Opinião

Sucesso nas resoluções de Ano Novo

Anabela Possidónio, fundadora da Shape Your Future

Na despedida ao ano de 2023, muitos aproveitam o período para fazer o balanço do Ano e refletir sobre quais as mudanças que querem introduzir em 2024.

Quando soam as 12 badaladas, se comem as uvas-passa e se erguem os copos de espumante, muitos prometem fazer mais desporto, cuidar mais de si mesmos, estar mais tempo com aqueles que amam, trabalhar menos, estudar mais, entre muitas outras promessas. Contudo, passado este entusiasmo momentâneo, a rotina acaba por se impor, e aquelas decisões que pareciam fundamentais acabam por ser esquecidas e arquivadas como uma memória longínqua.

Se essa narrativa lhe é familiar, saiba que não está sozinho/a. Um extenso estudo (1) sobre resoluções de Ano Novo revelou que, após três meses, a taxa de sucesso na manutenção das resoluções cai para dois terços. Ao final de 12 meses, essa percentagem aproxima-se da metade.

O mesmo estudo destacou que, quando as pessoas definem claramente os seus objetivos e recebem algum tipo de suporte na implementação, o sucesso é significativamente maior. Para avaliar a importância desse suporte, o grupo foi dividido em três: um sem suporte, outro com algum suporte e um terceiro com suporte extra. Este último recebeu informações específicas para a definição adequada de objetivos (específicos, mensuráveis, alcançáveis, realistas e acionáveis), era questionado sobre o andamento da implementação e recebia informações e exercícios sobre motivação, padrões de pensamento e negatividade. Um segundo estudo (2) destaca que, para promover uma mudança de comportamento, é necessário alinhar três componentes: a capacidade, a oportunidade e a motivação para mudar.

Estes resultados são para mim uma fonte de inspiração para continuar a investir no meu desenvolvimento como coach e no trabalho que desenvolvo com jovens no âmbito da Shape Your Future. Nesse sentido, e por forma testemunhar aquilo que os estudos acima ressalvam, deixem-me partilhar a história da Maria. Apesar de boa aluna, era pouco empenhada e os resultados eram pouco consistentes. Começou a estudar antes do ano letivo ter início, mas as diversas distrações fizeram com que o seu objetivo rapidamente fracassasse. Quando chegou até nós estava completamente perdida sobre o curso que ia tirar, os resultados estavam abaixo do seu potencial e a média comprometida. Os exames eram no final do ano letivo e também não era claro quais iria fazer.

Ao realizar o programa Jump, ganhou finalmente claridade sobre o que queria efetivamente estudar e onde o queria fazer. Em cima da mesa tinha a média de acesso, a sua média de 10.º e 1.1º ano (que ainda ia a tempo de tentar alterar) e que notas teria que ter nos exames que ia realizar nesse ano para conseguir a tão ambicionada média.

Para atingir os seus objetivos, a Maria contou com o suporte da equipa da Shape Your Future, que a ajudou a definir os seus objetivos, o seu plano de ação e a acompanhou até ao momento da candidatura. Paralelamente, a Maria potenciou a sua capacidade, percebeu que não podia desperdiçar a oportunidade, tendo sido este o verdadeiro fator que a motivou a mudar. Tornou-se numa aluna mais aplicada e consistente, teve excelentes notas nos exames e entrou no 12.º ano já muito segura relativamente ao sucesso da sua candidatura.

Esta é uma pequena história que ilustra a importância de termos claro onde queremos chegar e o que é necessário para chegar lá!
Tendo isto em consideração, olhe outra vez para a sua lista de resoluções de Ano Novo e questione-se sobre a capacidade, a oportunidade e a motivação intrínseca que sente relativamente a cada uma e quem a/o pode ajudar a chegar lá!

Feliz 2024!

(1) Oscarsson, M., Carlbring, P., Andersson, G., & Rozental, A. (2020). A large-scale experiment on New Year’s resolutions: Approach-oriented goals are more successful than avoidance-oriented goals. PLOS ONE, 15(12), e0234097. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0234097

(2) Michie, S., van Stralen, M.M. & West, R. The behaviour change wheel: A new method for characterising and designing behaviour change interventions. Implementation Sci 6, 42 (2011). https://doi.org/10.1186/1748-5908-6-42

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