Opinião
Vícios privados, públicas virtudes
No jornal Público de 6 de setembro, numa notícia depois difundida por todos os media e pelas redes sociais diz-se, com um tom implicitamente negativo, que o “…Estado gastou 218 milhões em testes PCR feitos por laboratórios privados…”. Este tema deu azo às habituais diatribes contra os lucros dos privados e a exploração que os mesmos fazem dos problemas de saúde dos portugueses.
Ora, que se saiba, não vivemos em regime socialista e para além do pagamento dos ordenados aos funcionários públicos toda a restante despesa de saúde decorre necessariamente da aquisição de bens e serviços a entidades privadas, sejam medicamentos, material de higiene e limpeza ou serviços especializados.
É óbvio que em todos eles é de esperar que os prestadores de serviços façam as suas vendas com uma margem comercial mínima até, porque sem tal estariam condenados à ruína. Sabemos que, no final, é isso que os políticas de esquerda mais radical mais almejam como forma de impor a tão “brilhante” sociedade socialista.
Seria, por isso, talvez mais interessante que essas notícias se dedicassem a analisar os níveis de eficiência dos serviços adquiridos e os comparassem com a eficiência dos serviços diretamente geridos pela máquina estatal.
Aí estaríamos certamente a evoluir no bom caminho: determinar, a cada momento, as formas eficientes de gerir recursos. Sendo certo que tais análises também nos permitiriam determinar se, na realidade, os serviços contratados a privados estão a ser devidamente pagos ou não.
Infelizmente, é bem mais fácil atirar para a frente de todos os pagamentos a privados como um mal em si: vende bem para a boa consciência esquerdista que predomina nos tempos correntes, mas tal conduzir-nos-á a um futuro crescentemente miserabilista.
Estranho que o Público seja arauto de tais diatribes quando a sua sobrevivência apenas é possível à custa da subsidiação permanente do Grupo SONAE. Pela suas receitas apenas, com os elevados custos que gera, há muito que teria falido.








