Opinião

A importância da formação em protocolo para as empresas

Isabel Amaral, especialista em protocolo e comunicação intercultural

Na última crónica do Link to Leaders falei na necessidade de existir um Manual de Protocolo Interno próprio para cada empresa ou instituição. Existem em Portugal muitos e bons profissionais com conhecimentos para elaborar este documento que uniformiza os procedimentos a ter dentro e fora da empresa com o objetivo de projetar sempre uma imagem positiva.

Antigamente, nomeadamente na primeira metade do século passado, a tradição dos usos sociais, ou etiqueta, era cumprida tanto em sociedade como nas empresas. Na segunda década, houve uma democratização das sociedades europeias, o que levou a uma mudança radical na forma como se passaram a gerir as empresas.

A partir dos anos 80 e do boom da comunicação, os novos empresários descobriram a importância do protocolo como afirmação de prestígio e  poder, mas também como instrumento privilegiado de comunicação.

Ainda não existia em Portugal, ao contrário de Espanha, um código de conduta  moderno para reger os novos relacionamentos internos e externos das empresas. Em 1997, escrevi, a pedido da Editorial Verbo, o primeiro livro sobre protocolo empresarial,  onde  afirmo que o  “protocolo empresarial não se destina apenas a ensinar a melhor forma de receber uma pessoa ou a estabelecer o lugar em que ela se deve sentar. Serve sobretudo para que, na empresa, como na vida, cada um saiba relacionar-se e comunicar adequadamente com clientes, colaboradores, colegas e superiores”.[1]

A partir dessa data, a crescente procura de cursos de formação profissional nesta temática deveu-se sobretudo à necessidade que os empresários sentiram de se estabelecer uma uniformização de regras e normas para um melhor entendimento  dos colaboradores, dentro e fora das empresas. Multiplicaram-se os cursos sobre protocolo empresarial por todo o país e o protocolo deixou de ser um exclusivo do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Além disso, a ordem protocolar dos cargos públicos em Portugal passou em 2006 a ter uma Lei própria, a lei nº40/2006 de 20 de Agosto – Lei das precedências do Protocolo do Estado Português. E as empresas passaram a ter de a respeitar, mesmo em cerimónias não oficiais, desde que convidassem para os seus eventos as altas entidades constantes do artº7º dessa Lei. Seguiram-se muitos cursos de formação sobre a organização de eventos  com aplicação das chamadas “precedências oficiais”.

Em 2021, após a pandemia, em que a maioria dos profissionais passou a trabalhar à distância, a informalidade passou a dominar na vida familiar, social e empresarial. O protocolo teve de adaptar-se a novos tempos e novas realidades. A procura por formação nesta temática diminuiu muito porque as equipas de protocolo existentes nas empresas estavam aptas a transmitir os conhecimentos que tinham adquirido a quem entrava para a empresa.

Neste momento muitos desses profissionais estão reformados e é necessário que este tipo de formação seja dado a vários níveis. Por exemplo, no programa de integração de novos colaboradores deverá incluir-se sempre um módulo de protocolo. Outra forma, será fazer formações mais curtas para quem já tem  conhecimentos neste tema poder sistematizá-los e  adaptá-los à nova realidade.

O  que as empresas não devem fazer é esquecer  que a formação contínua contribui para o correto funcionamento das empresas, incute autoestima nos colaboradores e permite um melhor conhecimento dos valores da empresa onde prestam serviço. O protocolo empresarial veio para ficar, sendo flexível e sabendo adaptar-se a todas as realidades, não complicando a vida da empresa, mas simplificando-a.

[1] Isabel Amaral. Imagem e Sucesso, guia de protocolo empresarial para empresas (1997:22)

Comentários
Isabel Amaral

Isabel Amaral

Isabel Amaral é Presidente Emérita da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo que fundou em 2005 e Investigadora do Instituto do Oriente (ISCSP-Universidade de Lisboa), desde 2013. É oradora internacional, empresária, coach executiva, docente em universidades portuguesas e estrangeiras, palestrante e conferencista, em temas como Imagem, Protocolo e Comunicação Multicultural. Como formadora de protocolo, imagem e comunicação intercultural, assegurou a organização e monitoria de diversos cursos em Portugal, Angola, Cabo Verde, Namíbia. Espanha, Bélgica, Países Baixos e República Popular da... Ler Mais..

Artigos Relacionados