Cidades inteligentes podem conseguir maior retorno financeiro

A Deloitte apresentou recentemente um estudo sobre o impacto das mudanças tecnológicas, económicas e demográficas em indústrias, cidades e empresas. Este ano, o investimento em smart cities deverá aumentar 14%.

Apresentados no último Smart City Expo World Congress (SCEWC) em Barcelona, os dados de um estudo sobre smart cities apontam para que as cidades do mundo inteiro possam alcançar 60 mil milhões de dólares de retorno de investimento das smart cities.

O estudo reúne um benchmarking de 100 cidades, dados e insights de líderes urbanos de smart cities de quatro grandes pilares de transformação – tecnologia, dados, cibersegurança e cidadãos conectados.

O estudo alude à existência de significativos benefícios económicos, comerciais e sociais se as cidades ficarem melhor conectadas e inteligentes, com impacto em áreas tão diferentes como a mobilidade, a saúde, segurança pública, governo, empresas e, consequentemente, na vida de residentes e visitantes das cidades.

Mas, de acordo com os resultados da Deloitte, o eventual retorno financeiro é apenas um dos aspetos  associados  às cidades inteligentes, já que também  há a destacar os benefícios sociais e ambientais entre os quais a dimimuição da criminalidade e do congestionamento, bem como o progresso na saúde pública e no nível de vida dos cidadãos.

Segundo esta análise, 43% das cidades pesquisadas (e 52% dos city líderes) estariam dispostas a investir num projeto apenas com benefícios sociais e 38% espera obter benefícios intangíveis que não podem ser medidos através do ROI.  De acordo com Miguel Eiras Antunes, Líder global de Smart Cities na Deloitte, “as cidades esperam, em média, aumentar os seus investimentos em Smart City em 14% no próximo ano”.

O estudo classificou as cidades de acordo com três estados – implementadores, promotores e líderes – e assinala que os investimentos em Internet of Things (IoT) irão duplicar nos próximos anos para o meio ambiente e crescerão 50% para edifícios e espaços públicos, energia e eletricidade e gestão de água e resíduos.

Refira-se que numa cidade inteligente não está apenas em causa a adoção de tecnologia, mas também os vínculos comerciais com outras cidades e países, além do desenvolvimento de parcerias com os ecossistemas locais e globais de comunidades académicas e comerciais.

A pesquisa da Deloitte refere que, por exemplo, 48% das cidades analisadas trabalham com instituições académicas para encontrar soluções de Smart Cities. Por outro lado, 57% das cidades trabalha com empresas e outras entidades não públicas para reunir dados.

Outros aspetos a destacar prendem-se com a chamada “revolução verde” e com a mobilidade. Ou seja, as cidades são um elemento muito importante no combate às alterações climáticas, sendo responsáveis pela emissão de mais de 60% das emissões de gases de efeito de estufa a nível mundial. Por isso, estão a alinhar o seu propósito com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas em prol de mundo mais verde. Gestão de recursos e utilização de dados para melhorar a eficiência nos serviços de resíduos, através da otimização da eficiência da recolha, redução do tempo de espera e gestão da equipa em tempo real, recurso a energia limpa e armazenamento de energia, através de redes inteligentes e criação de um modelo de mobilidade efetiva, são alguns dos eixos de atuação das cidades na revolução Verde.

“Estima-se que 70% da população mundial irá viver em áreas urbanas até 2050, e 90% do crescimento previsto irá estar concentrado na Ásia e África. Apesar das cidades ocuparem 3% do solo terrestre, são responsáveis pelo consumo de 78% da energia do mundo e pela produção de quase dois terços da poluição mundial. Através das tecnologias das Smart Cities, é possível reduzir 90% das emissões das cidades no mundo inteiro e, por esta razão, é urgente acelerar o processo de utilização destas soluções” explicou Miguel Eiras Antunes.

E Portugal?
Na ótica do líder global de Smart Cities na Deloitte, “Portugal tem todas as condições para ser pioneiro a nível global na área das Smart Cities”. Lembrou o caso de sucesso de Cascais,  cujo projeto foi alvo de atenção pelo Fórum Económico Mundial, que veio a Portugal para estudar o sistema integrado de mobilidade do município, assim como as transformações ocorridas no setor da mobilidade em Lisboa e o investimento realizado na transição digital do país, fatores que “criam todas as condições para desenvolver em Portugal produtos tecnológicos internacionalizáveis capazes de serem exemplos a nível global”.

Miguel Eiras Antunes considera mesmo que o país tem a dimensão adequada para com uma estratégia concertada a nível nacional, poder ambicionar “vir a ser uma referência, enquanto Smart Nation, à semelhança de Singapura”.

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