Opinião
A importância da formação em protocolo para as empresas

Na última crónica do Link to Leaders falei na necessidade de existir um Manual de Protocolo Interno próprio para cada empresa ou instituição. Existem em Portugal muitos e bons profissionais com conhecimentos para elaborar este documento que uniformiza os procedimentos a ter dentro e fora da empresa com o objetivo de projetar sempre uma imagem positiva.
Antigamente, nomeadamente na primeira metade do século passado, a tradição dos usos sociais, ou etiqueta, era cumprida tanto em sociedade como nas empresas. Na segunda década, houve uma democratização das sociedades europeias, o que levou a uma mudança radical na forma como se passaram a gerir as empresas.
A partir dos anos 80 e do boom da comunicação, os novos empresários descobriram a importância do protocolo como afirmação de prestígio e poder, mas também como instrumento privilegiado de comunicação.
Ainda não existia em Portugal, ao contrário de Espanha, um código de conduta moderno para reger os novos relacionamentos internos e externos das empresas. Em 1997, escrevi, a pedido da Editorial Verbo, o primeiro livro sobre protocolo empresarial, onde afirmo que o “protocolo empresarial não se destina apenas a ensinar a melhor forma de receber uma pessoa ou a estabelecer o lugar em que ela se deve sentar. Serve sobretudo para que, na empresa, como na vida, cada um saiba relacionar-se e comunicar adequadamente com clientes, colaboradores, colegas e superiores”.[1]
A partir dessa data, a crescente procura de cursos de formação profissional nesta temática deveu-se sobretudo à necessidade que os empresários sentiram de se estabelecer uma uniformização de regras e normas para um melhor entendimento dos colaboradores, dentro e fora das empresas. Multiplicaram-se os cursos sobre protocolo empresarial por todo o país e o protocolo deixou de ser um exclusivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Além disso, a ordem protocolar dos cargos públicos em Portugal passou em 2006 a ter uma Lei própria, a lei nº40/2006 de 20 de Agosto – Lei das precedências do Protocolo do Estado Português. E as empresas passaram a ter de a respeitar, mesmo em cerimónias não oficiais, desde que convidassem para os seus eventos as altas entidades constantes do artº7º dessa Lei. Seguiram-se muitos cursos de formação sobre a organização de eventos com aplicação das chamadas “precedências oficiais”.
Em 2021, após a pandemia, em que a maioria dos profissionais passou a trabalhar à distância, a informalidade passou a dominar na vida familiar, social e empresarial. O protocolo teve de adaptar-se a novos tempos e novas realidades. A procura por formação nesta temática diminuiu muito porque as equipas de protocolo existentes nas empresas estavam aptas a transmitir os conhecimentos que tinham adquirido a quem entrava para a empresa.
Neste momento muitos desses profissionais estão reformados e é necessário que este tipo de formação seja dado a vários níveis. Por exemplo, no programa de integração de novos colaboradores deverá incluir-se sempre um módulo de protocolo. Outra forma, será fazer formações mais curtas para quem já tem conhecimentos neste tema poder sistematizá-los e adaptá-los à nova realidade.
O que as empresas não devem fazer é esquecer que a formação contínua contribui para o correto funcionamento das empresas, incute autoestima nos colaboradores e permite um melhor conhecimento dos valores da empresa onde prestam serviço. O protocolo empresarial veio para ficar, sendo flexível e sabendo adaptar-se a todas as realidades, não complicando a vida da empresa, mas simplificando-a.
[1] Isabel Amaral. Imagem e Sucesso, guia de protocolo empresarial para empresas (1997:22)