Opinião
A beleza do pensamento

O pensamento é talvez a faculdade mais complexa da condição humana. É ele que nos permite processar informação, interpretar o mundo e refletir sobre a nossa existência. E isto já é imenso.
Apesar de pensarmos que uma sociedade aberta e um sistema político democrático permitem a liberdade de pensamento, a verdade é que vivemos condicionados sob uma série de limitações que formatam o nosso pensamento. São disso exemplo a cultura, a educação, os meios de comunicação social, a família e até mesmo o ambiente social e económico em que estamos inseridos.
Além disso, na atualidade, as redes sociais trazem-nos conteúdos aos quais frequentemente nem podemos chamar pensamentos nem ideias, pois carecem de reflexão e ponderação.
E para piorar a situação, sabe-se que o ser humano procura mais avidamente os argumentos que dão razão e confirmam os seus pensamentos do que aqueles que questionam e põem em causa as suas convicções.
Ora, os algoritmos das redes sociais são desenvolvidos para evidenciar conteúdos que geram mais reações, partilhas e comentários, reforçando os interesses e opiniões já existentes, criando uma “bolha”, onde as pessoas são expostas repetidamente a conteúdos que confirmam as suas visões e pontos de vista, afastando e marginalizando ideias divergentes e contraditórias; e de forma superficial.
O pensamento humano também se distingue pela sua capacidade de reflexão crítica. Somos capazes de avaliar as nossas próprias ideias e ações, questionar suposições e rever crenças, o que nos confere a habilidade de aprender e evoluir continuamente. Essa autoconsciência é uma característica singular do pensamento humano, que envolve, não apenas a análise lógica, mas também a intuição, a imaginação e a emoção.
O problema é que, para dar uso a esta capacidade de reflexão crítica, é necessário procurar, de forma consciente, fontes de informação diversificadas com ideias divergentes e contraditórias e, muito provavelmente, fora das redes sociais. Dá trabalho, mas vale a pena o esforço, pois só utilizando o pensamento e a analise crítica podemos compreender outros pontos de vista, criar empatia com outras formas de vida e cultivar a reflexão mais aprofundada sobre questões complexas.
Para os gestores, esta capacidade e exercício são fundamentais: uma boa gestão é feita de opções contínuas que levam as equipas e as empresas a desenvolverem-se de forma positiva. E essas opções devem ser tomadas tendo em consideração a diversidade de opiniões dos decisores e os seus contraditórios.
A beleza do pensamento só existe quando desenvolvemos condições para que ele seja mais livre e menos condicionado; mais profundo e menos superficial.