer em gestão de projetos para terceiros.

Quais são os empreendimentos mais emblemáticos da Vogue Homes?
Cada empreendimento tem a sua história e enquadramento, sendo projetados de forma a serem todos eles, por si só, emblemáticos. A pretensão da Vogue Homes é desenvolver apenas projetos icónicos e emblemáticos, diferenciando-se no mercado pela oferta de uma exclusividade única.

“O impacto da pandemia no negócio imobiliário aconteceu de forma indireta devido aos estados de emergência (…)”.

De que forma a pandemia mexeu com o vosso negócio?
O impacto da pandemia no negócio imobiliário aconteceu de forma indireta devido aos estados de emergência que provocaram o encerramento das várias cadeias de produção em todo o mundo, causando a escassez da matéria-prima. Como consequência disso, houve uma escalada dos preços, provocando um progressivo aumento do custo da construção, que continua a verificar-se à data de hoje.

A Vogue Homes assume como posicionamento ser “uma sociedade de gestão de investimento imobiliário, focada na rentabilização do património imobiliário”. Como põem em prática esta abordagem?
Isso é alcançado pondo em prática uma gestão profissional, aplicando a metodologia adequada a cada projeto para a máxima potencialização do ativo em que se intervém. As aquisições que realizamos são rigorosamente selecionadas, de forma a serem boas oportunidades, em termos de localização e valor de aquisição, combinadas com uma arquitetura que permite projetos diferenciados, sustentáveis e de qualidade superior, conseguindo assim uma diferenciação.

O que os distingue no mercado?
O que mais nos distingue é a filosofia de superação e inovação a cada novo projeto. Isso cria um desafio constante onde toda a equipa contribui transversalmente, o que faz com que o resultado final seja extraordinariamente gratificante.

“(…) a forma mais vantajosa para o cidadão estrangeiro que pretende aceder ao programa Golden Visa (GV), é através dos instrumentos financeiros (…)”.

Recentemente, lançaram o fundo de investimento Portugal Opportunity Fund (POF). O que vos levou a fazer esta nova aposta empresarial?
Na nossa opinião, a forma mais vantajosa para o cidadão estrangeiro que pretende aceder ao programa Golden Visa (GV), é através dos instrumentos financeiros, como os Fundos de Capital de Risco (FCR), uma vez que, com uma aplicação financeira que gera rendimento, consegue acesso ao programa GV sem necessidade de comprar um imóvel, com as despesas inerentes, e em que, muitas vezes, o investidor não tem qualquer interesse. A compra do imóvel seria apenas um meio para atingir um fim.

Através dos FCR todo o processo é muito mais lógico e simples para o cidadão estrangeiro. Contudo, tem de haver um cuidado grande, por parte dos investidores, na análise dos FCR onde vão efetuar a aplicação financeira, em virtude da proliferação de fundos que começou a haver no mercado desde meados de 2021. Existem vários tipos de FCR, com diferentes rentabilidades agregadas, diferentes formas de subscrição, ou seja, aspetos que o investidor deve ter em conta na sua análise.

Mas não deve ficar por aí. É também de extrema importância uma análise às equipas de gestão do FCR, à sua experiência e track record no setor onde se predispõem a investir, bem como ao pipeline ou portefólio que os suportam e onde se propõem a investir. Caso a dinâmica do mercado ou setor onde o FCR se propõe a investir seja desconhecida ao cidadão estrangeiro – de forma a que possa fazer uma avaliação correta sobre a qualidade e robustez do pipeline de investimento e respetivas propostas de investimento – a sua decisão deve basear-se na análise das equipas de gestão, no track record e na credibilidade do mercado das mesmas.

O vosso foco está especialmente centrado nos investidores estrangeiros. É onde está o poder de compra?
Grande maioria dos nosso investidores e clientes são nacionais, o que muito nos orgulha, não havendo qualquer relação com o poder de compra. Os projetos que desenvolvemos são de qualidade superior e muito diferenciados, pelo que têm uma grande procura por quem quer investir em imobiliário, sejam estrangeiros ou nacionais. A única situação em que nos focámos nos investidores estrangeiros foi no lançamento do POF em consequência do programa de acesso aos Golden Visa.

E que tipo de investidores são esses? 
Temos tipos distintos de investidores, mas basicamente são pessoas e empresas que tem patrimónios financeiros que pretendem rentabilizar numa classe de ativos, e que, além de gerarem uma boa rentabilidade, têm a solidez intrínseca ao mercado imobiliário. Atuam numa perspetiva exclusiva e puramente financeira de retorno de capital.
À parte disso existem os investidores que apenas querem aceder ao programa de GV fazendo para isso uma aplicação financeira no POF, conferindo-lhes assim o acesso ao programa GV e ao mesmo tempo um retorno financeiro muito interessante.

