Opinião
A competitividade do desporto é uma aliada do mundo profissional

Quantos de nós fomos alunos dedicados que sentíamos não ter tempo para estudar para todos os testes e complementar com a capacidade para entregar os “N” trabalhos solicitados? Ainda assim, tínhamos colegas que tinham disponibilidade para tudo isso, que eram ainda atletas federados e dedicados a um determinado desporto.
O desporto a nível de competição transporta para o mundo profissional uma capacidade de gestão de tempo que muitas vezes não conseguimos visualizar até esse dia chegar.
A nível profissional e com a extenuante comunicação e pressão social de que cada vez mais temos que ter uma vida profissional e pessoal ativa e dinâmica, obriga-nos a acreditar que trabalhar após as 18h é algo irresponsável e incomportável. Será assim tão irresponsável, visto que durante a nossa jornada laboral protelamos em demasiado?
Existindo uma dedicação a um desporto de competição, seja ele um desporto de equipa (futebol, padel…), ou individual (atletismo, natação, triatlo…) existirá menor capacidade de protelar os temas, pois o tempo pessoal está dedicado a algo igualmente importante na vida de cada um.
A ciência por detrás do empirismo
As endorfinas, vulgarmente denominadas “Hormonas da Felicidade” são libertadas com a prática desportiva e permitem uma sensação de bem-estar e felicidade que poderá variar entre uma a duas horas, como a maioria dos estudos científicos indica, havendo até estudos que apontam essa sensação prolongar-se até 72h.
Aliada à libertação de endorfinas conseguimos trazer também para o mundo profissional o foco, a resiliência e a competitividade do desporto.
Qualquer responsável de uma organização procura estas qualidades em qualquer um dos seus profissionais. Um colaborador feliz é um colaborador mais produtivo.
A competição funcionará aliada ao mundo profissional e assim terá de ser! Cada vez mais as instituições incitam à prática da atividade física, pois são cientificamente reconhecidas as mais-valias dessa mesma atividade.
A entrada no mundo do triatlo obrigou-me, a nível pessoal, a uma disciplina exemplar. Ao ter treinos de natação de uma hora, a iniciar às 6h20 da manhã, permite-me em vários dias da semana uma chegada à ADENTIS bem antes das 8h.
Esse período de cerca de uma hora de trabalho, praticamente sozinho no escritório, antes de toda a correria e agitação habitual de um escritório de “lobos”, permite um pico de produtividade muitas vezes inalcançável num horário laboral.
Com vários dias em correria extrema, lembro-me da análise realizada por Stephen R. Covey no livro “The 7 Habits of Highly Effective People”, que descreveu detalhadamente o sucesso do trabalho em horários de menor movimento (Off-peak).
É necessário neste ponto não confundir trabalho em horas de menor movimento com horas de trabalho extra.
O lado familiar e as limitações financeiras
Claro que nem todas as pessoas terão a aptidão para praticar boxe, correr uma maratona ou praticar surf. Em muitos casos alguns dos desportos poderão até ser incompatíveis com a vida pessoal de levar filhos à escola, deslocação para o trabalho, ou mesmo por razões financeiras, entre vários outros motivos.
Lembro-me da minha iniciação ao triatlo, que requereu um investimento considerável inicial. Bicicleta, material para ciclismo, material para natação, material para corrida, inscrições, mensalidades. Era infindável a lista. Felizmente, no final de contas tudo poderia ser dividido ao longo dos meses, e apesar do investimento ser considerável não teve de ser apenas num único mês.
O segredo está em experimentar e acreditar. Tem vergonha de iniciar algo do zero e sozinho/a? Excelente, é uma oportunidade para convencer o seu amigo/a para o/a acompanhar e experimentarem algo diferente e novo.
Vai permitir sentir-se melhor consigo mesmo a nível físico, libertar endorfinas que o ajudarão a sentir-se mais feliz, ter melhor concentração, menos stress, mais criatividade e aprender a gerir ainda melhor o seu tempo.