Como as start-ups estão a ajudar os idosos a combater a solidão

Há cada vez mais start-ups a apresentarem soluções para melhorar o dia a dia dos idosos. A Papa e a Mon Ami, sediadas nos EUA, são disso exemplo, já que procuram dar mais alegria, ou pelo menos companhia, aos que se entregam à solidão.
Andrew Parker apercebeu-se que o seu avô sofria de demência precoce e que precisava de mais apoio do que aquele que os serviços tradicionais ao domicílio podiam dar. Com base nesta vivência, e após ligar o avô a um estudante universitário local na área de Miami para o ajudar no dia a dia, nasceu a ideia de criar um serviço que ajudasse a juntar duas gerações. A Papa (o nome como a família tratava o avô) nasceu em 2016, apresentando-se como uma empresa de saúde destinada a combater a solidão e o isolamento entre os idosos. A empresa usa ferramentas digitais, como um site, aplicação móvel e call center, para juntar os idosos a estudantes universitários.
Mas a Papa não é a única start-up norte-americana a responder às necessidades sociais dos idosos. Faz parte de uma tendência crescente de empresas que começa a atrair investidores, como a Mon Ami, sediada na Califórnia, que anunciou recentemente uma ronda de financiamento semente de 3,4 milhões de dólares (3 milhões de euros). A ronda de financiamento foi liderada por empresas como a Freestyle Ventures, a Cowboy Ventures, a Maverick Ventures, a Felicis Ventures e ainda o business angel Bruce Dunlevi. A Mon Ami também liga estudantes universitários a idosos através de visitas sociais. Os cofundadores Joy Zhang e Madeline Dangerfield-Cha conheceram-se na Stanford Business School e lançaram a start-up em 2018.
Uma outra staet-up, a israelita ElliQ, levantou 22 milhões de dólares (19,8 milhões de euros) em 2018, em capital de risco, para um robot que o descreveu como um “companheiro para um envelhecimento mais feliz” e um “companheiro digital”. O seu objetivo é facilitar a ligação dos idosos à família, aos amigos e ao mundo digital em geral.
Usar a tecnologia para promover uma ligação humana
Pesquisas recente sobre a “epidemia da solidão” apontam para uma correlação entre isolamento social e a mortalidade. As pessoas solitárias têm mais de 50% de hipóteses de morrer prematuramente do que aquelas com relacionamentos sociais saudáveis, de acordo com um estudo de 2010.
Uma outra pesquisa conduzida pela seguradora de saúde Cigna em 2018 constatou que quase metade dos norte-americanos relata que se sentem sozinhos ou isolados. Os 75 milhões de millennials e adultos da geração Z (entre 18 e 37 anos de idade) estão mais solitários do que qualquer outro grupo demográfico dos EUA, de acordo com a mesma pesquisa.
Atualmente, a empresa de Andrew Parker conta com 3.500 estudantes universitários de enfermagem e medicina, conhecidos como “Papa Pals”, para dar apoio a adultos mais velhos que precisam de assistência em transporte, tarefas domésticas, aulas de tecnologia e outros serviços, noticia a FierceHealthcare.
Tanto a start-up Papa, como a Mon Ami procedem a rigorosas avaliações dos antecedentes dos companheiros dos idosos. Os “Papa Pals”, por exemplo, são submetidos a um teste de personalidade, a uma entrevista virtual, é realizada uma inspeção ao veículo e até um teste ao tom de voz para garantir que têm o “tipo de personalidade correta para um Papa Pal”. A seleção é tão rigorosa que apenas 15% dos candidatos passam a desempenhar essas funções.
A Papa está ainda a trabalhar com planos de saúde para ajudar a resolver outros problemas sociais nas visitas ao domicílio. Com os estudantes universitários, uma plataforma segura e uma aplicação móvel, a empresa é capaz de executar serviços como observadores passivos e alertar para situações de risco. Por exemplo, se um idoso não tem comida em casa ou há sinais de abuso de idosos, estas situações são rapidamente reportadas pela strat-up. No fundo o serviço apoia os membro e a família e o plano de saúde de diversas formas. A start-up revela que não pretende ficar por aqui no acompanhamento daqueles que mais precisam.