Quais são atualmente os vossos ativos imobiliários mais atrativos em Portugal?
De momento, podemos considerar o ativo mais atrativo o projeto Utopia em Melides. Está a criar muita atração pelo seu conceito, diferenciação e retorno.

“Este instrumento servirá para captar clientes estrangeiros que queiram aceder ao programa Golden Visa através de uma aplicação financeira (…)”.

Que metas têm definidas para este novo pilar de atuação da empresa?
O montante afeto a este fundo é de 35 milhões de euros e está suportado por um conjunto de imóveis prime que a Vogue Homes Fine Living tem em pipeline, bem como em novas aquisições que estão a ser negociadas.
Este instrumento servirá para captar clientes estrangeiros que queiram aceder ao programa Golden Visa através de uma aplicação financeira. Mas o âmbito da Vogue Capital vai mais longe, e atuará como uma boutique de investimento de real estate, proporcionando outras formas e produtos de investimento que não só o FCR e o programa de GV, colocando à disposição de todos os investidores investimentos com atrativas rentabilidades associados, à solidez e segurança que esta classe de ativos confere, apresentando as melhores recomendações, sustentadas no track record da “Vogue Homes Fine Living”.

O POF já tem cerca de 5 milhões de euros subscritos por investidores estrangeiros que pretendem aceder ao programa GV. Quando for alcançada a totalidade da subscrição das unidades de participação do Fundo, analisaremos a viabilidade do lançamento de um novo fundo.

Com este reposicionamento, quais as ambições da Vogue Homes e da Vogue Capital?
Não temos ambições métricas de euros ou metros quadrados. A nossa ambição é conseguirmos continuar no mercado a fazer diferente, com projetos diferenciados, exclusivos e de assinatura, de grande qualidade, tendo sempre por base a inovação e sustentabilidade. A nossa ambição é proporcionar experiências únicas, parafraseando o arquiteto Miguel Saraiva, naquilo que é o mais caro nas suas vidas, que é uma casa.

Nos últimos meses têm surgido no mercado nacional vários fundos imobiliários. O que tem o vosso de aliciante para os investidores?  
Remetemos essa avaliação aos investidores, deixando apenas alguns alertas e pontos que consideramos importantes para os investidores estrangeiros que fazem aplicações em instrumentos financeiros. Na nossa opinião a forma mais vantajosa do cidadão estrangeiro aceder ao programa do GV, como os Fundos de Capital de Risco, uma vez que, com uma aplicação financeira que gera rendimento, conseguem acesso ao programa, sem necessidade da comprar um imóvel, com as despesas inerentes e que muitas das vezes o investidor não tem qualquer interesse no mesmo, a compra do imóvel seria apenas um meio para atingir um fim.

Através dos FCR (Fundo de Capital de Risco) todo o processo é muito mais lógico e simples ao cidadão estrangeiro. Contudo, tem de haver um cuidado grande, por parte dos investidores, na análise dos FCR onde vão efetuar a aplicação financeira, em virtude da proliferação de fundos que começou a haver no mercado desde meados de 2021. Existem vários tipos de FCR com diferentes rentabilidades agregadas, diferentes formas de subscrição, aspetos que o investidor deve ter em conta na sua análise, mas não se deve ficar por aí.

É também de extrema importância uma análise às equipas de gestão do FCR, à sua experiência e track record no setor onde se predispõem a investir, bem como o pipeline ou portefólio que os suportam e onde se propõem a investir. Caso a dinâmica do mercado ou setor onde o FCR se propõe a investir seja desconhecida do cidadão estrangeiro, de forma que este possa fazer uma avaliação correta sobre a qualidade e robustez do pipeline de investimento e respetivas propostas de investimento, a sua decisão deve basear-se da análise das equipas de gestão, o track record e credibilidade no mercado.

O mercado imobiliário nacional continua a ter margem de crescimento?
Ainda existe espaço para crescimento nos próximos anos, devido ao défice que existe no parque habitacional português, um facto que se tem vindo a agravar pelo constante aumento da procura, e em que a oferta não tem, minimamente, conseguido acompanhar ou dar resposta.

Internacionalização está nos vossos horizontes?
Não está nos nossos planos imediatos.

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