Qual o impacto da pandemia nas start-ups nacionais? O inquérito da Three51 revela pistas

A análise envolveu 21 perguntas a start-ups baseadas em Portugal e deixa algumas pistas sobre como a Covid -19 afetou o ecossistema nacional de start-ups.

O propósito da pesquisa desenvolvida pela Three51 é avaliar o impacto da pandemia Covid-19 no ecossistema de start-ups portuguesas. Assim, além de caracterizar as start-ups participantes, as suas equipas, produtos, modelos de negócio e financiamento, a pesquisa centra-se no impacto direto da pandemia, nomeadamente no negócio e no financiamento, e na reação das start-ups.

As conclusões da pesquisa resultaram das respostas das start-ups ao inquérito realizado entre 18 e 31 de maio deste ano, através de um formulário anónimo. A amostra envolveu 51 start-ups e, geograficamente, abrangeu Lisboa (53,2%), Norte e Centro (36,2%) – com o Porto a representar 12,8% – e Açores & Madeira (8,5%).

A análise da Three51 contemplou 14 setores de atividade. Os de Energia & Sustentabilidade, Viagens & Turismo e Alimentação & Bebidas representaram 47% das respostas. Os restantes estão distribuídos por 10 outros setores, desde Educação, Marketing & Publicidade, Medicina & Saúde, Imobiliário e Tech & Digital.

No item equipas, o inquérito revela que, como esperado, a maioria das start-up tem equipas pequenas: 68,6% têm até 4 empregados e 23,5% até 10. Apenas 3,9% referiram ter mais de 20 empregados.

A maioria dos inquiridos estão focados na oferta de Serviços apoiados por Apps e outros software de desenvolvimento. As maiores categorias de produtos das start-ups incluem hardware, nomeadamente para Energy & Sustentabilidade e Medicina & Projetos de Saúde. As start-ups de Materiais e Produtos são principalmente focadas na área de moda.

Quanto ao estágio dos projetos, 45,1% já foram lançados, 21,6% estão na fase inicial de lançamento, 2% na fase de pesquisa e desenvolvimento, mais 2% na fase de ideação. 7,8% dos inquiridos estão na fase pré-MVP.

Outro dos itens contemplados no inquérito tem a ver com as fontes de financiamento e, neste caso, constatou, por exemplo, que 52,9% das start-ups recorre a financiamento próprio, 35,3% a bussiness angels, 19,6% a venture capital, 11,8% a amigos e família e 7,8% a empréstimos bancários. Estas acabam por ser as formas mais revelantes de conseguir verbas.

No que concerne à fase financiamento, 80,4% dos projetos são early stage, 51% seed e 29,4% pre-seed. Só uma pequena percentagem (5,9%) atingiu a Série A.

O impacto da pandemia

O impacto da Covid-19 atingiu fortemente o ecossistema de start-ups portuguesas. 70,6% de todos os inquiridos reportam impacto negativo, mas apesar de tudo 7,8% dos inquiridos reconhecem um aumento real dos negócios.

Os business angels são a maior fonte de financiamento (35,3%), seguida de venture capital (19,6%) e de concessões e subsídios (19,6%), embora mais de 50% incluam também o autofinanciamento.

Uma percentagem significativa de start-ups considera o financiamento (56,9%) um dos maiores desafios. As vendas (62,7%), o marketing (33,3%) e a estratégia (27,5%), são também grandes desafios para as start-ups. A reação à Covid-19 centrou-se principalmente na redução de custos (54,9%), mas o pensamento criativo levou as start-ups a apostarem em novos modelos de negócio (15,4%), novos mercados (17,6%) e novos produtos (27,5%) de forma a adaptarem-se à nova realidade.

As medidas de apoio do Governo não são relevantes para 21,6% dos inquiridos. Por outro lado, 39,2% dos inquiridos também não são elegíveis para apoio. Relativamente ao futuro, a maioria das start-ups espera que a recuperação económica comece nos próximos 12 meses e destaca a necessidade de um acesso mais fácil e rápido ao financiamento e apoio, não só ao investimento direto, mas também às operações e equipas diárias.

Colaboração, networking, incubação e construção de empreendimentos são também algumas necessidades mencionadas. O digital e o online é urgente e o presente para todas as empresas.

A constituição de equipas (27,5%), as operações diárias (19,6%) e o desenvolvimento (19,6%) são as próximas áreas desafiantes para as start-ups. Relativamente à necessidade de suporte efetivo no pós-Covid, as palavras chave mais referidas foram financiamento, apoio e acesso.

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