A cidade japonesa que ambiciona ser o Silicon Valley do Oriente

Encaixada entre as montanhas e o mar, Fukuoka é uma cidade que luta por se reinventar. Dominada por mega-conglomerados e pela pressão exercida por Tóquio, regista o índice mais acelerado de crescimento no Japão, ambicionando ser a resposta japonesa ao Silicon Valley norte-americano.
Apesar de ter fama de ser um país altamente tecnológico, a verdade é que o Japão tem dificuldade em crescer na área das start-ups. A terceira economia mais poderosa do mundo tem apenas um “unicórnio” – uma empresa privada avaliada em mais de um milhão de dólares – o que é escasso quando comparada com as 127 registadas nos EUA e as 78 da sua vizinha China.
Mas Soichiro Takashima, o presidente da câmara de Fukuoka ,quer transformar esta realidade e está convencido que a sua cidade tem todos os ingredientes necessários para se tornar semelhante à realidade inovadora que se vive na costa ocidental dos EUA. Segundo as suas declarações à BBC, “a presença de start-ups criadoras de inovação e valor é fundamental para quebrar esta estagnação. Com isto em mente promovi o apoio a start-ups como estratégia de crescimento da nossa cidade”.
O seu trabalho já deu frutos. Em 2014 o governo central acedeu ao seu pedido e concedeu-lhe o título de “zona especial de estratégia nacional” para start-ups, facto que lhe permitiu reduzir os impostos corporativos na área dos novos negócios e criar vistos especiais para empreendedores estrangeiros. Este estatuto também lhe deu uma maior flexibilidade nas regras de planeamento que permitiram a reconstrução do centro da cidade e uma simplificação do processos de licenciamento para experiências e demonstrações tecnológicas na área da “Internet of Things” (IoT).
A renovação da imagem da cidade criou um burburinho significativo tanto na imprensa local, como internacional. Contudo, apesar da onda de positivismo gerado, existem ainda dois ingredientes fundamentais que precisam de ser melhorados – talento e financiamento. “O capital de risco disponível em Fukuoka é ainda limitado” explica o empreendedor francês a viver na cidade, Thomas Pouplin. Este aspeto faz de Fukuoka o local ideal para lançar uma empresa mas não tão apetecível quando chega a altura de a fazer crescer.
Takashima tem consciência que o desenvolvimento de um ecossistema de talento, experiência e financiamentos necessários para apoiar o “laboratório vivo” que ambiciona criar leva o seu tempo. Mas, a combinação única que a cidade conseguiu criar de energia empreendedora, qualidade de vida e apoio governamental torna-a num local apetecível para todos os que estão determinados em fazer parte da construção de um futuro mais habitável.