Opinião

A importância do Contabilista na atual sociedade económica

José Araújo, contabilista e sócio da J.Araújo

Os contabilistas, enquanto profissionais qualificados com competências alargadas nas áreas de contabilidade, fiscalidade, reporte e gestão financeira, controlo interno e sistemas de informação, entre outras funções, são parceiros da administração que planeia os negócios e as atividades.

Também medem os resultados das decisões, por aplicação de princípios, normas e técnicas; ajudam no controlo das atividades; e, aconselham quanto ao futuro, com o suporte no cumprimento de deveres legais das entidades com quem colaboram, seja em regime de trabalho dependente, independente ou através de empresas de prestação de serviços. De destacar, também, o auxílio com vista à necessária competitividade e continuidade das empresas e das entidades com quem colaboram, para além de garantirem o cumprimento de deveres legais de informação.

Estas funções são relevantes, e, em tempo de crise, vitais para a tomada de decisões económicas e financeiras fundamentadas. Contudo, para poderem desempenhar as suas funções, os contabilistas necessitam de tempo e dados, premissas indispensáveis para o cabal cumprimento das suas atribuições, em atividades geradoras de valor para as organizações.

Influência da fiscalidade

Ao longo do tempo, os contabilistas têm vindo a assumir o papel de intermediários privilegiados entre a administração tributária e segurança social e as empresas e cidadãos. Cabe-lhes a assunção das funções de cumprimento (em nome destes) das normas legais aplicáveis e entrega de informação às autoridades legais, por via declarativa. Assumem, concomitantemente, responsabilidades subsidiárias tributárias, por falta de entrega de tributos, e nas penalidades.

Esta intermediação tem sido a via adotada pela administração pública para obter cada vez mais informação, em forma declarativa e em suporte de dados, dos cidadãos e das empresas. E com isso sobrecarrega com cada vez mais obrigações, e em menor tempo de cumprimento (com consequências na quebra de qualidade do trabalho desenvolvido), os contabilistas, enquanto intermediários.

A pressão atualmente exercida, através de inúmeras obrigações mensais, com a legislação em sistemática alteração, e através de portais que não suportam o fluxo de conteúdos requerido, também tem vindo a retirar, cada vez mais, qualidade de vida aos contabilistas, assumindo-se, pelo ridículo, que estes profissionais têm obrigação de trabalhar 24h, 365 dias por ano, em prejuízo das suas vidas pessoais e familiares, e da sua saúde física e mental. A pressão já ultrapassou os limites do aceitável há muitos anos, exige-se respeito.

Se hoje, por exemplo, as declarações de IRS são preenchidas “automaticamente”, é porque os contabilistas entregam as matérias devidas para que isso aconteça. A informação tem de fluir, mas com ponderação.

Mudança de paradigma

Aos contabilistas deve ser dado tempo e condições para poderem auxiliar as organizações (empresas, organismos sem finalidades lucrativas e setor público) nas suas funções de planeamento, aplicação de normas e mensuração dos factos, controlo das atividades e produção de conteúdos que permita avaliar o passado e prever o futuro.

Para o fazer sem constrangimentos temporais, os contabilistas devem ser aliviados da sobrecarga fiscal que os impede de realizar as suas funções originais. Exige-se um calendário apropriado de cumprimento declarativo, a eliminação de redundâncias e a disponibilização de meios adequado ao seu cumprimento.

Em tempos como os que vivemos, são os contabilistas que garantem a manutenção do fluxo financeiro de que o Estado depende. Mas é importante que se perceba que estes profissionais são contratados pelas entidades para, em primeiro lugar, servirem os seus interesses em obter informação que as ajude a encontrar caminhos neste período tão complexo, que as aconselhe sobre as melhores alternativas nos negócios e nas atividades. E, a tudo isto, cabe-lhes assegurar o cumprimento das obrigações legais. Aos contabilistas é devido reconhecimento pelo seu trabalho junto das organizações.

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Com um percurso de 25 anos na área da contabilidade, José Araújo é licenciado em Auditoria pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL), Bacharel em Contabilidade e Administração pelo ISCAL, com uma Pós-Graduado em Gestão Industrial e Inovação Tecnológica, perfil de Finanças Empresariais, pelo Instituto Superior Técnico. Atualmente, sócio e gerente da firma J.Araújo, ao longo do seu percurso profissional esteve ligado a várias empresas, e também foi consultor.

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