Opinião

A resiliência e os riscos para as empresas em 2024

Pedro Cilínio, assessor do Conselho Diretivo do IAPMEI

A resiliência define-se como a propriedade de um corpo de recuperar a sua forma original após sofrer choque ou deformação.[1]

O presente milénio tem sido profícuo em choque com impacto nas empresas. Desde a bolha das dot.com, à crise financeira global de 2008, passando pela pandemia de Covid-19 e, mais recentemente, a guerra na Ucrânia, a volatilidade e a incerteza tornaram-se a norma.

Neste cenário, a resiliência emerge como a característica que permite às empresas manterem-se competitivas neste contexto. Para construir a resiliência, é essencial que as empresas identifiquem e façam a gestão dos seus riscos uma vez que a gestão de riscos é um processo fundamental para identificar, avaliar e mitigar os riscos potenciais que podem ameaçar a empresa. É através de uma análise profunda do ambiente interno e externo, que as empresas devem mapear os seus pontos fracos e vulnerabilidades, e dessa forma desenvolver planos de ação para minimizar os seus riscos.

Em 2024, as empresas continuarão a enfrentar um conjunto de desafios complexos e interligados. A instabilidade geopolítica, as exigências de transição verde e digital e a escassez de mão de obra qualificada, são apenas alguns dos desafios que se antecipam no horizonte.

Dos riscos do contexto geopolítico e económico destacam-se, a instabilidade climática, o prolongamento dos conflitos na Ucrânia e na Palestina, o agravar da tensão EUA-China, as eleições nos EUA, a instabilidade política e nas políticas, a inflação e os juros altos, a disrupção das cadeias de abastecimento, a instabilidade nos preços das matérias primas e energia.

As exigências da transição verde e digital vão revelar-se através dos requisitos de compliance ambiental, social e de governança (ESG) para acesso a financiamento público e privado e para acesso a cadeias de valor globais, das novas aplicações da inteligência artificial, e da cibersegurança e proteção de dados pessoais.

A escassez de talento e mão de obra tem como focos a fuga de talento devido a salários mais competitivos no exterior, aspiração de carreira internacional nas novas gerações, o saldo migratório negativo ao nível das qualificações.

A monitorização constante do ambiente é crucial para identificar novos riscos e avaliar a efetividade das medidas de mitigação. As empresas devem acompanhar de perto as mudanças geopolíticas, as tendências económicas, as inovações tecnológicas e as mudanças nas preferências dos consumidores para se manterem adaptadas e competitivas. A capacidade de se adaptarem rapidamente às mudanças é fundamental para navegar num ambiente incerto.

As empresas que reconhecem a importância da gestão de riscos e investem em construir resiliência estarão mais bem posicionadas para navegar em mares incertos e alcançar o sucesso em 2024. A resiliência é a chave para prosperar em um mundo em constante mudança, permitindo que as empresas superem os desafios e aproveitem as oportunidades que surgem em tempos de turbulência.

 

PS: Este texto surge na sequência no meu contributo para o Relatório de Riscos para as empresaspam 2024 da Control2Risk apresentado nas Risk Talks.

[1] Visualização de Métricas de resiliência: uma reflexão conceptual no contexto da gestão do risco (uc.pt)

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Pedro Cilínio

Pedro Cilínio

Atualmente partner da Craftgest Consulting, depois de, entre dezembro de 2022 e novembro de 2023, ter passado pelo cargo de secretário de Estado da Economia. Possui mais de 25 anos de experiência na conceção, implementação e gestão de sistemas de incentivos para o I&D, inovação, Qualificação de PME e internacionalização, consolidada em várias funções de coordenação e direção no IAPMEI e na AICEP (ex-ICEP) onde promoveu vários projetos de transformação digital ligados à gestão de sistemas de incentivos, tendo sido... Ler Mais..

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