4 situações em que o investimento não é o caminho para uma start-up

Nos dias que correm, a procura de investidores de capital de risco surge na mente dos empreendedores quando a start-up ainda é apenas uma ideia. Mas será sempre este o caminho certo?

Hoje é tão comum falar numa start-up como no investimento que já levantaram ou querem levantar. Mas são muitos os investidores que alertam para o facto de nem sempre ser este o caminho certo para uma start-up.

O investimento deve apenas ser procurado na altura certa do crescimento de uma start-up e, como tudo na vida, acarreta alterações que podem ser tão benéficas como prejudiciais para a empresa, dependendo da realidade em que se encontra.

Boris Golden, diretor da Partech Ventures, referiu que “as start-ups não percebem, por vezes, como é raro serem interessantes para um investidor. Apenas uma pequena percentagem das empresas o são. Estas precisam de ter duas coisas: terem um potencial enorme de se tornarem num unicórnio (uma empresa avaliada acima de um bilião de dólares); terem a ambição de o conseguir”.

O Tech World reuniu quatro situações em que uma start-up não deve seguir a via do capital de risco (VC):

– Não procura crescer rapidamente

Os VC pretendem um rápido crescimento, para conseguirem um rápido retorno do seu investimento. Se isto não reflete o futuro próximo da sua start-up, provavelmente deverá evitar esta via de financiamento.

Luis Hanemann, sócio da e.ventures, refere que “penso que, se optarem pela via do VC, terão de ter um plano muito agressivo de crescimento. Se são mais o tipo de fundadores que prefere um crescimento mais gradual e sólido, provavelmente não deverão abordar os VC. Estes destinam-se a um determinado tipo de necessidade nos negócios”.

Omri Benayoun, sócio da Partech Ventures, acrescenta que “pela sua natureza, os VC procuram um bom retorno: 15 a 20 por cento. Tendo em conta o crescimento da economia, não é uma opção para todos”.

– Pretende manter o controlo sobre a sua start-up

Nikki Albano criou a Reviews.co.uk (conta com 4 mil clientes que incluem a Ocado e a GoCompare) com o seu marido, em 2011, mas tomaram a decisão de não seguir pela via do financiamento com VC.

“Falámos com alguns VC logo no início da atividade, mas percebemos que estes não partilhavam a nossa paixão pelo negócio e pelo caminho que queríamos seguir, pelo que decidimos que o investimento de VC não era o certo para nós”, confessou Nikki.

“É um processo que consome imenso tempo e acreditamos que esse tempo pode ser melhor aplicado noutra solução. Recebemos ofertas de compra da empresa, mas nem sequer as considerámos. Tínhamos acabado de começar”, acrescentou Nikki.

Também os VC partilham esta mesma ideia. Omri Benayoun, sócio da Partech Ventures, admite que “poderão preferir evitar os VC, caso queiram manter o controlo. Juntar-se com investidores significa que conseguirá capital e aconselhamento, mas também que limitará a sua liberdade”.

– Ainda não está suficientemente estabelecido

Embora os VC percebam que os empreendedores procuram investimento o mais cedo possível, tal não significa que o devam fazer logo a seguir a registarem a empresa.

David J Brown, fundador e CEO da tecnológica Ve Interactive, refere que “Qualquer negócio que não esteja pronto ou não tenha um negócio contínuo, é visto, frequentemente, como um potencial falhanço por um VC que começará a impor medidas de controlo, o que vai acabar rapidamente com a inovação e a flexibilidade de um negócio e pode levá-lo à ruina”.

– É normal evitar o financiamento por VC

Por vezes, acontece não haver uma concordância entre os VC e as expetativas dos fundadores, quando estão em negociações.

Golden, da Partech Ventures, refere que “Evitar-se-iam muitas fricções entre os VC e os empreendedores, se todos estivessem esclarecidos sobre quando é e não é adequado seguir pelo investimento por VC. Muitos empreendedores ficam muito desapontados quando negoceiam com VC, porque perdem imenso tempo sem conseguirem captar o interesse destes”.

“Para que tal não aconteça, dever-se-á ter em conta como funciona o modelo de negócio dos VC. Quando uma start-up levanta 1 milhão numa ronda de VC para um estádio inicial, tal significa que a expectativa é de conseguir desinvestir, eventualmente, por 100 milhões. Se acham que conseguem fazê-lo, contactem os VC. Mas se acham que não, nenhum bom VC fará esse investimento, é uma questão de matemática”, explica Golden.

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